Era dessas pessoas que verbalizam o que passa pela cabeça, seja o que for, com naturalidade e simplicidade. Não vou copiar aqui os erros de grafia porque aprendi na faculdade com o professor Tezza que isso é opressão social. O importante é o interlocutor entender. Passou o recado, fechou o processo.
O processo que eu queria fechar era sexual. A "tripinha" não. Ela se referia à lingueta do bate-papo de uma rede social. Eu me empenhava para colocá-la numa armadilha que envolve ingredientes de excitação e curiosidade. Dizem que infalível — menos com mulheres que buscam homens com carrões e/ou terninhos.
Em tom confessional tentei extrair um fiapo da libido dela. Funcionou. Contou que tempos atrás ficou de conversa com um cara. Na primeira vez que saíram ela fez sexo oral nele, rolou no carro mesmo. Nem foi em servcar (como se diz em Curitiba), mas numa rua escura e sem movimento. Ela sabia que ele estava com pressa porque tinha que se encontrar com a noiva. Pensei que alguma conservadora a recriminaria (o piegas "não faço com os outros o que não gostaria que fizessem comigo"). Isso nem passou na cabeça dela. "Sabe por que eu fiz? Eu queria mesmo era ser chupada. Mas, ali, no carro, não dava. Ou até daria, mas era complicado de se ajeitar e não tínhamos tempo. Eu não dava nem chupava fazia uns três meses. Vi que ele estava excitado. Ele queria se aproveitar de mim e eu dele, não somos mais crianças. Não ia desperdiçar uma ereção que era pra mim. Dei o gostinho pra ele e fiquei com o gostinho dele."
Depois confessou que nunca foi a um motel sozinha. A bares sim. Falei que essa fantasia do motel eu não teria condições de realizar. Ela achou engraçado e aceitou como se fosse um convite. Percebi que por baixo da simplicidade rústica havia uma mente arguta e cínica. Puxei pela tripinha.
3 comentários:
Muitas vezes as mulheres esperam ansiosamente por essas tripinhas rsrs,
Conto diferente do seu estilo, com um que de sonsidade feminina, adorei a frase dos gostinhos.
A frase do gostinho ganhamos de presente. Não sei se não estragamos algum escrito poderoso de quem presenteou... Em tempo: MUITO OBRIGADO!
Conhecemos só uma pessoa que consegue escrever amanhã um continho pra publicar hoje.
Corrigimos antes que percebessem e soltassem o verbo.
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