quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Relatos de um veraneio praiano II

Não que a Roberta fosse só bonita, ela era LINDA em toda vulnerabilidade dos seus 16 anos. Pedrão, o namorado, tinha os mesmos 19 que a maioria do pessoal da turma, e era um conhecido que a gente encontrava na praia.

Era fim de tarde, eu papeava com meu tio do interior de São Paulo na frente de casa quando aparece o Pedrão com a Roberta, dizendo que ela estava a fim de sair à noite e perguntando se eu não poderia FAZER O FAVOR de levar, pois ele estava com uma indisposição gastrintestinal. Óbvio que eu disse sim (releia o começo) e combinamos a hora em que eu pegaria a sereia, enquanto meu tio dava cabeçadas na porta de entrada, incrédulo com o que tinha acabado de presenciar.

Não vou entrar no mérito do que aconteceu na noite, pois cavalheiro não conta vantagem, mas o problema é que ela gostou, queria mais e resolveu que ia confessar tudo para o Pedrão — o detalhe é que o "ão" não era de graça, o rapaz passava de um e noventa. O instinto de sobrevivência falou mais alto e passei o resto da temporada evitando o casal.

:: 27.12.2010 ::

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relatos de um veraneio praiano I

Seguiam languidamente pela beira-mar duas jovens senhoras, com suas peles branquinhas, chapeuzinhos coloridos e biquínis enterrados até o útero, enquanto eu caminhava logo atrás admirando a paisagem generosamente bem proporcionada. Então elas pararam, se entreolharam, ajeitaram as respectivas tangas a uma posição mais "maternal" e adentraram à ruela que às conduziria a suas casas de veraneio.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pequeno conto de natal (ou Curitiba e suas intrigas de shopping center)

Homem comum, trabalhador e bem remunerado, disse pra esposa que sairia do trabalho no fim da tarde para comprar os presentes de natal. Acabou num snooker barato com os amigos (ficou sem almoço para fazer apressadamente as compras), tomou mais que devia e no caminho de casa resolveu "pegar" um travesti na Praça do Atlético "para dar uma variada". O traveco, mancomunado com uns bandidos, armou uma cilada para o coitado. Levaram-lhe o carro com todos os presentes no porta-malas. Por sorte, no dia, a polícia estava de vigília e uma viatura interceptou e prendeu os criminosos. Para prevalecer a versão da vítima — de que tinha sido assaltado pelos marginais e depois estes é que pegaram o travesti — os "oficiais" confiscaram os presentes e o taco de sinuca profissional do executivo. E o carro, luxuoso seminovo, ficou com três buracos de bala. Na festa de natal, ele foi o herói da garotada.

:: 21.12.2010 ::

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um mau mentiroso não é só aquele que conta uma mentira mal, mas também aquele que conta uma má mentira

Ou uma bela historieta puxada pela memória

Tá bom, tá bom. Eu operei a fimose com uns 14 anos. Mas todo mundo sabe que naquela idade a molecada conta a maior vantagem sobre uma supostamente não fantasiosa vida sexual. Então, se eu contasse pros amigos que tinha operado a fimose, como ia justificar a balela de que já tinha perdido a virgindade umas três vezes? [Atenção: tem todo um nonsense neste ponto, ok?]

Acontece que nas férias, uns três meses depois da cirurgia, viajamos a molecada numa excursão, e um dia na volta do banho um curioso (bem aquele com quem mais competíamos no relato de balelas sexuais) olhou e disse: cadê seus pentelhos?

Foi aí eu tive a ideia de jerico de inventar que havia descolorido os pentelhos com água oxigenada, e que meu pai tinha reparado e me mandado tosar aquela barbaridade. Então o camarada acreditou, ou fez que acreditou, porque se eu confessasse que era cabaço ainda, aí ele ia ter que confessar também.

:: 16.12.2010 ::

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Amizade em preto-e-branco

Ela falou que se for pra eu ficar com outras (DE ONDE ELA TIRA ISSO?), que ela prefere ser só minha amiga. E amizade sem privilégios. E que ela não me quer só pra ME-TER, mas que quer casar comigo.

Pois serei só amigo. E nada de amizade colorida. Ela que quis, certo?

Então ela dormiu lá em casa, mas só aquele negócio de dormir abraçadinho, sem sexo.

:: 09.12.2010 ::

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Natal está aí - Dicas para encher o saco do Papai Noel

Tem gente que ainda fica perdendo tempo se angustiando na dúvida do que comprar de presente no Natal. Quer agradar e impressionar? Distribua exemplares e exemplares do livro MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades. Dê pro amigo secreto, pra namorada, pro amante, pra toda a família, pro chefe e também para... VOCÊ!!!

E atenção que tem novidades na parte comercial do MCP. Olhe ali na barra direita. São duas opções do livro para você presentear -- agora, só direto nas lojas virtuais das editoras:

Pocket - Prático e mais baratinho. É basicamente a mesma coletânea de contos da 1ª edição, com 3 contos (mais perversos) a menos e 4 contos (originais) a mais. PROMOÇÃO: frete gratuito até 24/dez. Também está a venda em checkouts de supermercados, bancas e livrarias no Sul do País e no interior de SP.

14 x 21 cm, o original - Encadernação top e conteúdo mais perverso. Perfeito para quem prefere impressionar.

Tá esperando o quê? O Natal passar? Dá um descanso pro velhinho, porra!

Imagem - fonte demeur.blogspot.com

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vicinho

Todo dia
Quando eu entrava ou saía
A vizinha me sorria

Todo dia
Quando saía ou entrava
Ela me olhava

Desconfio
Que a vizinha
Quer ser minha

Ou dá trela
Porque me quer
Para ela

Acontece
Que a vizinha
Já tem dono
Safadinha

:: 07.12.2010 ::

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MCPmate - Casssiana

Nada melhor, em época de poucas palavras.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Diálogo com uma amiga bem bonita

O Zé está na cama com uma amiga muito bonita, naquele momento "pós", de languidez física e espiritual.
Amiga (despretensiosa): Mas, me diga, essa Salete não aceita um sexo a três entre amigos?
: Ah, eu não pego a Salete. Ela não é meu, nem seu, tipo.
Amiga: E qual é o meu tipo?
: Eu.
Amiga: É, você também.
: E você. Você se comia frouxo.
Amiga (e safada): É verdade. Comia mesmo. E quem não me come frouxo?
: Todo mundo que não te conhece, os caras homossexuais, mulheres sem tendências homossexuais e um canibal vegetariano.

:: 17.09.2010 ::

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amor e futebol

O causo se passa em Joinville. É necessário localizar geograficamente porque existe uma malandragem sociológica enrustida e pouco explorada na semimetrópole catarinense. A turma jogava futebol toda terça à noite. Era sagrado: a bola rolava até umas oito e meia, depois se enfurnavam no boteco ao lado da quadra e só saíam perto da meia-noite. Liberdade que assume mais importância quando o sujeito é casado. E todo mundo era casado desde cedo na turma.

Uma boa rotina tem peculiaridades. Por exemplo, o Genival sempre dava uma saída por volta das dez, insistia na necessidade de botar os filhos na cama, que sem ele custavam pegar no sono. Onze e pouco estava de volta, sem falha, quando borbulhava uma alegria diferente na rapaziada. Um observador externo e atento captaria até mesmo olhares de cumplicidade.

O fato é que toda terça, naquele intervalo, o Genival passava rápido em casa sim, para dar um alô para a esposa e as crianças, mas o objetivo mesmo era visitar a casa do companheiro de zaga, o Juninho, onde dava uma rapidinha com a mulher deste. E a característica pitoresca em questão é o fato de todos na mesa saberem da travessura do Genival, menos o Juninho. Pelo menos é o que eles acreditavam.

:: 19.11.2010 ::

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O que o cu tem a ver com a cueca - o conto

O Zé estava recém separado e a ex-mulher dava um jeito de aparecer na casa, com ou sem ele dentro, para dar uma "cuidada" nas coisas, nos dois sentidos. Nas negociações ela quis sair, pois a casa traria lembranças. E ele caiu na bobeira de não mandar trocar a fechadura, procedimento ótimo para evitar as brigas estúpidas das separações — que acontecem sem distinção de classe e credo, com gente evoluída e gente tosca.

