terça-feira, 21 de junho de 2011

Papo de oficina

Como os mais ligados já devem saber, nesta VII Semana da Contribuição MCP vai rolar prêmio. A premiação está intimamente ligada a este conto [MCPzão!] do pessoal do blog Uma história várias mãos, que, como o nome diz, foi escrito por uma turminha [Eduardo Passos, Camila Karina, Vinícius Andrade e Roberta Fraga]. Para saber como concorrer ao prêmio, leia as regras nos comentários deste post. 

Roberto marcou de sair com sua noiva Luísa. Os dois combinaram de passar o dia juntos, mas não decidiram o que iam fazer exatamente. O encontro ficou assim indefinido porque ele queria apenas uma oportunidade de passear com o carro consertado.

Luísa ficou um pouco chateada com a falta de iniciativa do noivo para decidir entre os programas de sempre, ou seja, cinema, restaurante, praia ou motel, mas acabou deixando para lá. Os dois mal conseguem se ver. Roberto trabalha fora da cidade e só tem uma folga semanal.

Romântica que é, Luísa sempre espera ansiosa para encontrar Roberto depois de uma semana cansativa, e silenciosamente também espera um sinal de entusiasmo de Roberto. Mas hoje seria diferente, pensou Luisa. Apesar de ter um pessimismo sobre planos para encontrar Roberto, já que ele nunca decidia nada, deixava tudo por conta de Luísa. 'Hoje será diferente!', repetiu.

Já faz algum tempo, uma pulga atrás da orelha da jovem faz com que ela se pergunte sobre a razão de estar com Roberto. Ultimamente os pensamentos mais comuns na cabeça de Luísa são 'ele liga mais para o carro do que para mim?' e 'como vai ser isso quando eu deixar de ser bonita?'.

Roberto, é claro, não ligava para isso. Carro consertado, dia de folga, uma noiva gostosa. Isso tudo ficava repetindo na cabeça dele como um mantra. E nem dá para saber se a ordem dos pensamentos tem algo a ver com ordem de importância. No entanto, Roberto não deveria demonstrar tanta tranquilidade. Ele ainda não sabia de uma coisa.

A sua rotina de trabalho fez com que ele se distanciasse da Luísa, mas não apenas fisicamente. Quando ele deixou o carro para consertar perto da casa da Luísa, não pensou em como isso estragaria sua folga e seu noivado. O mecânico, apesar de novo na oficina, é antigo morador do bairro. Sabe como é, Luísa passando as semanas sozinhas, passando todos os dias em frente à oficina e o Zé Maurício lá, todo dia de olho nela.

Na véspera do encontro dos noivos, por coincidência, Roberto acabou deixando o carro na oficina do Zé Maurício. Depois de explicar o problema do carro, o mecânico começou a prestar atenção na vida do cliente. Noiva que mora aqui perto, uma semana longe, é isso mesmo. Ele é que tá pegando aquela loira do prédio aqui do lado. Então, para estragar o encontro dos dois, ele não fez o serviço completo, velho costume dos mecânicos, mas dessa vez por um motivo mais do que particular.

No dia seguinte, o resultado. Manchete em todos os jornais. Carro capota e casal morre na Brasil. Zé nem ficou sabendo, mas sentiu uma falta de ver a loira todos os dias.

Mais tarde, enquanto lia a manchete nos jornais da banca, Zé Maurício não parou um minuto sequer para pensar se fora egoísta ou invejoso. Agiu, como agem os impetuosos, justificando sua atitude, um tanto macabra, um tanto necessária. Tampouco ficou a se vangloriar em silêncio ao ouvir o burburinho dos comentários dos passantes ante a gravidade do acidente que vitimou o jovem casal. Cada um dos comentários tecia uma nova história de vida diferente para aquele casal, dando conta de uma paixão, que ao cabo dos anos, nem existia mais.

Zé Maurício pediu um exemplar do jornal, retirou-se rapidamente rumo a sua oficina mecânica e lá pôs-se a ler a notícia com seus óculos tortos sobre a face, saboreando café com leite e pão com manteiga, afinal, para ele, era apenas o começo de mais um dia com notícias ruins no jornal.

12 comentários:

Gustavo Martins disse...

O prêmio é um livro de crônicas gentilmente cedido pelo blog "Uma história, várias mãos". É muito fácil participar da promoção [para quem sabe escrever]. Para concorrer ao livro, é preciso:
1) seguir ambos os blogs [MCP e UHVM]
2) escrever um novo final para o conto "Papo de oficina"
3) enviar o novo final para edupds@gmail.com com o assunto "Novo Final para o Conto"

O melhor final será publicado no blog UHVM e nos comentários aqui deste post.

O autor ganhará este livro de crônicas.

Anônimo disse...

Que blog é esse? UHVM? Manda Link!!!

Eduardo Passos disse...

Olá, Anônimo!
O link para o UHVM é http://umahistoriavariasmaos.blogspot.com/

Paulo Francisco disse...

Gostei desta história de continuar o conto
Um abraço

cara, show o conto disse...

Cara, não vamos dar a idéia aos namorados de plantão, porque amanha é capaz de ter um artigo na tribuna:

"Namorados, após lerem o MCP "Papo de Oficina", gostaram da idéia e pegaram no flagra, sua namoradas metendo-lhe chifreS, o que parecia apenas um conto, acabou virando um massacre geral".

Show o conto cara, vou passar para minha namo ler e ela que se cuide, muita saída com as amigas.

Falow

Eduardo Passos disse...

Se vocês gostaram desse conto, depois deem uma passada lá no UHVM pra ler as outras histórias feitas a várias mãos.

http://umahistoriavariasmaos.blogspot.com/

Mr. Casanova disse...

Depois dissem que é apenas falácia.. que a inveja mata! Pois é.. o Zé nesse caso, invejando tamanho astúcia do Roberto não teve um pingo de receio, naquilo que aconteceria...

Poderia ter feito de outra forma, ter derrubado "as pranchas", "quebrado os pratos", mas certamente sua perversidade foi motivada pela inveja...

Desta feita, só nos resta comprar carros novos, e assim que der defeito trocar por outros mais novos ainda... kkkkkkk (Bom se fosse)

Eduardo Passos disse...

Ah, e o pessoal do meu blog já esteve por aqui e rolou samba!

http://minicontosperversos.blogspot.com/2011/02/samba.html

Gustavo Martins disse...

O taxado retrata a versão recomendada pelo MCP. Eduardo $ Cia.: tiramos aquele pedaço?

Eduardo Passos disse...

Hum, achei meio esquisito.

Gustavo Martins disse...

Tá booom... Mas fique registrado que tiraríamos os dois últimos parágrafos.

Gustavo Martins disse...

Falamos semana passada com o Edu, do UHVM. Sabe quantas contribuições daqui? Nenhuma.

Francamente, povo! Cadê a verve literária?

Estará a blogosfera EFETIVAMENTE morrendo?

Não vamos postar MCPs no Facebook não, viu?