sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não confunda onirismo com onanismo

Sob protesto, e aguardando as contribuições para a compilação de neologismos da blogosfera.
Alguém sabe dizer de que artista dos quadrinhos é essa ilustração? É do tempo da Penthouse Comix - óbvio que o balão é uma intervenção sarcástica nossa.
As divas dele sempre eram retratadas com essa roupa S&M super erotildes.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Hoje de manhã

Continho ultra-subjetivo e sensível da amiga Cristina Jones, editora da Revista InVerso. Ela escreve por música e com a alma dos cabelos ruivos. O que parece uma brisa é um turbilhão de emoções.

Um arrepio contumaz! Foi assim, que antes do meu cárcere assombrar acordei.
Cada milímetro da minha pele sentia o toque suave da seda como se fossem pequenos choques em corrente alternada. Suspiro...
A mão percorria o corpo em busca de prazer e, em chamas, me despetalava.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O dia em que banquei o avestruz

Ontem eu comi caco de vidro. O prato estourou com a comida no microondas e como não tinha mais nada na geladeira (despensa? o que é isso?), e eu alucinado de fome, separei os cacos da comida como deu. Depois, cada garfada foi incansavelmente mastigada à caça dos caquinhos menores, justamente os mais afiados. Alguns consegui filtrar nos dentes e na língua, saiu um pouco de sangue, senti o gosto na comida. Proteína que sai, proteína que entra.

Eu já tinha parado com o aguardente mas tive que tomar mais por causa da dor. Não parava de pensar naquelas pessoas que engolem pregos, alfinetes e bolas de gude. Concluí que meu caso não era tão grave.

Em algumas engolidas senti descerem alguns poucos cacos fujões que me rasparam a garganta. Quando acabei tinha um punhado de cacos avermelhados apartados e azia acima do normal, o que é grande coisa já que vivo com a maldição do estômago temperamental.

:: 05.06.2008 ::

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

30 anos

Não sou alienada, isso eu sei, mas não estou gostando dessa história de ficar velha tão cedo, de entregar os pontos para a monotonia (leia mais)


terça-feira, 19 de agosto de 2008

A moça que chupou lingüiça na festinha de formatura

A rapaziada da turma de faculdade do primo do Zé teve a idéia genial de fazer a festa de formatura numa casa de tolerância. (leia mais)


domingo, 17 de agosto de 2008

A longa jornada (de aprendizado) para o Rock In Rio - parte 3

Então juntei o suado e merecido dinheirinho de um mês de trabalho no mercado do padrinho, mochila, saco de dormir e principalmente os ingressos, e descambei com a cambada para o Rio de Janeiro para ficar na casa da tia (e primas) de um amigo. A recepção foi maravilhosa — tínhamos que nos esforçar pra não confundir a hospitalidade marcante das cariocas com a poluição lasciva de nossa mente adolescente.

Os ingressos eram para seis dos dez dias de show. O lance era chegar lá no meio da tarde, assistir a xaropada dos shows nacionais e, depois que escurecia, despirocar vendo os ídolos que, naquela época, mal na tv tínhamos visto.

O primeiro grande acontecimento dessa maratona de shows foi a chuva. Desde o primeiro dia que fomos à "cidade do rock" choveu muito e tinha barro em tudo que é canto. Os banheiros eram grandes piscinas de lama, urina e sabe-se-lá-mais-o-quê, com dez centímetros de profundidade. Não vou comentar como era o processo de lavagem/secagem das roupas e tênis, pois a lembrança é doída.

Nossa turminha era inocente (nada de cinismo aqui). Enquanto saracoteávamos turbinados por litros de pepsi, os caras ao lado acendiam uns baseadões que pareciam charuto cubano. Fora o que a gente via e não entendia.

