terça-feira, 27 de julho de 2010

Moça simpática e bonita

A situação está difícil com a menina com quem divido a casa porque o namorado dela resolveu implicar comigo. Pago por ser simpática e bonita. Levei umas investidas do cara e, mesmo com certa vontade, rejeitei. Explico: não é fácil cruzar com homem bonito de cueca no corredor da própria casa de noite. Mas rejeitei. E o cara começou a inventar histórias de que uso roupas curtas demais, de que não sou boa companhia pra sair com a namorada dele e até uma de que um dia eu, sentada na escada da entrada da casa (de minissaia, o que é normal), mostrei a calcinha quando ele entrou. Disse que me repreendeu por isso, coisa que nunca aconteceu. O que aconteceu mesmo foi ele me convidar para ir pro motel no dia em que me deu uma carona. Fiquei com uma gastura diante de tanta cara de pau. Ou arrumo outra pra dividir a casa ou dou de uma vez e acabo com essa tensão.

:: 27.07.2010 ::

sábado, 24 de julho de 2010

Revelação

Para encerras esta II Semana da Contribuição MCP, vai este continho estimulante do amigo Ragas, do Palavra por Quilo. Ele também tem livro lançado (a.C d.C), talento de sobra e já apareceu por aqui antes. Andava meio sumido e, pelo que se vê, voltou à blogosfera com tudo!

O homem já observava aquela garota há dias. Na fatídica noite escondeu-se perto de um terreno baldio, onde à espreita, tal qual uma ave de rapina, aguardou a menina de seios e bunda volumosos passar. Quando ela chegou, pulou sobre seu corpo, levantando sua convidativa saia e rasgando-lhe a calcinha. A menina começou a gritar, mas, dessa vez, o grito não era igual ao das outras vítimas; era diferente, até broxante:
-Isso! Vai! Me fode gostoso! Assim de quatro! Nem quero ver a sua cara! Vai!

Não entendeu a reação da menina. Ela deveria estar apavorada. Curiosamente, aqueles gritos convidativos não lhe fizeram bem. Pelo contrário; levantou-se desanimado e já sem ereção alguma.

No dia seguinte, internou-se numa clínica para viciados em sexo. Ao chegar à primeira reunião, não acreditou no que viu. Lá estava, no palco, a menina da noite anterior:
- Oi, meu nome é Sheila e eu sou viciada em sexo!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como nas cavernas

Nepotismo no MCP. Esse conto é do meu primo Júnior, de Getulina - SP, também conhecido pela alcunha Bun, ops, Dabun. Perguntem para ele porquê. Ele é o autor do blog homônimo, e é um figuraça. Um dia vimos gnomos juntos à beira da praia. Mas isso é outra história. O continho dele aparenta um forte toque autobiográfico, mas deixem que ele se manifeste.

Parece que foi ontem. No início dos anos 90 eu possuía uma vasta cabeleira, encontrava-me entre dezessete e dezoito anos, tudo era fácil, o rosto sempre bronzeado, o corpo que não era hercúleo, mas pelas constantes partidas de futebol, estava sempre em forma, as ideias férteis borbulhando em minha cabeça ativa.

Foi em uma excursão para Sampa que eu a conheci, dentro do ônibus, na ida. Ela não parava de me encarar e eu retribuía em galanteio. Chegando à capital, em um shopping, ela passeava de mãos dadas com um moçoilo, trocando beijos e abraços.

Passeio feito, voltamos ao ônibus e antes de sair da metrópole os olhares voltaram. Como eu não tinha nada a perder, pedi a um colega que me apresentasse a garota. Após trocarmos algumas palavras lembrei que não tinha muito tempo, pois a viagem seguiria em frente. Usei de toda minha criatividade e sutileza:
- Quem era o garoto que estava contigo no shopping?
- Meu namorado, ele mora aqui – ela respondeu.
- Quem, o corno? – eu complementei.

E ela olhando assustada disse:
- Mas eu nunca o traí.
- Mas sempre tem a primeira vez, arrisquei.

