quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Esporte radical de farofeiro - parte 2

Aquecimento - tá servida, madade?
 Após a impressionante descida da Graciosa em que praticamos o inédito surf de kombão, chegamos a Porto de Cima perto do meio-dia, sol a pino. O bom é que o rio estava alto e com boa correnteza. Negociamos com um alugador de boias (na verdade, câmaras de caminhão) que nos levasse com nossa viatura até um ponto alto. E compramos mais umas latinhas.

Prontos para a grande aventura
Valentes que somos, do ponto em que a kombi parou (é uma estrada pavimentada com pedras de rio e bem irregular) subimos a pé mais uns dois quilômetros. E começamos a descida. Todos já tínhamos uma certa experiência no esporte, mas com uma garrafa de conhaque e a cervejada na cabeça tudo ficou meio lúdico. E dá-lhe enfrentar corredeiras e ralar a bunda nas pedras. Ressalte-se que não havia, na época, preocupação com capacete, colete salva vidas, nada disso. A segurança era na base da camiseta, bermuda grossa e tênis velho.

Jeito politicamente correto de praticar
o "esporte"- Fonte: Paraná Online
Nossa ideia era voltar a tempo de comer um barreado no restaurante da Dona SIroba, mas exageramos na subida, ou seja, chegamos depois das quatro em Porto de Cima. Mais umas latinhas pra rebater a fome e decidimos subir pra Curitiba direto e encarar um rodízio de carne.

Pareceu bastante racional a decisão, não fosse o fato de estarmos de barriga vazia e com toda aquela inundação etílica. Dos outros eu não sei, e do Renatão, que continuava dirigindo, não quero nem pensar, mas mal a kombi começou a andar deitei no assoalho de ferro e só fui acordar na porta da churrascaria.

:: 26.08.2010 ::

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esporte radical de farofeiro - parte 1

Reparem onde ele está sentado
Sábado ensolarado, na falta do que fazer eu estava na oficina acompanhando o balanceamento do opalão, quando o Renato me liga e diz que um amigo tinha alugado uma kombi para uma mudança, que já tinha terminado, e que a gente teria até segunda para aproveitar. A proposta era descer a Estrada da Graciosa até Morretes e fazer boiacross no Nhundiaquara. Topei, óbvio.


Perto do meio-dia os caras chegaram em casa, já emborcando uma garrafa de conhaque na amplidão da kombi. O Renatão na boleia, o Oscar de copiloto e atrás nos amontoamos eu, o Ygor e a bagagem. Explico: por causa da mudança, os bancos de trás da kombi tinham sido retirados.

Daqui ninguém me tira
Pra quem não conhece, a Graciosa era a antiga ligação de Curitiba com o litoral, uma estrada antiga pavimentada de pedra e cheia de curvas, cravada na Serra do Mar. Logo na descida, diante de tanto "espaço interno", inventamos de "surfar" com o movimento da kombi nas curvas. Só bêbado pra ter uma ideia de jerico dessas. O Renato xingava que a bagaça ia tombar com tanto balanço enquanto nós (o copiloto já tinha puladou pra trás pro agito) tentávamos nos equilibrar e tomávamos pacotes no assoalho da kombi.
Pose educativa no Portal da Graciosa

Demos umas paradas no caminho, em cada uma delas carregamos a kombi de cervas e tiramos fotos. Em geral educativas.

(continua)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bestialidade de butique

Conseguiram uma mulher para fazer a cena com o dinamarquês (não um estrangeiro, mas um cachorro). Ela disse que já tinha experimentado, que aguentava de tudo. Era meio caidaça, mas ninguém esperava uma princesa para uma cena daquelas. Prepararam a produção (era coisa barata, ao ar livre), câmeras, "booms", deram uma maquiada (rebocada) na "atriz" e começaram a rodar.