Daí a leitora (mais uma vez) pergunta "onde está a perversão ou sexo?" Neste caso, por uma dessas ciladas da natureza humana, não precisava. Nada tirava o brilho dos nossos olhos ao ver de perto AC/DC, Ozzy, Whitesnake, Queen etc. Claro que a gente esperava ver uns peitinhos de fora como em Woodstock, devem até ter aparecido, mas não demos sorte. O máximo de nudez que vimos foi o striptease que o Angus Young (guitarrista performático do AC/DC) fez na Bad Boy Boogie, em que no final ele mostra a bundinha branca e sem graça. Mas isso ficava além do erotismo. Era gasolina derramada em nossa loucura por ver o circo pegar fogo.

:: 11.08.2008 ::

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A longa jornada (de aprendizado) para o Rock In Rio - parte 2

Quem conhece mercado do interior sabe a bagunça que é. Pilhas de caixas de entrega abarrotadas com compras do mês pra todo lado, a molecada ranhenta zanzando com tubinhos de suco de plástico que imitam carros, na porta uma máquina de sorvete italiano (aquela espuminha gelada meio sem gosto), tudo uma delícia. E eu angariando fundos para a viagem ao Rock In Rio.

Alguns dos momentos mais divertidos que eu tive era quando meu tio Gatão (o caçula do padrinho) me levava junto para fazer entrega das compras nos sítios de kombi. De tempo em tempo parávamos em algum boteco para "calibrar" (na época eu ficava ainda no guaraná) e, na volta, a kombi vinha carregada de manga, jaca, limão galego, carambola etc. que ele ganhava pra distribuir para a familiagem.

Antes de chegar ao mercado o Gatão dava uma parada na zona para conferir o material. As moças se divertiam comigo porque me achavam inocente, isso porque não liam meus pensamentos quando me davam umas pegadas pra provocar: "Olha que lindão!"

Quando acabava o expediente estafante de fazer pacotes e carregar caixas, às vezes o primo Juninho (do outro lado da família) me levava para ver umas pernocas na cidade. Teve um dia em que ele parou num posto de gasolina, foi direto num freezer horizontal e tirou uma cerveja peluda. Pra quem não sabe, é quando a garrafa fica branca de gelo ao redor. "Hoje você aprende a tomar cerveja", provocou.

Não precisa ser muito entendido para saber que uma garrafa naquele estado congela ao abrir. Mas o Juninho tinha um truque de punhetar o gargalo para tirar o gelo e cuidadosamente virar a garrafa de cabeça pra baixo antes de abrir. E só segurar a garrafa pelo gargalo (nunca pelo corpo) ao servir. Eu nunca tinha gostado da bebida amarga, mas a visão daquele copo amarelo brilhante e a sensação do líquido gelado descendo pela garganta (Lins é uma cidade muito quente e abafada) mudaram alguma coisa dentro de mim para sempre.

:: 06.08.2008 ::

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A longa jornada (de aprendizado) para o Rock In Rio

Beirando os quinze anos fui seduzido pela promessa de woodstock pós-moderno do Rock In Rio. A família sabia que não adiantava proibir, então o jeito foi dizer que não havia fundos para patrocinar. Apelei para o padrinho lá no interior de São Paulo, que sintonizado com o processo de construção de caráter em andamento lá em casa (sinceramente, não surtiu efeito) propôs que eu trabalhasse no mercado que ele gerenciava.

Mal acabaram as aulas peguei o ônibus Curitiba - Marília com baldeamento Marília - Lins num catajeca daqueles com sacos de hortifrutigranjeiros e galinha viva dentro. Fiquei instalado no conforto da casa do padrinho, mas trabalhando todo dia das nove às seis fazendo de tudo um pouco, principalmente de pacoteiro na frente do caixa, bem naquela época boa que antecede o natal.

A diversão dos colegas era provocar o "bicho de goiaba" (eu era branquela e comprido) a executar tarefas menos básicas, como erguer saco de 30 kg de café. Existe um jeito pra que seja fácil (ou possível), mas eles só ensinavam depois de rir bastante das minhas trapalhadas. Esses momentos foram grandes motivadores dos anos de estudo sério que se seguiram.