Então ela me olhou com um sorriso sem vergonha e disse:
- É, sempre tem.

Voltamos no mesmo banco, trocando mais do que conversas. Ela era bonita, um pouco acima do peso, confesso, mas com um bom papo, inteligente, diria que muito interessante. Pena que depois daquele dia, não nos falamos mais, morávamos em cidades diferentes.

Infelizmente o tempo passou e nunca mais utilizei desse subterfúgio para conquistar outra garota. Conquanto o que mais me entristece em tempos de "fico" é que a rapaziada de hoje não conhece os prazeres da conquista.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Da fruta que mais gosto

Em continuidade à II Semana da Contribuição, esta pequena obra lírica do amigo Toninho Moura. Ele escreve livros de verdade no blog Dicas Sobre Nada.

Sempre que me perguntam se gosto delas, respondo com convicção: "A-do-ro!"
Não tenho hora nem lugar específico para comer uma. Como sempre que posso.
Elas podem ser vistas e admiradas na cidade, mas prefiro apreciadas à beira-mar.
Lá posso vê-las mais de perto e observar a variedade das suas formas.
Algumas são mais achatadas, outras mais bojudas, outras mais redondas, outras mais ovaladas.

Para comer uma delas há quase sempre um ritual, um pouco diferente de um lugar para outro, mas que só aumenta a expectativa e o prazer de tê-la nas mãos.
Ao abri-la, é preciso jeito e carinho para não machucá-la. Segure cada lado com cuidado e, vagarosamente, separe um do outro, revelando, como prêmio mais cobiçado, os tecidos macios e delicados dos lábios rosados.
Resista à tentação de mordê-la imediatamente.

Toque os lábios com a ponta da língua e sinta o sabor levemente adocicado. Desça a língua vagarosamente, passando por todas as dobrinhas.
Perceba que o gostinho salgado vai ficando ácido e torna-se amarguinho no final.
Volte lambendo de baixo para cima, sem pressa, e depois a envolva com a boca, mordendo-a suavemente.
Coma-a a seguir ou repita os passos anteriores quantas vezes quiser.

A natureza mostra sua perfeição quando as faz todas parecidas, mas nenhuma igual a outra.
Além de variarem na forma, são diferentes nas nuances do sabor.
Para conhecê-las a fundo e poder falar sobre elas, não basta comer uma só.
Quanto mais as comer, mais as desejará.
E, quem sabe um dia, encontre uma especial, que lhe dará, de presente, uma pérola.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Esperteza

Atendendo ao clamor popular, iniciamos hoje mais uma, a II SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP. A autora deste (delícia de continho) pediu anonimato. Botou a culpa na ruiva, mas achamos que é receio da rapaziada fazer fila no blog e no twitter dela. Mais um segredo que guardaremos até o túmulo. Apreciem e comentem sem moderação, que amanhã tem mais.

A ruiva entrou na minha vida faz tempo. Éramos amigas até o dia em que resolvemos tomar um sol no quintal e eu pensei: que gostosa. E a safada queria é saber da minha vida entre quatro paredes, e eu contando tudo. O problema é que a ruiva é de poucas coisas, e eu sou é de todas as coisa. Deixe-me explicar: a ruiva só gostava de homens. Eu? Bom. Eu gosto é de sexo com gente gostosa.

Mas a danada estava um pouco a me provocar, eu notei e pensei: comigo não se brinca. Inventei de armar uma pra ela. E uma bem armada, em que eu ia me dar bem, mais do que já me dei nessa vida.

Chamei a ruiva pra uma balada, ela topou. Começamos na cerveja, depois veio a caipirinha e ela querendo saber dos meus detalhes, aquelas coisas. Eu eu só instigando os dela. E foi aí que passou na nossa frente o moreno. Alto, sorriso de derreter o coração, minha gente. A ruiva gamou e eu senti: mordeu a isca. Ajeitei os peitos na blusinha, armei-me toda e fui lá, eu com minha morenice, me mostrar ao lado do moreno. “Ele tem que me querer”. E ele quis. Dei um jeito de ficarmos as duas, eu e a ruiva, na frente do moreno, que era pra ele ficar confuso e desejoso de uma e de outra.