Ela chamava o cachorro dando uns tapinhas na bunda, "vem, vem". E de repente o bichão foi, enorme e todo malhado. No procura-procura encontrou o buraco errado, o que não pareceu um problema pra atriz. No começo. Então aconteceu aquele lance — não sei por que os cachorros ficam enroscados quando trepam — e o bilau prendeu nela. O cachorro deu aquela virada deixando o pinguelo para trás que nem rabo, e começou a puxar na direção contrária, arrastando a "princesa" você sabe por onde. Quase vira ela do avesso e nada de soltar. O pessoal da produção percebeu que o "ai, ai, ai" não era mais fingimento de prazer e foram ao resgate. Puxaram o cachorro por um lado e a mulher pelo outro e... nada. Só esticava mais o "couro".

Foi aí que alguém teve a brilhante ideia de jogar um balde de água gelada em cima, como a velha da rua fazia para acabar com a festa da cachorrada. Deu certo, para alívio da atriz e, também, do pessoal que assistia à bizarrice.

:: 26.06.2007 ::

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MCPmate Musa Rebelde - cap. 3

Ela nos surpreende constantemente, e deve surpreender você agora. Esta foto da Musa Rebelde vem num momento bastante oportuno. É um packshot (sentido duplo, neste contexto) num momento de mudança: muito em breve a Editora Livronovo lançará sua loja virtual, onde a versão 14 x 21 cm (luxo) do épico da literatura vadia, o livro MiniContos Perversos & Outras Licenciosidades, será vendido com exclusividade. Ou seja: se quer comprar direto do autor, com preço mais bonitinho, APROVEITE AGORA. Agradecemos a Musa Rebelde pelo arrepio (reparem) e por colocar nosso humilde livro em posição tão privilegiada. Na próxima publicação ela sairá do anonimato. Aguardem.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Até de longe você ainda causa confusão na minha vida

Fomos pra Floripa no feriado, e numa das tardes estava na beira mar no centro com a namorada do meu primo e uma amiguinha adolescente. Passou um cara de moto amarela, parecia você, e eu VI NITIDAMENTE QUE ERA VOCÊ. E o cara na moto amarela dava voltas na beira mar, passava pela gente e retornava.

Pensei "é ele, vamos tirar a prova". Você estava passando e o jeito foi provocar, então levantei a blusa e mostrei os peitões (sabe que eu vivo sem sutiã) — e agora eles estão túrgidos devido ao "ser receptáculo" em que me tornei, serei mãe e parece que de gêmeos. Você reduziu, passou, demorou um pouco e voltou com uns amigos.

Foi a maior vergonha quando o cara tirou o capacete, Shoei preto que nem o seu, e não era você. E já foi intimando. Pra piorar a situação o maridão chegou logo depois, e o sujeito, nada gentil, disse que eu tinha mostrado os peitos. No meio da confusão armada falei "Nada a ver, foi um bicho que entrou na blusa e eu me assustei". Agora terei que usar sutiã para sempre, até pra dormir. Então me diz aí a placa da sua moto.

:: 14.09.2010 ::

sábado, 11 de setembro de 2010

A primeira vítima de Veralice

Fechando esta conturbada III Semana da Contribuição, esta delícia de conto (nem tão MCP porque é longo, é conto e ponto!) dele e dele.

- Estamos entendidos?
- E se eu não quiser? Digo, não tenho nada a perder... Se vai me matar de qualquer jeito, não preciso cooperar.
- Depende. Se você fizer tudo direitinho, te deixo ir.
- Como assim, tudo direitinho?
- Contar tudo com franqueza.
- Entendi... Mas como sei que cumprirá com sua parte do trato?
- Você não sabe. E não sei se notou, mas não tem escolha.
- ...
- ...
- Tá. Mas e tem que ser nessa situação? Pelado? Tá frio aqui...
- Isso é pra denotar a pequeneza dos homens! O mundo machista e subserviente ao falo, destituído de ereção! E então, o que vai ser?
- Tá bem... Pra onde olho? Ali?

Meu nome é... Preciso dizer meu nome verdadeiro? Não? Tá. Meu nome é Tony e eu sou um cafajeste. Acho que essa vai ser a primeira e única vez que vão ver um homem – verdadeiramente – assumir isto. Nunca assumimos defeitos que julgamos ser uma falta da sociedade. Culpamos nossa forma dissimulada e canalha com as mulheres por causa daquela ladainha histórica da poligamia, instintos masculinos e o caralho. Uma grandessíssima balela, maior até do que aquela “Poxa, sabia que sonhei com você?”, que entoamos quando queremos foder uma de vocês. Física e psicologicamente.