Enquanto isso, já que homem não consegue ficar sozinho, o Zé arrumou uma namorada novinha, bonita que só ela, distraída dessas que não ligam para frescuras de ex-mulher, filhos e separação recente. E que adorava mimar o Zé com presentes.

Para complicar, o Zé tinha uma diarista que cuidava da casa há anos (desde recém casado), senhora de respeito, e que de vez em quando o presenteva, pois ele ajudava sempre que ela precisava. E como a diarista prestava um "serviço de informação" para a ex-mulher, de boa vontade, pois torcia pela volta do casal, é possível que a culpa motivasse mais eventuais presentes.

Essa tripla introdução veio para ilustrar o angu em que o Zé se envolveu. Era época de Copa do Mundo e um dia ele abriu a gaveta e lá estava uma patriótica cueca boxer verde-bandeira, com BRASIL escrito em amarelo. Bonita, de marca, mas... como agradecer o presente? Uma simples menção para a autora errada da gentileza (sim, poderia ter sido qualquer uma das três) desencadearia problemas que o Zé estava longe de poder ou querer resolver. A solução foi engolir a curiosidade e ficar bem quieto. Melhor passar por ingrato que escutar griteiro.

:: 05.05.2008 ::

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

MiniContos Perversos no PapoFantástica

Fantástica é a primeira revista digital voltada exclusivamente para a literatura fantástica nacional. É lá que você encontra a ficção levada às últimas consequências pela imaginação. E como o MiniContos Perversos também circula por universos paralelos, fomos gentilmente convidados a participar do Papo Fantástica, um projeto interessante em que os editores da revista conversam com um convidado.

Assim, tivemos a oportunidade de levar um pouco deste nosso mundinho vagabundo para os leitores/ouvintes da Fantástica. Para baixar o podcast resultante do Papo Fantástica nº 14, clique aqui. Nem precisa dizer que os temas foram desvirtuados, né?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Evento de lançamento da 2ª edição do livro MiniContos Perversos, agora (tambem) na versão pocket

Leitoras(es), Seguidoras(es) e Perseguidoras(es):

Lembram da happyhour de que falamos no último post? Pois é! Nesta quarta, 10 de novembro, às 19h30, no bar Cana Benta (em Curitiba) acontecerá o evento de lançamento do meu livro, agora na versão pocket.

Esta segunda edição, lançada pela Editora InVerso, vem em formato pocket, democratizando o ainda mais o livro, que será vendido nos check-outs de algumas redes de hipermercados em toda a Região Sul, além de bancas e livrarias. Lembre: sempre que vir o livro na prateleira, arme um berreiro e diga, pra todo mundo que conhece o autor e que o livro é bom!

Mas antes disso, você, que ainda não conhece, tem que conhecer de perto. Então venha prestigiar e compartilhar este momento -- e tomar umas também!!!

:::::::: Lançamento do livro MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades pocket
:::::::: Data: 10 de novembro - quarta
:::::::: Hora: 19h30
:::::::: Local:  Cana Benta (Rua Itupava, 1431 - Alto da XV - Curitiba/PR).

Um abraço, e até lá!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MCPmate Musa Rebelde - cap. 5 (a revelação) + UM GRANDE TEASER

As leitoras e, principalmente, os leitores deste famigerado bloguezinho marginal aguardavam ansioamente a revelação -- tá bom que os mais assíduos e investigativos já tinham descoberto faz tempo: é com imenso prazer que desvendamos a identidade da Musa Rebelde: trata-se da nossa querida e habituê Única & Exclusiva. Percebam como ela tem bom gosto. Notem o que ela tem nas mãos para se cobrir. Mas não pensem que as surpresas param por aí.

É com grande satisfação que anunciamos aqui, em primeira mão, que semana que vem acontecerá a happyhour mais sensacional dos últimos tempos. Quando? Onde? Por que? Aguardem... Semana que vem tudo será esclarecido aqui no MCP, seu blog amigo de todas as horas -- em casa, no trabalho e no lazer (leia-se boteco).

domingo, 31 de outubro de 2010

Completinha

Fechamos a IV Semana da Contribuição MCP com mais da safadeza lírica do mago @Heru_sa.

Ela foi uma das poucas profissionais que contratei e não me arrependi.
Corpo admirável, prestava seus serviços com entrega total, sem nenhuma frescura, sentando onde tinha que sentar e engolindo o que tinha que engolir, sem látex, "all inclusive, no extra charges".
Aliás, desempenho oral marcante, inesquecível, massagem no saco com uma mão e a outra, com perfeição, revezando o ritmo com a boca, língua e dentes.
Não perguntem o nome, não faço a menor ideia. Se precisarem de um, procurem nos anúncios e escolham qualquer nome entre as universitárias completinhas, que serve.
O fato é que, passados alguns anos, hoje a vi na fila do restaurante por quilo, e tive que controlar o pensamento para não demonstrar demais o meu enrijecido entusiasmo em reencontrá-la.
Claro que não me reconheceu. E bastou aquele primeiro momento de dúvida, é ela não é, para evaporar-se qualquer pretensão de ir conversar. Duas menininhas, uniforme pré-escolar, correm em direção a ela, mamãe, mamãe...O suficiente para disparar meu alarme, epa... e dito e feito, atrás das crianças o suposto pai, cara de boa gente, inocente até, beijos e abraços na reunião familiar.
Não dá para afirmar que o mundo tenha perdido uma excelente profissional, pois nunca se sabe. Mas com certeza ganhou um marido sortudo

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mulher Fruta

A Vampira Déa marca presença  aqui desde os primórdios do blog, com seus comentários carinhosos e perversos. Esta mistura boa está presente na sua participação na IV Semana da Contribuição MCP, junto com uma surpreendente dose de cinismo. Saboreiem a fruta.

Em criança seu sonho era ser Paquita, mas nunca foi bonita tampouco teve coragem suficiente para oxigenar os cabelos. Então agora adulta seu sonho era ser mulher fruta, 35 anos, do alto dos seus 1,50 m de altura e 80 kg tinha uma linda bunda miúda e o restante estava tudo em cima: barriga em cima das coxas, seios em cima da barriga, pernas finas bem torneadas e com pelinhos virgens nunca raspados nem clareados.
 
Não deixava de sonhar em ser mulher fruta desejada pelos homens. Gostava de vestir seu vestidinho curto rosa choque e nos dias da aula em vez de perder tempo com livros e pesquisas ficava subindo e descendo escadas, tentando chamar atenção, ou melhor: ser agredida verbalmente pelos coleguinhas demagogos e assim poder processá-los junto com a universidade, ficar rica, famosa e fazer muitas plásticas para ficar mais linda.
 
Vivia ensaiando passos de dança, subindo e descendo em frente ao espelho com sapatos dourados de saltos altíssimos com minúscula saia, top, fio dental e dedinho na boca é claro.
 
Um dia seu sonho se realizou, voltando da faculdade em que, com muito sacrifício de seus pais, frequentava há seis anos o curso de turismo, sonhando um dia visitar as praias do Paraguai, passou por um terreno baldio e um maníaco investiu com uma faca sem mesmo ela ter tempo de gritar. Arrancando nacos de carne ele não deixou nem um pedaço, ela foi desejada e saboreada como fruta doce e suculenta até os caroçosou seriam ossos?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O herói

Nosso personagem e anti-herói preferido contextualizado pelo @Heru_Sa.

Lá pelo meio dos anos 90 o Zé ainda tava na faculdade e claro que a grana era curta, contada no dia a dia para as prioridades. Festa definitivamente não era prioridade, o que na turma festeira o deixara com fama de mão-de-vaca.

Acontece que o Tonhão, amigão do Zé, ia casar, e convidou os mais chegados prum bota-fora numa chácara ali na saída para as praias, atrás do último motel da estrada, contorna e buzina no portão, "bebidas por minha conta, mas comida cada um paga a sua".

