sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Opala vermelho (parte 6 - epílogo)

Eu e minha namorada conversávamos dentro do meu opala vermelho. Eu sabia que ela só confessava porque estava dopada.
"E daí? Que você havia transado com ele eu já desconfiava", eu disse, disfarçando a voz embargada.
"Foi sem proteção. Engravidei. Desculpa. Eu não quero acreditar. Eu vou tirar. Meu deus do céu, desculpa, eu vou tirar!" e desandou a chorar.

Minha namorada estava grávida. Dei-lhe um beijo demorado. Ela ficou sem ação.
"Não vai tirar coisa nenhuma. Vai ser um bebê só nosso. Alguém pra gente cuidar. Amo você". Acho que foi o momento em que me mantive mais forte em toda minha vida. Já estava tarde. Em Curitiba os domingos são extremamente silenciosos à noite. Passamos na Rua 24 Horas e comprei uma garrafa de vinho tinto. Vinho bom. "Vamos comemorar". A vida de quem ama tem que ser assim, uma comemoração atrás da outra.

Cabeceira da serra, céu estrelado. Tomamos o vinho e nos amamos escutando Lou Reed no toca-fitas do opalão vermelho. O toca-fitas que ela me deu. Ela era um Satellite of love no nosso planeta-opala. Depois do sexo nossos corpos suados esfriaram. "Vamos pegar o cobertor no porta-malas", sugeri. Desce comigo.

Ela ficou satisfeita por eu pensar em tudo. Abri o porta-malas. Estava escuro. "Me ajuda a procurar. Não tô enxergando", pedi. Ela se abaixou: "Não tem cobertor aqui..." Antes que levantasse deitei-lhe a garrafa vazia na cabeça. O golpe foi rápido e eficiente. Não desmaiou, ficou atordoada. Tranquei o porta-malas.

Minha namorada começou a chamar meu nome achando que era brincadeira. Dei a partida e levei o carro em marcha lenta até a beira do precipício. Ejetei a fita que já havia parado de tocar e coloquei no bolso. Engatei a primeira, pulei do opala em movimento até vê-lo despencar devagar montanha abaixo. Mereciam um fim digno.

:: 04.07.1995 ::

17 comentários:

Anônimo disse...

E acabou a novela galera, parabéns ao autor que conseguiu diversos acessos atraves de uma pessoa mais que especial que divulgou adoidado o blog e agora sei porque. Sucesso cara.
Ancioso para a próxima mini noveleta perversa.

Falow

Gustavo Martins disse...

Amigo Anônimo Falow: ficamos felizes em saber que gostou. Indique para os amigos!

E fique à vontade pra se revelar.

Abraço!

Anônimo disse...

uauu parabéns!estava anciosa para saber o final....e que final surpreendente

juliana disse...

parabens ficou muito bom...tenho certeza que como eu tinha muita gente curiosa para saber o final...e concerteza foi muitoooooooo surpreendente

henrique possebon disse...

Poxa, mas e o opala? Perder um carrão desses...

Maria disse...

quanta gente anCiosa, rs

vinícius disse...

e no fim das contas, a maior vítima do conto foi o Anônimo, mesmo...

Gustavo Martins disse...

Pessoal: tô sem o pendrive aqui e, portamto, sem o script de colocar link aqui nos comentários. Peço que copiem e colem no browser e vejam como a história tem relação com esta http://t.co/KPT12oNe

Anônimo disse...

ANCIOSO: Aquele que está ciente de sua ansiedade.
rs

Anônimo disse...

Meu Deus!!!

Mais que desfeixo mais sem criatividade, casinhos sem noção, mediador sem noção...

Teu blog tá bem caidinho, já vi outros posts melhores...

Abraços

C..

Gustavo Martins disse...

C.. - VTC

Anônimo disse...

Em parte me lembrou o clip de Crazy, do Aerosmith. Gostei. O final passional acabou me surpreendendo, mesmo conhecendo os seus desfechos surpreendentes. :)

bjs

Marco Oliveira disse...

Do caralho a noveleta!

Mr. Casanova disse...

Hahahahha... tbem não poderia terminar de outra forma!!

"A vida de quem ama tem que ser assim, uma comemoração atrás da outra."
Quem sabe foi essa comemoração que ele tanto aguardava...

Achei muito inteligente a novelinha... bem sarcástica e perversa como sempre! hehehe..

Lembrei de um trecho da música e do clip do Eminem (Stan)... mais ou menos neste nível!

Abraços e ótima semana.

Valéria disse...

Acho uma graça estes anônimos grosseiros que só conseguem falar o que pensam e desdenhar do blog (se é tão ruim por que vem ler?) se não mostrarem a cara. Decerto quando quando a mostram, ficam feito foca, aplaudindo o tempo todo sem entender nada, só pra ser aceito e fazer parte de alguma coisa.

Flavinha Mel disse...

Essa foi demais! Adorei! Ela bem que merecia...

Luizfst disse...

Muito bom o conto! Gosto da forma como sintetiza diversas emoções e marcas do personagem em poucas palavras. Parabéns!