Eu dizia que sou um cafajeste porque tudo que pude fazer na vida pra conquistar o sexo oposto – e entenda sexo como gênero e órgão – eu fiz. E me tire dessa vala comum, dos tipos de cafajestes que as mulheres gostam hoje em dia. Sou cafajeste à moda antiga, que se traveste de personagens que não sou pra conseguir uma trepada. Sou daqueles que sente um frio na barriga só em pensar no flerte, no que fazer em caso de receber uma resposta negativa. Ah, quando isso acontece, meus ânimos se acirram e toda minha criatividade trabalha em prol da sedução, da vigarice. Lembro que em muitas vezes já havia perdido o encanto e até o tesão na mulher, mas isso não importava mais. O que eu queria era o deleite de derrotar o adversário, no caso, a adversária. E por que isso, se a vontade do prazer, de foder é efêmera? Porque a beleza nos leva a fazer isso: o egoísmo; o egocentrismo tem beleza! Vê-las seduzidas e apaixonadas é o grande barato! E isso, ah, isso vale a pena em troca da sensação enclausurante quando uma acaba se magoando, o que é frequente. Por algum tempo até achei que tudo isso era uma grande carência – a muleta da modernidade.

Mas quando me toquei que igual a todo mundo, eu falava que era carente 24 horas pra me livrar de algum rancor ou ressentimento, achei um grande clichê e resolvi assumir que sim, eu gostava mesmo era de sacanear o mulherio.

De qualquer forma, não consigo crer que a mulherada não saiba onde pisa. Porra, só vai ser seduzido quem se deixa seduzir. Por exemplo: a essência do meu cinismo é a aquela do não custa nada tentar. Não vejo o mínimo trabalho em ter de demonstrar um falso afeto, como palavras floreadas, pseudoprantos (armas que uso com frequência), dizer falsos Eu te amo!, Pensei em você o fim de semana todo!, chorar balbuciando, aparecer de supetão na casa dela com um buquê, escrever um poema brega etc. Se eu percebo que isso é preciso pra conseguir meu troféu, a calcinha se desembaraçando pelas pernas e a primeira visão da xoxota, nem hesito!

Daí, você que vai me assistir, vai se perguntar se é possível confiar em algum homem, mas já te digo que essa possibilidade é ínfima, só conheci dois homens leais e fieis a suas mulheres em toda a minha vida. Ou seja, menos que zero vírgula um por cento de nós. A solução? Mantenha seu score alto, traia ante de ser traída, não perca as oportunidades de ouro, como aquele bonitão que te deixa molhada só em pensar e por aí vai... Puta que pariu, sabe de uma coisa? Vou deixar registrado aqui que, falar disso, confessar tudo isso, foi libertador! Porra, tô até me sentindo mais leve, posso morrer em paz! Então vai, Veralice, atire logo! Já tem o que queria...e EI, ME LARGUEM, ME SOLTEM! PRA QUÊ É ISSO? O QUE É ISSO? ME SOLTEM!

E ela assistiu à vida de Tony esvair-se lenta e hemorragicamente. De um lado do chão, ensanguentada, uma tesoura de jardinagem. Contígua a ela, seu pênis separado do corpo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A vizinha

A fotógrafa Lu Campos contribuiu no MCP lá nas antigas. Digamos que ela seja quase uma anônima. Preferimos, assim, manter a identidade dela no sigilo. Mas os relatos dela são soltinhos e safados. Este só não foi pro ar na época devido a uma divergências em relação à foto... Agora está aqui pra você se deliciar, na III Semana da Contribuição MCP.

Casei aos 28 anos, apaixonadíssimo. Minha mulher a Cláudia,  é uma morena de dar inveja, é tudo que eu sempre quis, mas a vida é cheia de surpresas.

A primeira vez que eu vi a vizinha foi num daqueles dias que a sua mulher acorda "de chico” e resolve que você será o único “condenado” durante todo o ciclo menstrual! Eu tava puto, desgostoso da vida, contando os andares que pareciam intermináveis até a portaria, me maldizendo por não ter escolhido um apartamento no térreo, quando elevador parou no sétimo andar e entrou ela...

