quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Problema com sacerdotes e sermões

Quem me conhece sabe que vou à igreja com certa frequência. Respeito o rito católico e o conforto de ser padrão em todo o mundo. Mas não gosto de padres e não me prendo aos limites de uma paróquia. Aliás, não é bem que não gosto, mas não os vejo como pessoas divinas. São como os demais viventes, com defeitos e suscetibilidades.

Por isso acredito que padres deveriam se esforçar mais para não "pecarem", o que me remete às trapalhadas do padre A., do tempo em que eu era morador recente no bairro B., em Curitiba. Uma das primeiras que presenciei foi no dia em que ele, no meio do sermão, disse que algumas famílias presentes ainda não o haviam convidado para almoçar em casa. Claro que vesti a carapuça, eu jamais convidaria.

Ora, nos sermões ele devia se limitar a interpretar os salmos, mas não, o padre A. dava lições de moral, emitia opiniões e preconceitos. Às vezes fazia pior. Numa missa de domingo convidou aqueles que não eram da paróquia (inclusive eu) que fossem ao púlpito rezar o Pai Nosso de mãos dadas. Imaginei que fosse, finalmente, um gesto de solidariedade. Acabada a oração, todos sentados, ele lascou um "Obrigado. É sempre bom lembrar que os fiéis devem frequentar as missas nas próprias paróquias e evitar passear de igreja em igreja".

Então numa segunda-feira durante o jornal da TV local deparei com a imagem noturna da polícia apreendendo um carro que rodava em velocidade na contramão da BR 277, o narrador dizendo que o motorista, um sacerdote, estava embriagado e acompanhado de um menor. Não entregaram o nome, mas me deliciei ao ver que era o padre A. Obviamente a notícia não repercutiu, a Opus-Dei deve ter entrado no circuito. Foi aí que depois de vinte anos o padre A. foi afastado da paróquia do B., mas deixou um rombo de quinze mil reais. Convenhamos que seus hábitos não deviam ser baratos.

:: 16.11.2011  ::

11 comentários:

Gustavo Martins disse...

Cada viagem, pelo menos uma linda história para contar.

M.M. disse...

Talvez padres me incomodem menos que o "ser padrão".
Nunca vi a não divindade deles como problema, pelo contrário, gosto dos que têm a consciência de que são assim.
Reza a lenda que existiu um padre despreocupado, quem diria, em meio a tanto controle e poder. Em meio a tanto controle a perder.

Ao ler "hábitos", nesse caso, só consigo me lembrar das vestimentas. E tenho uma dúvida: o hábito do padre pode ser mais ostentativo e caro de uma igreja para outra ou, nesse caso, existe também o padrão?

Eu rezo de uma maneira muito minha, não sigo padrões; não sou boa influência para um texto desses.

MM

Gustavo Martins disse...

Sim, você brincou com o significado de "hábito". Mas será que não foi isso que o autor quis fazer?

M.M. disse...

O autor é uma caixinha.

[Sr Todo Poderoso do Universo]

Sobre os sermões, gosto dos que não se limitam, sem, claro, descambarem para preconceitos e julgamentos.

Eu me confesso diretamente. Funciona pra mim.

Se eu continuar me confessando, aqui, assim, estarei à caminho de ser excomungada?

Gustavo Martins disse...

Claro que não! Este é o confessionário mais limpinho que existe. E nem precisa pagar dízimo mensal pra usar e expurgar os pecados.

Anônimo disse...

sabe aquela coisa de aceitarem o que não é convencional ou certo através do que você escreve e, daí, terem coragem para expressar seus desejos?

pois é. a pessoa pode repudiar morte e sacanagem e libertinagem e putaria, mas, nos com seus textos, passa até a respeitá-los

use isso, faz deste espaço um confessionário

Anônimo disse...

Confissões perversas... hummm.
Um perigo isso. Se o blog virar um confessionário de perversidades serei a primeira da fila.
Quanto aos ritos, dogmas e outras funções dessa ou outra religião, só servem para tentar controlar a grande massa. Coisa difícil ultimamente com toda o acesso à informação. E seus representantes são por vezes os mais perversos.
O que estaria fazendo esse pároco com o menor? Confissões, talvez.

Gustavo Martins disse...

Dispa-se da roupa de pecadora, minha filha, e conte seus pecados.

Vampira Dea disse...

Ai, ai ,ai então chegou o momento no qual o MCP entra no perigoso tema religião. Já ouvi muitas vezes que religião, futebol e politica são assuntos perigosos... Verdade, pois mudam rumos ou estagnam vidas.
Foi feito um estudo não sei onde, vi na net!? rsrsr que quanto mais estudo menos se acredita em Deus.Bem crenças a parte, honestidade tb eu acho uma maldade o celibato, vai anti a natureza humana. Pronto vou dar a minha opinião sem usar a religião, vou falar de teatro:
Na Grécia a tragédia era usada como catarse e exemplos morais para conter os instintos humanos.amor carnal entre irmãos, pais e filhos,se vc não os conhecesse? Ok as leis são ditadas de diferentes formas para manter a humanidade sob controle: A politica, a religião, militar, mídia, etc. Se desde criança não tivesse sido moldada hj seria como sou? Vcs seriam como são? Ando quebrando o molde e tenho pago um preço caro. E olha que são coisas bem simples que estou mudando...

Gustavo Martins disse...

Pessoal:

Vocês sabem que o narrador que disse isto "Quem me conhece sabe que vou à igreja com certa frequência. Respeito o rito católico e o conforto de ser padrão em todo o mundo. Mas não gosto de padres e não me prendo aos limites de uma paróquia. Aliás, não é bem que não gosto, mas não os vejo como pessoas divinas. São como os demais viventes, com defeitos e suscetibilidades." é também um personagem, não sabem?

Registre-se que a única parte do continho que se pode considerar a emissão de uma opinião é: "Não entregaram o nome, mas me deliciei ao ver que era o padre A."

Eli Carlos Vieira disse...

Confesso que tive dó do rapaz menor ao ler "deixou um rombo".
Mas no fim do texto vi que o rombo nada tinha a ver com o rapaz...uffa!