Não tinha como não ir, e no dia combinado a turma de uns sete, o Zé de carona, se mandou pra tal chácara. Pela ansiedade, acabaram chegando tão cedo que tiveram que esperar uma meia hora na frente do portão, que só abriu quando chegou a kombi com as meninas.

No meio de uma vila operária, o lugar era surpreendentemente bacana, e em volta da piscina coberta, perto do bar, tinha dessas confortáveis cadeiras de varanda, onde a turma se acomodou e passou a consumir uísque paraguaio e fumar os charutos que o Alfredinho tinha levado, mais a pipoca da casa, numa saborosa conversação que só terminou uns cinco litros e duas horas depois, quando enfim as meninas se juntaram a eles, semivestidas a rigor.

Depois de mais meia hora de putaria, o Tonhão já tinha escolhido a mais jeitosa, a colegial. Logo ela pulou do colo dele e chamou a todos para o salão, onde desempenhou um belo strip, deixando ao final o Tonhão só de cuecas. Peladinha, a jeitosa puxou o noivo pela mão até uma hidro e acabou convencendo-o a também tirar a última peça de roupa, na presença de toda a rapaziada, revelando pra turma o que só desconfiavam, a razão de ser ele "O Tonhão".

O Zé percebeu então que cada um já tinha se ajeitado com alguma servidora da casa, e antes que a mais trubufu sobrasse pra ele, ou que ficasse sozinho vendo a jeitosa desfrutar dos atributos do noivo na banheira, se acertou com a penúltima na ordem de feiúra, 100 reals uma hora.

Lá pelos 15 minutos no quarto, misturou tudo. A feia, o uísque ruim, o charuto com pipoca, a memória da visão do Tonhão e a idéia de estar jogando cenzão no lixo, e o Zé brochou irremediavelmente.

Pra não ficar marcado, combinou com a menina que ficariam conversando o resto do tempo. E que pagaria 50 em dinheiro ainda no quarto, e lá fora, na presença de todos, daria mais um cheque de 50. E assim o Zé foi o herói da noite, o único que conseguiu fazer a farra pela metade do preço.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Rabuda

Iniciamos a IV SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP com esta delícia de continho do amigo e misterioso @Heru_sa. Esse cara filosofa bastante sobre a natureza humana.

Domingo à tarde, 40 graus, templo cheio, mais uma possuída para exorcizar e de cara o pastor ficou com pena do Capeta, como era feia a pobre.

Começou o esconjuro e quando enfim a pegou de jeito, sai desse corpo que não te pertence, mão no pescoço e outra pelos cabelos, ela dobrou o corpo de um jeito que, enquanto o Tinhoso corcoveava, a bunda esfregava abaixo da cintura do homem santo.

Microfone na mão, aos berros com o Rabudo, o pregador constatou, que diabos, a coitada nem é tão feia assim, e que rabo!

A gritaria e a bolinagem continuaram quase ao êxtase mas, antes que lá nos quintos ficasse mal falado, ser encoxado assim já é demais, o Bode-Preto se mandou.
- Volta outro dia sem culto, irmã, que é pra gente continuar a limpeza.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dialogozinho que precede hora de descarregar o lixo

- eu não falo essas coisas. eu não digo obscenidades nestas horas. sou completamente silenciosa.
- admirável isso.
- e nada de luz também. só totalmente no escuro.
- falta me dizer que se limita à posição do missionário.
- essa eu nunca experimentei!
- é o papai-mamãe.
- ah, tá. e prefiro que quem estiver comigo não fale nada. e é melhor não tirar a roupa toda, só o necessário.
- e daquele lençol com um furo no meio, você tem?
- tenho um. acho que você vai gostar.
- sexo para fins reprodutivos, então?
- vou encomendar um desses lençóis pra você numa bordadeira.
- mas de cor bem branquinha, viu?
- claro! o tom da pureza.
- e que nunca fique manchado. é usar e lavar toda vez.
- tirar toda a SUJEIRA dos nossos pecados.
- não desvie sua mente pensando nessas coisas nojentas, querida.

:: 29.11.2008 :: uma antiga -- e profícua -- parceria

sábado, 9 de outubro de 2010

Cidinha e a diversão da molecada

Meu tio Gatão estava com uns quatro moleques da rua, de bobeira. Eu ali, meio que obrigado. Sempre gostei das coisas mais científicas. Era rua de cidade pequena, onde eu passava as férias. Eu tinha uns dez anos, ele uns quatorze.

Percebi que a molecada silenciou. Uma pretinha descia a rua toda faceira, vestidinho de chita, descalça, sorrisão branco na boca. Parou para conversar com eles — eu era um expectador. Sem rodeios o Gatão lascou:
- Então, Cidinha, vamos repetir o que fizemos no matinho outro dia?

Eu nem imaginava do que eles estavam falando. Ela nem titubeou:
- Não. Vocês me prometeram um 'chicrete' e depois não me deram.
- Ah, mas hoje eu te dou, juro para você - respondeu meu tio, com toda gentileza e malandragem que sempre marcaram sua vida.

Então subimos todos numa charrete (isso mesmo!!!) e fomos até um matagalzinho que havia perto do quartel da vila. Entramos um pouco no mato e, começando pelo Gatão, toda a garotada se serviu da Cidinha. Menos eu, que estava 'verde' ainda, mas observei tudo com atenção — lembram? interesse científico!

Acabada a brincadeira, subimos na charrete e voltamos para a frente da casa do meu avô. A Cidinha desceu por último, cuidadosamente ciceroneada por meu tio. Antes de se despedir cobrou o chiclete. Meu tio ficou devendo.

 
:: 09.10.2010 :: Contada numa delicada conversa familiar numa taberna antes de Óbidos, Portugal

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esporte radical de farofeiro - parte 2

Aquecimento - tá servida, madade?
 Após a impressionante descida da Graciosa em que praticamos o inédito surf de kombão, chegamos a Porto de Cima perto do meio-dia, sol a pino. O bom é que o rio estava alto e com boa correnteza. Negociamos com um alugador de boias (na verdade, câmaras de caminhão) que nos levasse com nossa viatura até um ponto alto. E compramos mais umas latinhas.

Prontos para a grande aventura
Valentes que somos, do ponto em que a kombi parou (é uma estrada pavimentada com pedras de rio e bem irregular) subimos a pé mais uns dois quilômetros. E começamos a descida. Todos já tínhamos uma certa experiência no esporte, mas com uma garrafa de conhaque e a cervejada na cabeça tudo ficou meio lúdico. E dá-lhe enfrentar corredeiras e ralar a bunda nas pedras. Ressalte-se que não havia, na época, preocupação com capacete, colete salva vidas, nada disso. A segurança era na base da camiseta, bermuda grossa e tênis velho.

Jeito politicamente correto de praticar
o "esporte"- Fonte: Paraná Online
Nossa ideia era voltar a tempo de comer um barreado no restaurante da Dona SIroba, mas exageramos na subida, ou seja, chegamos depois das quatro em Porto de Cima. Mais umas latinhas pra rebater a fome e decidimos subir pra Curitiba direto e encarar um rodízio de carne.

Pareceu bastante racional a decisão, não fosse o fato de estarmos de barriga vazia e com toda aquela inundação etílica. Dos outros eu não sei, e do Renatão, que continuava dirigindo, não quero nem pensar, mas mal a kombi começou a andar deitei no assoalho de ferro e só fui acordar na porta da churrascaria.

:: 26.08.2010 ::

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esporte radical de farofeiro - parte 1

Reparem onde ele está sentado
Sábado ensolarado, na falta do que fazer eu estava na oficina acompanhando o balanceamento do opalão, quando o Renato me liga e diz que um amigo tinha alugado uma kombi para uma mudança, que já tinha terminado, e que a gente teria até segunda para aproveitar. A proposta era descer a Estrada da Graciosa até Morretes e fazer boiacross no Nhundiaquara. Topei, óbvio.


