quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Onde estão os amigos?

Mais um conto do Victor Hugo, que dispensa apresentações. Sensacional. Ele é um dos leitores e amigos que mais incorporam o espírito do Zé.


Pra quem não sabe, o Zé adora um boteco, e pra acompanhar os amigos encarou um de bossa nova na sexta. Cerveja vai, cerveja vem, resolveu conversar com uma das florzinhas do lugar (não, ele não tinha tomado cogu). O Zé fez de tudo, todos os gêneros e personagens, até o truque de combinar os signos, afinal queria muito aqueles lábios (principalmente os pequenos). Como acontece no basquete, foi "toco". Lavou a alma com um martelo de pinga e voltou para a mesa dos amigos. Um minuto depois estava o amigo dele conversando com a gatinha. O assunto:
— Me fala uma merda que ele te disse?
— Achei ele um fofo.
— Pô, então por que não agarrou?
— Ahh, sei lá.
— Então vou chamar o cara.
— Não, não, é que...
— Fala, fala!
— Ele é muito doidão pra mim.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Frágil

Era delicada e bonita como uma flor. Não é lugar comum, só uma comparação perfeita. Pele branquinha, cabelos compridos e luminosos e um pescoço longo, desenho perfeito. E nosso amor, ah, quando a gente se amava era intenso demais, como se além de estar dentro dela eu precisasse me fundir ao seu corpo, ver o mundo pelos seus olhos. Eu abraçava como se aquele fosse meu último refúgio na Terra.

Mas ela era pequena e delicada, mulher feita, mas muito frágil. E eu, bruto, como você pode ver. Naquele dia havia um calor a mais entre a gente. Ela se aninhou em meus braços e me amou como nunca. Ela incitou meus sentimentos mais carnais, o guerreiro e o animal eclodiram com força total. Naquela fusão desesperada, em que meus braços quase a faziam desaparecer em mim, alguma coisa aconteceu. Ela ficou lânguida, pior, ficou inerte.

Delicadamente pousei-a ao meu lado, ela não respirava. Uma mancha escura tomava conta do seu pescoço, onde antes só havia o branco mais puro. Se eu a matei, foi por amar demais.

:: 24.04.2008 ::

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Fábula sem moral

toc-toc-toc
a mocinha romântica chega à porta e pergunta "quem é?"
"é o amor!"
entusiasmada pelo sentimento nobre, há tanto aguardado, ter finalmente dado as caras, ela abre a porta ansiosa (leia mais)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Organizadinho

A certeza vinha do sangue fritando cada vez que Salete descia e subia pela espinha de suas lembranças (leia mais)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Frases VI e VII

Tudo bem que não são contos, mas são contribuições de peso. E se você, leitora, se atentar aos detalhes, tem uma historinha bem azeitada (como as de nossa preferência) por trás de cada uma delas. Estávamos nos enrolando há tempos pra publicar, mas urgiu, porque nesses tempos de profusa difusão de idéias, daqui a pouco acabam aparecento por aí "apocrifadas" a/por alguém.

"Daqui a poucos anos, eu disse poucos, os asilos e casas de repouso em Curitiba vão ser insuficientes para abrigar a maioria dos amigos que não botam a cara pra fora nem pra tomar uma gelada."
Marco Rigo, amigo e guitarrista da nossa eterna banda germinal de blues e rock'n'roll (atualmente, SSR - Sociedade Secreta do Rock)

"Mudei minha senha para o nome de uma prima minha. Mas eu tenho umas vinte e cinco primas e agora não sei qual delas é."
De nosso amigo diácono, que vive dando contribuições pro MCP, em geral indiretamente, mas que prefere (por motivos óbvios) não ser identificado; um dia a gente entrega ele, um dia a gente entrega com link e tudo!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sono inquieto

Aconteceu como um sonho de tão gostoso e inesperado, quase uma alucinação. Quero que não termine nunca, mas vejo acabar como começou. E nenhum de nós dois desatinados está preparado para o depois que vem agora. No quarto estranho de paredes curiosas só resta o conforto da cumplicidade.