Como era passatempo pra mim, eu geralmente ficava por ali todo solícito. Uma senhora bem velhinha e caipira me chamou e disse "Filho, ocê pode me dar uma fuinha?" Eu não entendi e ela repetiu: "Pode me dar uma fuinha?"

Enquanto eu continuava tentando associar que produto remetia àquele mamífero de pequeno porte de cara pontiaguda, um dos colegas mais experientes suspirou fundo, deu uma corridinha, pegou alguma coisa e jogou sobre o balcão. Era um calendário. A velhinha agradeceu com um sorriso sincero e banguela. Eu demorei uns cinco minutos para entender e quase me mijei de rir quando caiu a ficha.

:: 06.08.2008 ::

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Maldição de uma linhagem

Era quase meio-dia quando percebi o sol de Fátima queimando o rosto das pessoas. Mais uma vez questionei se aquela peregrinação teria o poder de anular minha maldição de família. Até onde sei, avô, pai, primos, muitos dessa vertente genealógica conviveram com o mesmo fardo (leia +)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A morte do blogueiro

Alguém que conhecesse o blog — ou olhasse com um pouco mais de atenção — perceberia naquele último post uma mensagem sombria. Era um blogueiro de relativo sucesso, bastante visitado pela peculiaridade e energia dos escritos, que despertavam nos leitores a iniciativa de comentar. O interessante é que se tratava de um incógnito, não mostrava o rosto e mal se percebia de onde escrevia. Ele (ou ela) instilava o talento escondido por um pseudônimo.

Tudo começou com uma silenciosa liberação da moderação de comentários. Parecia parte de um plano. Depois de mais de dois anos publicando diariamente, o blog foi abandonado. O blogueiro simplesmente parou de escrever e de responder comentários. Restou todo conteúdo, que podia ser classificado como genial e atemporal, coroado pela tal mensagem premonitória. E como era um fantasma virtual, não havia jeito de obter notícias concretas sobre ele.

Depois de uma semana começou um verdadeiro movimento nas páginas de comentários. Uma peregrinação de blogueiros com a mesma indagação: Será que havia morrido? suicídio? acidente? — os posts transpareciam a mania pelas duas rodas, velocidade, bebida e adrenalina. Assassinato? — por um marido traído (de novo a adrenalina) ou algum leitor-perseguidor (como tantos que ameaçavam nos comentários)? Ou será que simplesmente havia resolvido largar tudo por um motivo particular?

E como na blogosfera há muitos jornalistas, o mistério chegou à mídia de massa. E aí o blog abandonado explodiu em audiência. Passou de cult para mania. Até uma investigação policial foi iniciada, mas nem o provedor que hospedava pôde ajudar.

Chegou ao ponto de um hacker postar alguns textos como se fosse o autor, mas era fácil perceber a diferença de estilo. O dublê foi preso por falsidade ideológica e investigado por uma possível conspiração para assassinato.

Uma grande editora ofereceu uma quantia indecente na tentativa de resgatar o verdadeiro autor e editar uma obra de sucesso garantido. Ninguém apareceu, e aí cogitou-se a possibilidade de ser algum escritor famoso criando livre de amarras protegido pelo anonimato.

Aos poucos o delírio popular saturou e o blog passou ao seu lugar de direito na sarjeta do esquecimento. Alguém coerente comentou, lá, que na época em que a obra se tornar domínio público, o neto de algum cineasta famoso hoje vai transformar em filme. Agora, o que seria mais interessante para um enredo: o conteúdo do blog ou aquilo que se cogitou sobre o misterioso blogueiro?

:: 04.08.2008 ::

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Cartaz

Até a primeira deslanchada do ambiente virtual (final da década de 90) o cartaz cumpria uma missão forte como veículo de comunicação. Não no Brasil. Aqui nunca houve essa cultura -- o cartaz nunca foi tratado como arte e sempre foi usado com economia e ineficiência. Agora... olha que beleza esse achado da Louise (de fora, óbvio). O "'good time' girls" ficou bom demais!