Perto do meio-dia os caras chegaram em casa, já emborcando uma garrafa de conhaque na amplidão da kombi. O Renatão na boleia, o Oscar de copiloto e atrás nos amontoamos eu, o Ygor e a bagagem. Explico: por causa da mudança, os bancos de trás da kombi tinham sido retirados.

Daqui ninguém me tira
Pra quem não conhece, a Graciosa era a antiga ligação de Curitiba com o litoral, uma estrada antiga pavimentada de pedra e cheia de curvas, cravada na Serra do Mar. Logo na descida, diante de tanto "espaço interno", inventamos de "surfar" com o movimento da kombi nas curvas. Só bêbado pra ter uma ideia de jerico dessas. O Renato xingava que a bagaça ia tombar com tanto balanço enquanto nós (o copiloto já tinha puladou pra trás pro agito) tentávamos nos equilibrar e tomávamos pacotes no assoalho da kombi.
Pose educativa no Portal da Graciosa

Demos umas paradas no caminho, em cada uma delas carregamos a kombi de cervas e tiramos fotos. Em geral educativas.

(continua)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bestialidade de butique

Conseguiram uma mulher para fazer a cena com o dinamarquês (não um estrangeiro, mas um cachorro). Ela disse que já tinha experimentado, que aguentava de tudo. Era meio caidaça, mas ninguém esperava uma princesa para uma cena daquelas. Prepararam a produção (era coisa barata, ao ar livre), câmeras, "booms", deram uma maquiada (rebocada) na "atriz" e começaram a rodar.

Ela chamava o cachorro dando uns tapinhas na bunda, "vem, vem". E de repente o bichão foi, enorme e todo malhado. No procura-procura encontrou o buraco errado, o que não pareceu um problema pra atriz. No começo. Então aconteceu aquele lance — não sei por que os cachorros ficam enroscados quando trepam — e o bilau prendeu nela. O cachorro deu aquela virada deixando o pinguelo para trás que nem rabo, e começou a puxar na direção contrária, arrastando a "princesa" você sabe por onde. Quase vira ela do avesso e nada de soltar. O pessoal da produção percebeu que o "ai, ai, ai" não era mais fingimento de prazer e foram ao resgate. Puxaram o cachorro por um lado e a mulher pelo outro e... nada. Só esticava mais o "couro".

Foi aí que alguém teve a brilhante ideia de jogar um balde de água gelada em cima, como a velha da rua fazia para acabar com a festa da cachorrada. Deu certo, para alívio da atriz e, também, do pessoal que assistia à bizarrice.

:: 26.06.2007 ::

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MCPmate Musa Rebelde - cap. 3

Ela nos surpreende constantemente, e deve surpreender você agora. Esta foto da Musa Rebelde vem num momento bastante oportuno. É um packshot (sentido duplo, neste contexto) num momento de mudança: muito em breve a Editora Livronovo lançará sua loja virtual, onde a versão 14 x 21 cm (luxo) do épico da literatura vadia, o livro MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades, será vendido com exclusividade. Ou seja: se quer comprar direto do autor, com preço mais bonitinho, APROVEITE AGORA. Agradecemos a Musa Rebelde pelo arrepio (reparem) e por colocar nosso humilde livro em posição tão privilegiada. Na próxima publicação ela sairá do anonimato. Aguardem.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Até de longe você ainda causa confusão na minha vida

Fomos pra Floripa no feriado, e numa das tardes estava na beira mar no centro com a namorada do meu primo e uma amiguinha adolescente. Passou um cara de moto amarela, parecia você, e eu VI NITIDAMENTE QUE ERA VOCÊ. E o cara na moto amarela dava voltas na beira mar, passava pela gente e retornava.

Pensei "é ele, vamos tirar a prova". Você estava passando e o jeito foi provocar, então levantei a blusa e mostrei os peitões (sabe que eu vivo sem sutiã) — e agora eles estão túrgidos devido ao "ser receptáculo" em que me tornei, serei mãe e parece que de gêmeos. Você reduziu, passou, demorou um pouco e voltou com uns amigos.

Foi a maior vergonha quando o cara tirou o capacete, Shoei preto que nem o seu, e não era você. E já foi intimando. Pra piorar a situação o maridão chegou logo depois, e o sujeito, nada gentil, disse que eu tinha mostrado os peitos. No meio da confusão armada falei "Nada a ver, foi um bicho que entrou na blusa e eu me assustei". Agora terei que usar sutiã para sempre, até pra dormir. Então me diz aí a placa da sua moto.

:: 14.09.2010 ::

sábado, 11 de setembro de 2010

A primeira vítima de Veralice

Fechando esta conturbada III Semana da Contribuição, esta delícia de conto (nem tão MCP porque é longo, é conto e ponto!) dele e dele.

- Estamos entendidos?
- E se eu não quiser? Digo, não tenho nada a perder... Se vai me matar de qualquer jeito, não preciso cooperar.
- Depende. Se você fizer tudo direitinho, te deixo ir.
- Como assim, tudo direitinho?
- Contar tudo com franqueza.
- Entendi... Mas como sei que cumprirá com sua parte do trato?
- Você não sabe. E não sei se notou, mas não tem escolha.
- ...
- ...
- Tá. Mas e tem que ser nessa situação? Pelado? Tá frio aqui...
- Isso é pra denotar a pequeneza dos homens! O mundo machista e subserviente ao falo, destituído de ereção! E então, o que vai ser?
- Tá bem... Pra onde olho? Ali?

Meu nome é... Preciso dizer meu nome verdadeiro? Não? Tá. Meu nome é Tony e eu sou um cafajeste. Acho que essa vai ser a primeira e única vez que vão ver um homem – verdadeiramente – assumir isto. Nunca assumimos defeitos que julgamos ser uma falta da sociedade. Culpamos nossa forma dissimulada e canalha com as mulheres por causa daquela ladainha histórica da poligamia, instintos masculinos e o caralho. Uma grandessíssima balela, maior até do que aquela “Poxa, sabia que sonhei com você?”, que entoamos quando queremos foder uma de vocês. Física e psicologicamente.

Eu dizia que sou um cafajeste porque tudo que pude fazer na vida pra conquistar o sexo oposto – e entenda sexo como gênero e órgão – eu fiz. E me tire dessa vala comum, dos tipos de cafajestes que as mulheres gostam hoje em dia. Sou cafajeste à moda antiga, que se traveste de personagens que não sou pra conseguir uma trepada. Sou daqueles que sente um frio na barriga só em pensar no flerte, no que fazer em caso de receber uma resposta negativa. Ah, quando isso acontece, meus ânimos se acirram e toda minha criatividade trabalha em prol da sedução, da vigarice. Lembro que em muitas vezes já havia perdido o encanto e até o tesão na mulher, mas isso não importava mais. O que eu queria era o deleite de derrotar o adversário, no caso, a adversária. E por que isso, se a vontade do prazer, de foder é efêmera? Porque a beleza nos leva a fazer isso: o egoísmo; o egocentrismo tem beleza! Vê-las seduzidas e apaixonadas é o grande barato! E isso, ah, isso vale a pena em troca da sensação enclausurante quando uma acaba se magoando, o que é frequente. Por algum tempo até achei que tudo isso era uma grande carência – a muleta da modernidade.

Mas quando me toquei que igual a todo mundo, eu falava que era carente 24 horas pra me livrar de algum rancor ou ressentimento, achei um grande clichê e resolvi assumir que sim, eu gostava mesmo era de sacanear o mulherio.

De qualquer forma, não consigo crer que a mulherada não saiba onde pisa. Porra, só vai ser seduzido quem se deixa seduzir. Por exemplo: a essência do meu cinismo é a aquela do não custa nada tentar. Não vejo o mínimo trabalho em ter de demonstrar um falso afeto, como palavras floreadas, pseudoprantos (armas que uso com frequência), dizer falsos Eu te amo!, Pensei em você o fim de semana todo!, chorar balbuciando, aparecer de supetão na casa dela com um buquê, escrever um poema brega etc. Se eu percebo que isso é preciso pra conseguir meu troféu, a calcinha se desembaraçando pelas pernas e a primeira visão da xoxota, nem hesito!

