Começava sem aviso. Um pequeno grupo se posicionava ao redor de uma passagem qualquer: um corredor, a entrada de uma sala, um canto do pátio. Ficavam ali com cara de paisagem, sem dizer ou fazer nada. Então outros, sem convite (olhares cúmplices valem como convite?) posicionavam-se ao lado, até uns 12 a 16 formarem um corredor. A partir dali, cessava todo o tráfego no local. Porque o Corredor Polonês estava formado. Quem passasse tomaria uma série de bordoadas dos que formavam o corredor, com o que tivessem a mão, a pasta, uma blusa enrolada, pés, tapas, enfim...
Então um corajoso pegava embalo e atravessava a toda velocidade se defendendo como podia. E chegava vitorioso do outro lado, passando a fazer parte do corredor. Na sequência outros tomavam coragem e atravessavam.
A coisa ia assim, brincadeira civilizada, até o momento em que tudo virava baderna (estapeamento geral) ou um inspetor aparecia. Aí o corredor se dissipava e a molecada voltava a seus afazeres.
Tem gente que acha que as crianças de hoje, com seus videogames, imersas num mundo politicamente correto, é que se divertem.
Em tempo: meninas bonitas e/ou de desenvolvimento precoce eram imunes ao corredor.
Um comentário:
Ha, me fez lembrar o ensino fundamental. Saudades daquela época em que sabiíamos o que era realmente diversão da criançada!
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