A festa acabou e eu ofereci carona para o moreno. A ruiva estava lesada, bêbada e sorridente. O moreno sentou no banco da frente, e a ruiva, antes de pular pra trás, falou no meu ouvido “que que você tá fazendo?”. Eu ri. “Deixa comigo”.

Inventei que era cedo, que ainda era tempo de encher a cara e paramos num posto. Comprei vinho e toquei pra um lugar onde, mais tarde, dava pra ver o sol nascer, jurei. 
O moreno abriu a garrafa, “mãos grandes”, eu pensei. Depois do primeiro gole, ele chegou pra perto de mim e eu só sussurei no ouvido (a ruiva atrás, curiosa) “é com as duas, você topa?”.  É claro que ele topou. Aceitou mostrando aquele sorriso que ai meu deus. Só homem bem burro é que não topa uma coisa dessas.

A ruiva, atrás, apreensiva. Ainda vi a cara dela quando ele me tascou um beijo. De língua, segurando a minha nuca e com a outra mão já  nas minhas coxas, me segura!

Ela já ia desanimando, pensando que estava numa roubada, quando eu chamei, com aquela cara de safada: vem cá. Lembrei que quem estava no banco da frente eramos nós, e então pulamos pro banco de trás, cercando a ruiva, sem dar tempo de ela responder se queria. Mas ela quis. E como quis! Depois de meia hora de pura sacanagem, desistimos de esperar o sol nascer e partimos prum quarto de motel. Ninguém reclamou.

Às vezes, minha gente, o que falta é só um empurrãozinho.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bala

Tiozão na balada jogando conversa em cima da menina. Entre uma e outra investidas do galanteador ela pergunta: "Tem uma balinha aí?"

Ato contínuo, o tiozão oferece um halls, já imaginando aquela brincadeira de fazer com o extra-forte no sexo oral.

A menina, entre decepcionada e admirada, se despede a vai à procura de uma vítima mais antenada.

:: 15.07.2010 :: historinha contada pelo amigo Marlus

terça-feira, 13 de julho de 2010

Aquilo que uma mulher só diz numa noite ardente

Toda linda e produzida para uma noite ardente de sexo. E tudo aconteceu maravilhosamente como fantasiou. Extasiada pela pegada forte, no calor do momento, no ápice do prazer, ela quebrou o último dos tabus, aquele que horroriza até a mulher mais libertina, e entre gemidos incitou o amante:
- Vem, meu macho, goza no meu cabelo!

:: 13.07.2010 ::

terça-feira, 6 de julho de 2010

O escriba (em HQ) - parte 2

Segunda parte da odisséia em HQ. Para ler o conto original, clique aqui.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O escriba (em HQ) - parte 1

Continua...
Dando sequência ao desafio de transpor MCPs para o formato HQ (histórias em quadrinho, graphic novel), o Marco Oliveira, do Overdose Homeopática, escolheu O escriba, em que usou um traço bem cru e intimista, bem ao estilo Frank Miller, que transfere forte a atmosfera de violência do conto. Hoje publicamos a 1ª parte. Clique sobre a imagem, e depois de aberta, clique de novo sobre ela para ampliar. A 2ª é de arrebentar. Aguarde!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Alergia, alergia

Anos 70, o cara tinha alergia a vidro. Coisa estranha. Então ele tomava, em insípidos copos de plástico, todas as coisas em que as pessoas exigiam requintes cristalinos: escotches, champanhas, cabernetes, tudo em copos de plástico.

Um dia ele ficou doente e, no hospital, enfiaram-lhe um termômetro na boca, e veio o choque anafilático, e o entubaram com vidro, e ele morreu em segundos.

Como pode alguém padecer de um mal tão estéril? Aos tubos catódicos não, mas aos LCDs e LEDs ele teria sobrevivido.