Que dignidade pode brotar dessa selvageria? Enquanto ela andava na planície de chão de areia e imperfeições até rasgar os músculos das pernas e curtir a pele no sol escondendo em trapos o barrigão desidratado, eu sentia minha pele roçar naquela textura glamurosa. Éramos pessoas comuns prontas para fazer maldades extraordinárias, alimentados a vísceras de ratazanas do mato — chamar aquela secura de mato... Uma rotina de regurgitar e comer de novo o vômito.
Pequenos milagres todo dia para sobreviver. Motivados por um ódio redentor. Escapulário de espinhos em que se vê talhada uma história de corrupção que comecei a protagonizar de dentro de uma ignorante. Espere por mim, só mais um pouco, o sétimo rebento, a besta do apocalipse.
:: 03.11.2011 ::
13 comentários:
Isso é poesia
Descobri que morrer não é assim tão fácil. Mesmo num lugar onde a vida pesa sempre menos que os restos.
Fui conjurado na véspera de Todos os Santos do calendário católico - e isso não passa de uma curiosa coincidência.
Sempre volto, em diversidade de formas, para lembrá-los de um equívoco que cometeram e ninguém gosta de ser lembrado desse tipo de coisa. A cena se repete há séculos, com surpreendente regularidade.
"sou feito por um espaço não contornado por uma linha de corpo. Falta-me muito, a maior parte. Sou desprovido de quantidade de matéria viva suficiente, pela semelhança que tenho a tudo o que foi perdido" CBeM
Nossa! Quantos símbolos, esse está bem diferente mas de uma qualidade e beleza incrível. Parabéns.Terá continuação?
M.M. - Como quem não cola não sai da escola: Carlos de Britto e Mello
Muito linda sua associação
Vamdea - Não, ele começa e termibna em si
Essa o populacho precisa fritar o 'célebro' para comentar. Resultado...
Sempre curto teus contos. Mas esse, eu adorei.
Nossa, intenso... Gostei!
Olha só como é poesia:
Surgi da incessante gana daquela mulher
De sentir piladas fortes no ventre árido e raso
Piladas frouxas que muitas vezes não resvalavam nas paredes
Alavanca na carne.
Que dignidade pode brotar dessa selvageria?
Ela andava na planície de chão de areia e imperfeições
Até rasgar os músculos das pernas e curtir a pele no sol
Escondendo em trapos o barrigão desidratado
Eu sentia minha pele roçar naquela textura glamurosa
Éramos pessoas comuns prontas para fazer maldades extraordinárias
Alimentados a vísceras de ratazanas do mato
Chamar aquela secura de mato...
Uma rotina de regurgitar e comer de novo o vômito
Pequenos milagres todo dia para sobreviver
Motivados por um ódio redentor
Escapulário de espinhos em que se vê talhada uma história de corrupção
Que comecei a protagonizar de dentro de uma ignorante
Espere por mim, só mais um pouco
O sétimo rebento, a besta do apocalipse
desafortunados que viram poetas?
ficou maravilhoso
(sério, gostei MUITO MUITO mesmo)
De vez em quando é sempre bom visitar a casa velha.
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eu sempre visito, descuido meu comentar pouco. esse conto-poema chamou a minha atenção, você sabe que gosto desse tema, estilo, pegada forte
pegada forte... ai essas socialistas...
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