Daí, você que vai me assistir, vai se perguntar se é possível confiar em algum homem, mas já te digo que essa possibilidade é ínfima, só conheci dois homens leais e fieis a suas mulheres em toda a minha vida. Ou seja, menos que zero vírgula um por cento de nós. A solução? Mantenha seu score alto, traia ante de ser traída, não perca as oportunidades de ouro, como aquele bonitão que te deixa molhada só em pensar e por aí vai... Puta que pariu, sabe de uma coisa? Vou deixar registrado aqui que, falar disso, confessar tudo isso, foi libertador! Porra, tô até me sentindo mais leve, posso morrer em paz! Então vai, Veralice, atire logo! Já tem o que queria...e EI, ME LARGUEM, ME SOLTEM! PRA QUÊ É ISSO? O QUE É ISSO? ME SOLTEM!

E ela assistiu à vida de Tony esvair-se lenta e hemorragicamente. De um lado do chão, ensanguentada, uma tesoura de jardinagem. Contígua a ela, seu pênis separado do corpo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A vizinha

A fotógrafa Lu Campos contribuiu no MCP lá nas antigas. Digamos que ela seja quase uma anônima. Preferimos, assim, manter a identidade dela no sigilo. Mas os relatos dela são soltinhos e safados. Este só não foi pro ar na época devido a uma divergências em relação à foto... Agora está aqui pra você se deliciar, na III Semana da Contribuição MCP.

Casei aos 28 anos, apaixonadíssimo. Minha mulher a Cláudia,  é uma morena de dar inveja, é tudo que eu sempre quis, mas a vida é cheia de surpresas.

A primeira vez que eu vi a vizinha foi num daqueles dias que a sua mulher acorda "de chico” e resolve que você será o único “condenado” durante todo o ciclo menstrual! Eu tava puto, desgostoso da vida, contando os andares que pareciam intermináveis até a portaria, me maldizendo por não ter escolhido um apartamento no térreo, quando elevador parou no sétimo andar e entrou ela...

Sou um cara pacato e até sério, não costumo dar trela para mulher nenhuma, mas naquele dia... dei-me o direito de olhar. Ela devia ter uns vinte e poucos anos, cabelos curtos, camiseta colada no corpo que deixava aparente os bicos arrepiados, bunda arrebitada num short rasgado e deliciosamente sexy. E os olhos? Eram de um azul hipnotizante, quase transparente. Juro que tentei ignorara e manter minha cara séria, mas quando ela abriu um sorriso largo e malicioso e com aquela voz disse "Bom dia vizinho", tremi.

E não é que alguém lá em cima resolveu brincar comigo? De repente, sem mais nem menos, do nada o elevador deu um solavanco, fez um barulho estranho e simplesmente parou... Não sei o que me deu, mas não pensei duas vezes, naquele breu (elevador antigo é uma beleza) fui tateando no escuro e encostei a vizinha num canto e meti a língua na sua boca, agarrei-lhe a cintura e a virei contra a parede de costas para mim. Alucinado de tesão enfiei as mãos por baixo da camiseta apalpando seus mamilos duros e com a outra mão fui abrindo o zíper do short... Podia sentir sua respiração ofegante e o coração disparado. Entre gemidos e sussurros, num frenesi de prazer, sem trocar palavra, eu a penetrava ali mesmo, agarrava seus cabelos e falava as besteiras que me passavam na cabeça, enquanto ela se contorcia e gozava deliciosamente...

Nem lembro em que momento o elevador voltou, só que tudo aconteceu tão rápido, que se tivesse pensado não teria feito. Não perguntei o nome e ela também não perguntou o meu. Embora ainda a encontre de vez em quando, sem que precisássemos combinar não trocamos palavra sequer depois disso, nunca mais. Foi como se nunca tivesse acontecido, como se fosse irreal, um segredo velado com minha deliciosa vizinha do sétimo andar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A virgem

III Semana da Contribuição MCP. Dela.

Lucinha terminara o colegial diferente de todas as amigas — ainda era virgem. Mas naquela época ainda não pensava muito nessa sua condição diferente, afinal, o que era importante mesmo era dormir sonhando com aquele baixista da banda de rock de que colecionava posteres.

Mas já era o terceiro ano da faculdade e sua condição se mantinha. Não por falta de vontade sua, nem dos outros, afinal era bonita e desejada, mas o sexo em sua vida era daquelas coisas que simplesmente não aconteciam e ninguém sabia exatamente porque.

Então um dia resolveu ser bem prática e numa noite dessas em que a turma toda ia para o campo de aviação com uma garrafa de vinho para ver as estrelas, deixou-se ser comida por um calouro, no banco de trás do carro de alguém, numa daquelas trepadas onde mal se tira a roupa, mal se sente, nem se goza...

Não foi exatamente o que estava no seus planos, mas também não foi ruim. Bom mesmo foi finalmente estar liberta de seu pior fantasma: desde a época do colegial o que a atormentava não era a sensação de peixe fora d'água em relação as suas amigas sexualmente experientes, mas sim um sonho recorrente — seu próprio funeral, o caixão branco, a roupa branca, as flores brancas... a sepultura violada e a virgem deflorada por algum pervertido necrófilo. Não. Isso, nunca mais.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Adeus, Ritinha, adeus!

Conforme fartamente anunciado nas mídias socias de massa, iniciamos hoje, feriado nacional, a III SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP. O conto de partida é do nosso amigo, editor e mentor Zeca Martins. Apreciem e comentem sem moderação, que amanhã (feriado em Curitiba, vejam nosso esforço hercúleo para entreter vocês, leitoras) tem mais.

Ele comia ela, a Ritinha, havia muito tempo. Só ela. Mas enjoou, como acontece com todos os homens que comem muito a mesma mulher. E começou a comer outras, porque assim é que a vida segue seu rumo natural. E, tropeçando em sua própria ingenuidade, só então também descobriu que variar de parceira lhe fazia espantosamente bem. Algumas, é bem verdade, o decepcionaram (tipo a mulher-cadáver, aquela que deita, abre as pernas e fica olhando pro teto) ou o assustaram (tipo a mulher-buscapé, que solta fogo pelo rabo e fica pulando pra todo lado, fazendo as maiores loucuras). Mas, na média, a variedade lhe fez muito bem. Bem o suficiente pra dispensar a Ritinha de vez, com um solene tchau, amore. Sem qualquer aperto no coração.

Claro que a Ritinha, como faz toda mulher que é comida por muito tempo e depois abandonada, indignou-se. Veementemente. Deu porrada na cara dele, teve chilique no meio da rua, confidenciou para toda vizinhança que ele broxava, e todas essas coisas de mulher rejeitada.

Puto, ele até pensou em matar a Ritinha, mas “puta, meu, ficou maluco? Tira essa merda da cabeça, rapaz!” Que nada, nada disso de violência, decidiu.

Mas urgia se ver livre dela. Pensou, pensou, pensou... batata! O Renatão é chegadão na Ritinha, já deu bandeira que morre de tesão por ela. E agora tá trabalhando de crooner na banda que se apresenta num transatlântico.

“Alô, Ritinha? Serei objetivo: quero me reconciliar com você. Não fala nada agora. Fala tudo o que você tem para dizer lá no navio, que a gente vai viajar. É, comprei passagens para um cruzeiro romântico. Topas? Beleza!”

No dia da viagem, levou-a de mãos dadas até lá dentro do navio. Encontraram o Renatão. Pediu-lhe que levasse a Ritinha para conhecer o navio, ver o mar lá da proa, igual à cena do Titanic, que ele só ia resolver uma coisinha e já os encontrava.

Não encontrou. De pé, no cais do porto, ficou olhando para o navio que se afastava, com a Ritinha lá dentro. Próxima parada, Singapura. “Boa sorte, Renatão!”

