sexta-feira, 30 de março de 2012

Até que provem o contrário, ele comeu todas

Presente de aniversário que ganhei da Patrícia. Veio dar mais cor (fatal blonde) ao MCP. Obrigado!

Juarez não teve sorte com o nome, apresentava-se com alguma dificuldade para as garotas. Até descobrir que nome não importava para a maioria delas, mesmo porque, no dia seguinte ninguém se lembrava de nada.
- Nós transamos?
- Onde estou?

Vestia-se com certa irritação estendendo a calcinha e o sutiã para a extraviada. Seu sorriso sarcástico respondia.

E foi levando assim, cansado daquela ausência depois do sexo, mas o estoque de camisinhas ainda acabava com certa rapidez.

Até aquele dia.

Quando nem a chuva fina atrapalhou seus planos. No barzinho que os amigos escolheram chegou um tanto desanimado. Mas não foi o som de Jimi Hendrix que o animou. E na brincadeira de caçar, Juarez pela primeira vez foi caçado. Envolvido na silhueta à sua frente, não conseguiu desviar o olhar dos seios dançantes, fartos, pele branquinha. Imaginou o bico rosado. Ela se aproximou de mansinho, como uma leoa atrás da presa.

Sob os lençóis, sóbrio como nunca esteve, lamentou o sono profundo da Deusa. O estoque de camisinhas ficou intacto naquela noite. Mas o dia seguinte não foi tomado pelo vazio.
- Nós transamos, Juarez?

Estendeu a lingerie e a galega de pele macia compreendeu, respondendo com um beijo quase apaixonado. O segundo encontro aconteceu não tão logo quanto desejou. E desta vez ela lembraria mais do que seu nome...

Depois de tanta selvageria, algumas camisinhas decoravam o tapete.
- Nosso primeiro encontro foi tão orgástico como este?, perguntou curiosa, com um brilho intenso nos olhos.
- Igualmente delicioso! E desta vez nenhuma camisinha se rompeu.
- Hum, isso explica porque estou grávida de você, querido!

"Jamais diga uma mentira que não possa provar."
Millôr Fernandes

terça-feira, 27 de março de 2012

A ré assassina do Polaco - mais ou menos assim

Foto de Miriam C. de Souza.

A brasília só andava abastecida de álcool. Mais precisamente: o motorista abastecido. Nunca atropelou ninguém, embora em certas noites de fuzarca atravessasse o setor exclusivo dos ônibus do terminal Guadalupe em alta velocidade, soltando faíscas pra todo lado quando a lata do assoalho roçava o chão pavimentado de granito (“paralelepípedo”, como diz o curitibano). Enquanto isso, na terra em que bandidos pregam o politicamente correto, a ordem é endurecer a lei seca.

:: 27.03.2012 :: 

quinta-feira, 22 de março de 2012

A ré assassina do Polaco - parte 2

Um dia o Polaco estava com a inconfundível brasília amarela no sinaleiro num cruzamento com subida acentuada e deu o problema no câmbio. O pessoal ficou atrás buzinando, ele se afobou, achou que tinha engatado a primeira e acelerou. Estava na ré. O carro desceu com tudo num sedã novinho logo atrás (provavelmente buzinando de monte). Com o susto da batida ele engatou a primeira. Não por malandragem, mas por desespero, devido à total penúria financeira, seguiu em frente o mais rápido que podia e nem olhou no retrovisor para registrar o problema (sim, existe um dilema ético nesta história).

Coincidência foi um amigo nosso, que sabia do caso da "ré assassina", chegar no escritório uns dias depois e encontrar um colega transtornado, contando o motivo para todo mundo ouvir: "Um dia desses o carro da minha mulher estava atrás do meu na garagem. Na pressa saí com o dela mesmo. Ela tinha que ir ao shopping e foi com o meu. Quando cheguei em casa e vi a frente detonada, ela me veio com o papo de que um louco numa brasília deu uma ré no sinaleiro, bateu com tudo e fugiu. É o que me faltava! Estou só esperando o coitado em que a barbeira encheu a traseira aparecer e me cobrar o conserto ".

Por amizade, nosso amigo guardou o segredo. Mas chegou à conclusão, naquele momento, que muitas vezes as mulheres, que invariavelmente dirigem com mais cuidado, são injustiçadas quando o assunto é trânsito.

:: 01.03.2012 ::

segunda-feira, 19 de março de 2012

A ré assassina do Polaco - parte 1

O Polaco foi o último da turma a tirar carteira de motorista. Esperou até os 25 anos. Eu cheguei a pensar que ele tinha um trauma ou coisa parecida, pois costumávamos agendar a autoescola e o exame antes mesmo de fazer 18, pra chegar à nova idade já com "o poder".

Então ele comprou uma brasília amarela (muito antes da moda lançada pelos Mamonas). Pense num carro feio e estourado. Mas o importante é a mobilidade e tudo que ela proporciona, certo?