Mesmo entorpecidos pela libido saciada alguma coisa não nos deixa descansar. A cada cochilo interrompido, cruzo com aqueles olhos curiosos lindos. Cada pequeno som parece uma explosão. Fica difícil entender que a culpa é da química se as peles borbulham quando se tocam.

Se ambos fazemos questão de reconfortar, de gratidão por tanta delícia, qualquer pequeno movimento é como um pecado, cada vontade noturna, proibida. Então percebo que, instintivamente, nossas almas insistem em recomeçar, mesmo que os corpos estejam esgotados. Só me conformo depois de constatar que os melhores sonhos sempre recorrem, sempre imprevisíveis.

:: 25.03.2004 ::

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Whisky vagabundo nem club soda salva

O Zé voltou de São Paulo da casa do tio magnata com uma grande novidade: whisky com club soda. O néctar dos deuses. Dá o porre na medida certa, é saudável (hidrata) e por isso mesmo garante uma manhã isenta de ressaca.

A receita: 1) copo alto, de preferência fino, com gelo mineral até a boca; 2) despeje um bom scotch 6 anos (fazer com um de 12 é crime) até 1/3 do copo; 3) complete com club soda (atenção: não é água tônica nem água mineral com gás) e voilà!, é só beber e ficar feliz.

Agitou tudo (na base do rachid, claro!) para um esquenta com a moçada antes de uma noitada numa casa badalada do Batel. Comprou o six pack da club soda, o saco de gelo e, na hora de escolher o whisky, pensou "oras, o drink é tão perfeito que nem precisa ser importado", e pegou um "gold-sei-lá-o-quê" recém lançado, que tinha um tom avermelhado atraente.

Chegou no apê do Marinelson, onde o turma já esperava. Foi um sucesso. Só debandaram para a tal casa noturna quando a garrafa acabou. Entraram animadões, todo mundo novo em folha, nem parecia que tinham bebido. Na virada das primeiras cervejas a coisa bateu e tudo aconteceu em flashes. Na lembrança do Zé: dar em cima das moças bonitas, tirar a camisa no meio da pista de dança, ser "convidado a se retirar" da casa por importunar as moças bonitas e...

Manhã seguinte, dia de trabalhar, acordou com a boca seca como se tivesse comido areia, que parecia também lhe preencher os olhos, e a cabeça rebimbocando mil bumbões de fanfarra. Se arrastou até o banheiro e vomitou vermelho fluorescente. Três aspirinas e uma lata de coca não foram suficientes para dar partida. Ligou no trabalho e deu a desculpa "entrevado na cama com dor nas costas". Se existisse uma Anauísque a turma protocolava denúncia.

:: 17.09.2008 ::

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dialogozinho "semvergonho" que retrata como as pessoas ficam criativas quando não estão sob pressão

- Que nome você daria para um 69 de beijo grego?
- O que é beijo grego?
Esclarecimento dado, alguns segundos depois a resposta, escrita num guardanapo
- Tá aqui, ó!

6009

:: 03.10.2008 ::

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Diálogo sexual de um amável casal que se odeia

Pequeno conto, grande contribuição do Fernando Ramos, parceiro nosso n'O Coletivo (o currículo dele está lá) e autor do blog Coluna Fantasma. O Fernando é vascaíno (argh!) mas fora isso é gente boníssima. Valeu Fernando! E o bafafá aqui vai começar de novo. Querem apostar?

Sabe aquelas relações que ainda só existem por conta do sexo (porque é o único momento em que não falam sobre outro assunto), dos filhos ou da falta de alguém mais interessante surgir? Então.
- Às vezes sinto asco quando vem me beijar depois de transarmos, disse ela.
- Sério? Repulsa depois do sexo ou mal hálito mesmo? - indagou o rapaz.
- Os dois. Mas o mau-hálito - ela completa fazendo careta de nojo - tem a maior parcela da culpa.
- Ah... - ele responde reticente para depois de alguns segundos de silêncio, perguntar - É mesmo tão ruim assim?
- Acredite, é. Cheira a cocô. - ela retruca olhando bem para ele e balançando a cabeça positivamente.
- Ah, tá... - outra vez responde reticente. E completa com tom de ironia e escárnio na voz - Mas aí a culpa é sua. Ou você toma banho direito ou não me pede pra te dar beijo grego.