Voltou pra casa feliz, com cara de Gene Kelly em Cantando na Chuva, e postou uma frase filosófica em seu blog: Melhor se livrar bonito da mala do que carregá-la sem alças.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Veneno doméstico

Estávamos de mudança, e na quinta-feira a gente amontoou tudo que é nosso no quarto. À noite ela ficou com sede e tomou toda a garrafinha de água que deixamos do lado da cama. Mas a sede persistiu, e, sonolenta, foi tateando o chão até que achou uma garrafinha. No que ela tomou um gole já falou "Bebê, tomei um produto de limpeza", e começou a espumar. Era um desses alvejantes modernos. Ela ainda está internada e vai ficar com sequelas no estômago pra sempre. Só um gole faz isso, imagina a garrafa inteira.


:: 26.08.2010 :: historinha contada pela amiga Jils

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

MCPmate Musa Rebelde - cap. 2

Ela aceitou o desafio de escrever um conto na pele e fotografar. Vejam o detalhe, a sutileza deliciosa do contraste da tinta com a pele. E de quebra, ela ainda presenteia os leitores com um conto que estava bloqueado no blog. É um desses que só quem tem o livro podia ler. Em breve, mais revelações da deliciosa Musa Rebelde.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Reprodutor

Prestes a chegar no momento da "linha de corte", aquele em que os especialistas consideram todas as gestações de risco devido à idade (ainda mais por ser a primeira), Isabel começou a fazer uma lista dos "ex" e amigos, para saber quais seriam recomendáveis para sua produção independente. Aliás, qual seria o reprodutor ideal.

Não era só a lista. A cada nome associou vantagens e desvantagens, em fatores estéticos, genéticos, comportamentais e, não dá pra esconder: econômicos.

E não é que o amigo de tempos (tudo bem, a relação começou como um tórrido affair, mas evoluiu para uma amizade de coração) estava entre os tops da lista? E pelo carinho e admiração que nutria por ela, cogitou a ideia. Mas ele não podia suportar mais uma eventual pensão, então consultou um advogado, que foi taxativo: "Esqueça. Não existe um contrato, por mais amarrado que seja, que impeça um juiz de imputar a você o pagamento de alimentos. Na ótica da lei, o menor é que tem que ser protegido. E não tem mulher no mundo que, depois de um atrito, não te bote no pau. Ademais, ad probationem, existe o teste de DNA. Ou seja: é uma fórmula jurídica sem solução".

Informada a respeito, Isabel pensou num banco de esperma. Mas pediu aos "tops" da lista que fossem lá e doassem. Vai que...

:: 24.08.2010 ::

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Você passa por uma "oficina mecânica" instalada na rua e ouve coisas assim

- Quem cagou, puxou a descarga e arrebentou a cordinha?
- Eu sei quem anda fazendo cagada por aí...
- Eu não vou arrumar. Porra, pode cagar com força, mas a cordinha, puxa com jeito.
- O indivíduo que contaminou o banheiro por favor assume e vai lá arrumar.
- Que é viado já assumiu faz tempo, só falta assumir a cagada.

:: 20.08.2010 ::

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MCPmate - Musa Rebelde - cap. 1

Ela tem um quê de temperamental e misteriosa. Por isso se aproxima de mansinho, aos poucos, e quando você menos espera, chega avassaladora. Você vai ter essa sensação, porque aqui no MCP ela vai se revelar aos poucos e, impetuosamente, invadirá a tela do seu micro.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De galo a frangote em quatro segundos

Salete era moça simples, "de vila" como o pessoal costuma dizer pejorativamente. Mas tinha um quê de malvada que atraía. Gostava de fazer de tudo, e fazia com prazer; "safada" como o Zé diz elogiosamente. Levou umas amigas pra se encontrarem com o Zé e a turma num barzinho da moda. Mocinhas assim são ótimas pra barbarizar nesses ambientes.

Então chegou um amigo do primo do Zé metido a galo: "eu faço, eu comi, eu sou bom etc." Coisa insistente e cansativa. E continuava: "vamos no 'bar tal', onde vai ter monte de mulher gostosa pra eu pegar", dando a entender, na frente das meninas, que ali não estava bom.

Na mesa, discretamente, o Zé pediu pra Salete trocar de lado com ele e sentar perto do metido. Ressalte-se que ela não era uma mulher bonita, o que saltava aos olhos era um jeitinho vulgar carismático. O Zé então a incitou a passar a mão na perna do carinha até pegar no pau por cima da calça. Ela titubeou, achou excessivo, mas ele insistiu. Ela fez.

O chato começou a gaguejar e não queria mais ir embora. Grudou nela, que se fez de desentendida. Aí o Zé e as meninas resolveram sair, e o babão queria ir junto, aonde quer que fossem. O Zé indicou que ele seguisse o carro, mas no final das contas teve que deixar as meninas no Terminal Guadalupe, pois era meio de semana e não podiam esticar. No caminho, de agradecimento, o Zé ganhou um boquete.
 

:: 04.08.2010 ::

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Elza

Observo-a deitada, o contorno do seu corpo, os pelinhos dourados, fingindo dormir. Sei que é só charme, ninguém dorme assim com o traseiro empinado anunciando "vem!". Eu chego de mansinho, deito ao seu lado, livre das roupas, enlaço seu pescoço com força, ela insiste em fazer manha. Eu sussurro baixinho "só a cabecinha". Encaixe perfeito, fico louco, quero mais. Do nada ela vai rebolando, subindo e se empinando de quatro. Acompanho, e com movimentos rápidos o gozo vem. Quando desencaixo ela levanta feliz, sai berrando. Abro a porta e ela corre graciosamente pelo pasto, toda safada, minha cabritinha Elza.

:: 09.07.2003 ::

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Só quer saber de transar

O Zé e a Dani estavam naquela fase do amor de pica. Onde quer que estivessem davam um jeito de transar: sofá da sala com os pais em casa, corredor do prédio, quartinho dos fundos da casa da tia em dia de churrasco... Hormônios bombando e muita atração mútua.

Nem precisa dizer que quando saíam sábado à noite era direto pro motel, mesmo porque ela tinha de estar em casa à uma da matina. O pai era controlador, como se isso resolvesse alguma coisa. Um belo dia ela reclamou que queria ir no cinema, num barzinho... viver como as pessoas faziam, e não ficar só enfurnada no motel.

Então naquele sábado, na hora do banho, logo antes de buscar a Dani, o Zé bateu aquela no chuveiro, pra desopilar e levá-la no barzinho isento de tensão sexual. Mas sabe-se lá por que, depois da segunda taça de vinho ela quis porque quis ir ao motel. Expor a estratégia onanística, nem pensar, então o Zé não disse nada. Lá chegando, o desempenho não foi o mesmo. No meio da segunda a coisa ficou meia-bomba (na faixa dos 18-19 e apaixonado, neguinho dá até terceira).

A Dani caiu em prantos achando que ele tinha saído com outra à tarde, ou que estava perdendo o tesão por ela. Seguiu-se uma DR que consumiu as duas horinhas de motel que restavam para aproveitarem a banheira.

:: 04.08.2010 ::

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Balada curta

A fonte era do Nelsão. Veio miada e fraquinha, quase não bateu. Jogamos um sinuca, voltamos pro bar do Altair, tomamos mais duas e deixei o Animal em casa. Daí fui pra casa da Cidinha, que é um comes antigo e que tem uma filha que é modelo e até saiu em uma porrada de revistas. A guria é simplesmente uma das mulheres mais lindas que existem. Quando eu e a Cidinha estávamos esquentando, a filha chegou que só chorava. O pai tinha acabado de a deixar em casa, acho o cara um grande filhodaputa. Daí não tinha mais clima. Tive que ir pra casa e me contentar "assistindo" sex time.

:: 09.04.2003 ::

terça-feira, 27 de julho de 2010

Moça simpática e bonita

A situação está difícil com a menina com quem divido a casa porque o namorado dela resolveu implicar comigo. Pago por ser simpática e bonita. Levei umas investidas do cara e, mesmo com certa vontade, rejeitei. Explico: não é fácil cruzar com homem bonito de cueca no corredor da própria casa de noite. Mas rejeitei. E o cara começou a inventar histórias de que uso roupas curtas demais, de que não sou boa companhia pra sair com a namorada dele e até uma de que um dia eu, sentada na escada da entrada da casa (de minissaia, o que é normal), mostrei a calcinha quando ele entrou. Disse que me repreendeu por isso, coisa que nunca aconteceu. O que aconteceu mesmo foi ele me convidar para ir pro motel no dia em que me deu uma carona. Fiquei com uma gastura diante de tanta cara de pau. Ou arrumo outra pra dividir a casa ou dou de uma vez e acabo com essa tensão.