A brasília trouxe benefícios para a vida sentimental do Polaco. Lembro do dia em que eu voltava de uma festa num sábado pelas duas da madruga e testemunhei uma cena em frente ao restaurante universitário, onde rolavam uns bailões alternativos. A estrela desses bailes era uma mulata de um metro e oitenta ornamentada com longos dreads, linda e imponente. Às vezes as portas da brasília não abriam, e o Polaco (e quem o acompanhasse) acessava o carro pela porta do que seria (mas não é, numa brasília) o porta-malas. Pois o que testemunhei foi o Polaco segurando a tampa traseira e a mulata de pernas longilíneas engatinhando carro adentro. Me limitei a buzinar e a gritar “Aí, Polaco!”

Para complicar a situação, a brasília tinha problemas no engate da primeira e da ré, que ficavam bem próximas no câmbio. Às vezes ele perdia um tempo no sinaleiro se batendo entre uma e outra, com o pessoal buzinando atrás. Isso deixa qualquer um estressado.

(continua...)

sexta-feira, 9 de março de 2012

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Um violão esquecido no canto do quarto
Uma motocicleta empoeirada no fundo da garagem
Uma mulher enclausurada num convento
São todos seres tristes
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quarta-feira, 7 de março de 2012

Luto pelas namoradas de papel

Tem coisa que só tem graça fazer quando não se tem idade. Na nossa época era entrar no cinema nos filmes pornôs (ou maiores de 18 anos) e comprar revista de mulher pelada. Tinha todo um ritual para chegar na banca, ficar ali sem saber o que dizer pro jornaleiro, escolher a revista meio que sem olhar direito, colocar debaixo da camisa e ir pra casa. Passar pela sala disfarçando aquele volume esquisito e ir direto para o quarto ou banheiro.

Eram inesquecíveis nossas namoradas de papel. Cada um desenvolvia uma técnica, porque não era fácil segurar a revista com uma mão e virar as páginas enquanto a outra trabalhava. Eram paixões insanas e sem limites. Com elas não tinha esse negócio de tempestades emocionais, discussões ou ciúmes. Quando alguém enjoava da revista, sem problema emprestava para os amigos. E o amigo ficava feliz ao receber, mesmo com as páginas grudadas.

Com a playboy era diferente porque “tem matérias interessantes, não é por causa das fotos”. A gente já estava no colégio e tomava a liberdade de folhear quase que publicamente. A playboy pulava de mão em mão nos intervalos das aulas, entre risinhos das meninas (algumas até se encorajavam a folhear). Constrangedor mesmo era quando chegava ao Juninho, nosso colega mais afeminado quase que saindo do armário. Ele não deixava de folhear a revista, mas dava para perceber o interesse forçado e um certo nojo nas pontas dos dedos.

Hoje as revistas de mulher pelada ou de sacanagem perderam o sentido. É só navegar na internet e estão todas lá, mostrando e fazendo tudo que qualquer mente pervertida imaginar. Nunca mais teremos a inocência e o romance das namoradas de papel.

:: 05.05.2008 ::

sexta-feira, 2 de março de 2012

Trabalho secreto

Da minha amiga e "mainha" Vampira Dea

Eles trabalhavam juntos há algum tempo, ela via nele o exemplo do homem que não queria de jeito nenhum, comprometido, lindo demais, galinha demais. Não era homem pra ela, recatada e cheia de pudores. Um dia em um passeio comemorativo da empresa estavam na praia, ela resolveu dar um mergulho, quando voltou à tona deu de cara com ele. Sem nenhum escrúpulo ele disse "Deixa eu ver".

Ela como que hipnotizada baixou a calcinha do biquíni, ele só fez esticar a mão e com cara de paisagem pra ninguém notar, deslizou os dedos de leve o que a fez tremer, corar e gemer um miadinho baixo. Aí ele olhou pra ela e disse: "Tem umas pedras ali, venha". Sem parar pra pensar, em uma piscininha natural, se pegaram como loucos num breve espaço de tempo, que a fez ficar viciada dali por diante, qualquer lugar em que estivessem, em qualquer circunstância, era motivo para trasarem. Banheiro, mesa do chefe atrás da porta, bastava ele olhar e ela dava um jeito de ficar pronta, muitas vezes na posição, de pé e de costas, apoiada em alguma porta, estante, parede, pernas afastadas, úmida, ansiosa já que não dispunham de tempo e a graça dos dois era o perigo, sempre esperando ser devorada por ele que só tinha o trabalho de levantar a saia e puxar um pouco a calcinha pro lado. Na verdade ele estava tão viciado quanto ela, um dia na pressa esqueceu de tomar banho, e foi encontrar a noiva. Mulher conhece e logo sentiu o cheiro da outra, enxotou ele pra nunca mais.

Pediu a colega em namoro mas ela não quis saber dele assim tão descompromissado.