:: 27.07.2010 ::

sábado, 24 de julho de 2010

Revelação

Para encerras esta II Semana da Contribuição MCP, vai este continho estimulante do amigo Ragas, do Palavra por Quilo. Ele também tem livro lançado (a.C d.C), talento de sobra e já apareceu por aqui antes. Andava meio sumido e, pelo que se vê, voltou à blogosfera com tudo!

O homem já observava aquela garota há dias. Na fatídica noite escondeu-se perto de um terreno baldio, onde à espreita, tal qual uma ave de rapina, aguardou a menina de seios e bunda volumosos passar. Quando ela chegou, pulou sobre seu corpo, levantando sua convidativa saia e rasgando-lhe a calcinha. A menina começou a gritar, mas, dessa vez, o grito não era igual ao das outras vítimas; era diferente, até broxante:
-Isso! Vai! Me fode gostoso! Assim de quatro! Nem quero ver a sua cara! Vai!

Não entendeu a reação da menina. Ela deveria estar apavorada. Curiosamente, aqueles gritos convidativos não lhe fizeram bem. Pelo contrário; levantou-se desanimado e já sem ereção alguma.

No dia seguinte, internou-se numa clínica para viciados em sexo. Ao chegar à primeira reunião, não acreditou no que viu. Lá estava, no palco, a menina da noite anterior:
- Oi, meu nome é Sheila e eu sou viciada em sexo!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como nas cavernas

Nepotismo no MCP. Esse conto é do meu primo Júnior, de Getulina - SP, também conhecido pela alcunha Bun, ops, Dabun. Perguntem para ele porquê. Ele é o autor do blog homônimo, e é um figuraça. Um dia vimos gnomos juntos à beira da praia. Mas isso é outra história. O continho dele aparenta um forte toque autobiográfico, mas deixem que ele se manifeste.

Parece que foi ontem. No início dos anos 90 eu possuía uma vasta cabeleira, encontrava-me entre dezessete e dezoito anos, tudo era fácil, o rosto sempre bronzeado, o corpo que não era hercúleo, mas pelas constantes partidas de futebol, estava sempre em forma, as ideias férteis borbulhando em minha cabeça ativa.

Foi em uma excursão para Sampa que eu a conheci, dentro do ônibus, na ida. Ela não parava de me encarar e eu retribuía em galanteio. Chegando à capital, em um shopping, ela passeava de mãos dadas com um moçoilo, trocando beijos e abraços.

Passeio feito, voltamos ao ônibus e antes de sair da metrópole os olhares voltaram. Como eu não tinha nada a perder, pedi a um colega que me apresentasse a garota. Após trocarmos algumas palavras lembrei que não tinha muito tempo, pois a viagem seguiria em frente. Usei de toda minha criatividade e sutileza:
- Quem era o garoto que estava contigo no shopping?
- Meu namorado, ele mora aqui – ela respondeu.
- Quem, o corno? – eu complementei.

E ela olhando assustada disse:
- Mas eu nunca o traí.
- Mas sempre tem a primeira vez, arrisquei.

Então ela me olhou com um sorriso sem vergonha e disse:
- É, sempre tem.

Voltamos no mesmo banco, trocando mais do que conversas. Ela era bonita, um pouco acima do peso, confesso, mas com um bom papo, inteligente, diria que muito interessante. Pena que depois daquele dia, não nos falamos mais, morávamos em cidades diferentes.

Infelizmente o tempo passou e nunca mais utilizei desse subterfúgio para conquistar outra garota. Conquanto o que mais me entristece em tempos de "fico" é que a rapaziada de hoje não conhece os prazeres da conquista.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Da fruta que mais gosto

Em continuidade à II Semana da Contribuição, esta pequena obra lírica do amigo Toninho Moura. Ele escreve livros de verdade no blog Dicas Sobre Nada.

Sempre que me perguntam se gosto delas, respondo com convicção: "A-do-ro!"
Não tenho hora nem lugar específico para comer uma. Como sempre que posso.
Elas podem ser vistas e admiradas na cidade, mas prefiro apreciadas à beira-mar.
Lá posso vê-las mais de perto e observar a variedade das suas formas.
Algumas são mais achatadas, outras mais bojudas, outras mais redondas, outras mais ovaladas.

Para comer uma delas há quase sempre um ritual, um pouco diferente de um lugar para outro, mas que só aumenta a expectativa e o prazer de tê-la nas mãos.
Ao abri-la, é preciso jeito e carinho para não machucá-la. Segure cada lado com cuidado e, vagarosamente, separe um do outro, revelando, como prêmio mais cobiçado, os tecidos macios e delicados dos lábios rosados.
Resista à tentação de mordê-la imediatamente.

Toque os lábios com a ponta da língua e sinta o sabor levemente adocicado. Desça a língua vagarosamente, passando por todas as dobrinhas.
Perceba que o gostinho salgado vai ficando ácido e torna-se amarguinho no final.
Volte lambendo de baixo para cima, sem pressa, e depois a envolva com a boca, mordendo-a suavemente.
Coma-a a seguir ou repita os passos anteriores quantas vezes quiser.

A natureza mostra sua perfeição quando as faz todas parecidas, mas nenhuma igual a outra.
Além de variarem na forma, são diferentes nas nuances do sabor.
Para conhecê-las a fundo e poder falar sobre elas, não basta comer uma só.
Quanto mais as comer, mais as desejará.
E, quem sabe um dia, encontre uma especial, que lhe dará, de presente, uma pérola.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Esperteza

Atendendo ao clamor popular, iniciamos hoje mais uma, a II SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP. A autora deste (delícia de continho) pediu anonimato. Botou a culpa na ruiva, mas achamos que é receio da rapaziada fazer fila no blog e no twitter dela. Mais um segredo que guardaremos até o túmulo. Apreciem e comentem sem moderação, que amanhã tem mais.

A ruiva entrou na minha vida faz tempo. Éramos amigas até o dia em que resolvemos tomar um sol no quintal e eu pensei: que gostosa. E a safada queria é saber da minha vida entre quatro paredes, e eu contando tudo. O problema é que a ruiva é de poucas coisas, e eu sou é de todas as coisa. Deixe-me explicar: a ruiva só gostava de homens. Eu? Bom. Eu gosto é de sexo com gente gostosa.

Mas a danada estava um pouco a me provocar, eu notei e pensei: comigo não se brinca. Inventei de armar uma pra ela. E uma bem armada, em que eu ia me dar bem, mais do que já me dei nessa vida.

Chamei a ruiva pra uma balada, ela topou. Começamos na cerveja, depois veio a caipirinha e ela querendo saber dos meus detalhes, aquelas coisas. Eu eu só instigando os dela. E foi aí que passou na nossa frente o moreno. Alto, sorriso de derreter o coração, minha gente. A ruiva gamou e eu senti: mordeu a isca. Ajeitei os peitos na blusinha, armei-me toda e fui lá, eu com minha morenice, me mostrar ao lado do moreno. “Ele tem que me querer”. E ele quis. Dei um jeito de ficarmos as duas, eu e a ruiva, na frente do moreno, que era pra ele ficar confuso e desejoso de uma e de outra.

A festa acabou e eu ofereci carona para o moreno. A ruiva estava lesada, bêbada e sorridente. O moreno sentou no banco da frente, e a ruiva, antes de pular pra trás, falou no meu ouvido “que que você tá fazendo?”. Eu ri. “Deixa comigo”.

Inventei que era cedo, que ainda era tempo de encher a cara e paramos num posto. Comprei vinho e toquei pra um lugar onde, mais tarde, dava pra ver o sol nascer, jurei. 
O moreno abriu a garrafa, “mãos grandes”, eu pensei. Depois do primeiro gole, ele chegou pra perto de mim e eu só sussurei no ouvido (a ruiva atrás, curiosa) “é com as duas, você topa?”.  É claro que ele topou. Aceitou mostrando aquele sorriso que ai meu deus. Só homem bem burro é que não topa uma coisa dessas.

A ruiva, atrás, apreensiva. Ainda vi a cara dela quando ele me tascou um beijo. De língua, segurando a minha nuca e com a outra mão já  nas minhas coxas, me segura!

Ela já ia desanimando, pensando que estava numa roubada, quando eu chamei, com aquela cara de safada: vem cá. Lembrei que quem estava no banco da frente eramos nós, e então pulamos pro banco de trás, cercando a ruiva, sem dar tempo de ela responder se queria. Mas ela quis. E como quis! Depois de meia hora de pura sacanagem, desistimos de esperar o sol nascer e partimos prum quarto de motel. Ninguém reclamou.

Às vezes, minha gente, o que falta é só um empurrãozinho.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bala

Tiozão na balada jogando conversa em cima da menina. Entre uma e outra investidas do galanteador ela pergunta: "Tem uma balinha aí?"

Ato contínuo, o tiozão oferece um halls, já imaginando aquela brincadeira de fazer com o extra-forte no sexo oral.

A menina, entre decepcionada e admirada, se despede a vai à procura de uma vítima mais antenada.

:: 15.07.2010 :: historinha contada pelo amigo Marlus

terça-feira, 13 de julho de 2010

Aquilo que uma mulher só diz numa noite ardente

Toda linda e produzida para uma noite ardente de sexo. E tudo aconteceu maravilhosamente como fantasiou. Extasiada pela pegada forte, no calor do momento, no ápice do prazer, ela quebrou o último dos tabus, aquele que horroriza até a mulher mais libertina, e entre gemidos incitou o amante:
- Vem, meu macho, goza no meu cabelo!

:: 13.07.2010 ::

terça-feira, 6 de julho de 2010

O escriba (em HQ) - parte 2

Segunda parte da odisséia em HQ. Para ler o conto original, clique aqui.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O escriba (em HQ) - parte 1

Continua...
Dando sequência ao desafio de transpor MCPs para o formato HQ (histórias em quadrinho, graphic novel), o Marco Oliveira, do Overdose Homeopática, escolheu O escriba, em que usou um traço bem cru e intimista, bem ao estilo Frank Miller, que transfere forte a atmosfera de violência do conto. Hoje publicamos a 1ª parte. Clique sobre a imagem, e depois de aberta, clique de novo sobre ela para ampliar. A 2ª é de arrebentar. Aguarde!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Alergia, alergia

Anos 70, o cara tinha alergia a vidro. Coisa estranha. Então ele tomava, em insípidos copos de plástico, todas as coisas em que as pessoas exigiam requintes cristalinos: escotches, champanhas, cabernetes, tudo em copos de plástico.

Um dia ele ficou doente e, no hospital, enfiaram-lhe um termômetro na boca, e veio o choque anafilático, e o entubaram com vidro, e ele morreu em segundos.

Como pode alguém padecer de um mal tão estéril? Aos tubos catódicos não, mas aos LCDs e LEDs ele teria sobrevivido.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

MCPmate Musa Rebelde

As fotos da Musa Rebelde serão postadas em duas oportunidades, não necessariamente simultâneas. Esta que vocês têm o prazer de fruir, mais discreta e comedida. A próxima, reveladora. Aos marmanjos e babões de plantão o recado que ela dá é taxativo: "Se é bom assim só de olhar, imagina como foi escrever".

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Dói só de pensar

Essa vida é uma droga. Cansei de fingir que está tudo bem e que a vida é boa. Cansei de mim. Não aguento a pressão. Me sinto muito mal, tanto física como psicologicamente. Por causa de um FDP minha vida virou de pernas para o ar. Meu natal foi horrível, o ano novo pior ainda. Foi na véspera que recebi a notícia.

Há um ano eu tinha um namorado, estivemos juntos por mais ou menos três anos e a gente pretendia ir para os EUA, ele ia fazer um curso. De repente, sem mais nem menos, ele me comunicou que estava indo. Na época eu não entendi. Ele voltou agora para os feriados de final de ano, um dia chegou em casa e eu estava pronta para sair com meu novo namorado. Ele ficou puto da vida, discutimos e ele me contou que estava com AIDS e que possivelmente eu também. Discutimos violentamente, cheguei bater nele.

Fui fazer exames, e acabou que deu positivo. Desde aquele dia tenho vivido um inferno. Minha vida mudou, tem dias que estou bem, tem dias que estou otimista, e tem dias que quase é só enjôo e azia, reação ao coquetel.
 
Tive que contar ao meu namorado, se bem que ele não corria risco porque sempre usamos proteção. Ele fez exames e está limpo, mas nossa relação mudou depois que soube. Por isso resolvi acabar o namoro. Sou soropositiva, solitária, atormentada, e só não estou completamente sozinha porque tem um fantasma sempre comigo.

:: 17.02.2004 ::

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A balada das minhas origens

Estamos meio atrasados, mas vai lá: O Sandi Bartnik Godinho (camarada daqui de Curitiba que tem nome bacana que lembra "beatnik") lançou o desafio e nos indicou para dar início à aventura, aí nos esforçamos para não perverter demais o tema no primeiro capítulo, e passamos a bola para a amiga Menina Misteriosa, e aí a coisa tá andando sozinha organicamente. Vai virar uma novela ou romance de 41 autores. Pode imaginar onde vai chegar?

Minha certidão de nascimento foi maculada pela expressão Pai Desconhecido. Hoje em dia pode não parecer grande coisa, mas, naquela época, era o que precisava para meio mundo me chamar pelas costas de "filho de uma prenda desmiolada". Quantas e quantas vezes acenei de cabeça e concordei calado quando em roda de conversa algum interlocutor benevolente, sem saber minha condição, dizia "Mas pra quê colocar isso na certidão? Vai condenar o coitado a vida toda. Invente um nome qualquer, João da Silva que seja".

Minha cidade de nascimento é Quaraí, está ali na certidão. Fica perto de Santana do Livramento e da tríplice fronteira. Cidade de índio-velho, como minha boa mãe costumava dizer quando eu perguntava das origens. A propósito, minha mãe tinha lindos olhos azuis ofuscantes. E foi a força persuasiva desses olhos que nos libertou de viver praticamente enclausurados na casa de meus avós. Não tenho lembrança deles, pois antes que eu completasse três anos minha mãe aproveitou a passagem de um viajante abastado e conseguiu condução e teto para nós dois no Estado do Paraná. Saímos fugidos da casa de meus avós, e como minha mãe era temporã, nem por foto os conheci.

Quaraí é uma palavra linda, de origem Tupi-guarani e significa: "rio das garças", o que aprendi depois de pesquisar muito na escola do bairro São Francisco, em Curitiba, onde o viajante nos instalou e onde vivemos por muitos anos. O clima é parecido com o da minha terra natal, frio cortante, mas desde os anos 60 é uma cidade grande, o que fez a vida de minha mãe dar uma guinada. E me isentou de muitos problemas na infância e adolescência, pois nada é pior do que ser conhecido como filho de uma mãe-que-ronca-e-fuça.

O São Francisco é o bairro mais antigo de Curitiba no que se pode chamar de paisagem urbana. Desde o início do século XX já era conhecido com esse nome, e desde que nos instalamos num sobrado gélido e de pé direito alto, minha mãe passou a frequentar a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas.

Desde cedo chamei o viajante de pai, e não é preciso muito discernimento para deduzir que o Sr. Cândido Schahin só passava em casa um final de semana a cada quinze dias, e que superada a adolescência eu já inferia que ele mantinha outra família. Outras talvez.

Minha mãe foi batizada Querência, tinha lindos olhos azuis, corpo de menina, muito tempo livre e duas características de personalidade que, juntas, compõem uma mistura explosiva: senso prático e egoísmo.