Sou um cara pacato e até sério, não costumo dar trela para mulher nenhuma, mas naquele dia... dei-me o direito de olhar. Ela devia ter uns vinte e poucos anos, cabelos curtos, camiseta colada no corpo que deixava aparente os bicos arrepiados, bunda arrebitada num short rasgado e deliciosamente sexy. E os olhos? Eram de um azul hipnotizante, quase transparente. Juro que tentei ignorara e manter minha cara séria, mas quando ela abriu um sorriso largo e malicioso e com aquela voz disse "Bom dia vizinho", tremi.

E não é que alguém lá em cima resolveu brincar comigo? De repente, sem mais nem menos, do nada o elevador deu um solavanco, fez um barulho estranho e simplesmente parou... Não sei o que me deu, mas não pensei duas vezes, naquele breu (elevador antigo é uma beleza) fui tateando no escuro e encostei a vizinha num canto e meti a língua na sua boca, agarrei-lhe a cintura e a virei contra a parede de costas para mim. Alucinado de tesão enfiei as mãos por baixo da camiseta apalpando seus mamilos duros e com a outra mão fui abrindo o zíper do short... Podia sentir sua respiração ofegante e o coração disparado. Entre gemidos e sussurros, num frenesi de prazer, sem trocar palavra, eu a penetrava ali mesmo, agarrava seus cabelos e falava as besteiras que me passavam na cabeça, enquanto ela se contorcia e gozava deliciosamente...

Nem lembro em que momento o elevador voltou, só que tudo aconteceu tão rápido, que se tivesse pensado não teria feito. Não perguntei o nome e ela também não perguntou o meu. Embora ainda a encontre de vez em quando, sem que precisássemos combinar não trocamos palavra sequer depois disso, nunca mais. Foi como se nunca tivesse acontecido, como se fosse irreal, um segredo velado com minha deliciosa vizinha do sétimo andar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A virgem

III Semana da Contribuição MCP. Dela.

Lucinha terminara o colegial diferente de todas as amigas — ainda era virgem. Mas naquela época ainda não pensava muito nessa sua condição diferente, afinal, o que era importante mesmo era dormir sonhando com aquele baixista da banda de rock de que colecionava posteres.

Mas já era o terceiro ano da faculdade e sua condição se mantinha. Não por falta de vontade sua, nem dos outros, afinal era bonita e desejada, mas o sexo em sua vida era daquelas coisas que simplesmente não aconteciam e ninguém sabia exatamente porque.

Então um dia resolveu ser bem prática e numa noite dessas em que a turma toda ia para o campo de aviação com uma garrafa de vinho para ver as estrelas, deixou-se ser comida por um calouro, no banco de trás do carro de alguém, numa daquelas trepadas onde mal se tira a roupa, mal se sente, nem se goza...

Não foi exatamente o que estava no seus planos, mas também não foi ruim. Bom mesmo foi finalmente estar liberta de seu pior fantasma: desde a época do colegial o que a atormentava não era a sensação de peixe fora d'água em relação as suas amigas sexualmente experientes, mas sim um sonho recorrente — seu próprio funeral, o caixão branco, a roupa branca, as flores brancas... a sepultura violada e a virgem deflorada por algum pervertido necrófilo. Não. Isso, nunca mais.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Adeus, Ritinha, adeus!

Conforme fartamente anunciado nas mídias socias de massa, iniciamos hoje, feriado nacional, a III SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP. O conto de partida é do nosso amigo, editor e mentor Zeca Martins. Apreciem e comentem sem moderação, que amanhã (feriado em Curitiba, vejam nosso esforço hercúleo para entreter vocês, leitoras) tem mais.

Ele comia ela, a Ritinha, havia muito tempo. Só ela. Mas enjoou, como acontece com todos os homens que comem muito a mesma mulher. E começou a comer outras, porque assim é que a vida segue seu rumo natural. E, tropeçando em sua própria ingenuidade, só então também descobriu que variar de parceira lhe fazia espantosamente bem. Algumas, é bem verdade, o decepcionaram (tipo a mulher-cadáver, aquela que deita, abre as pernas e fica olhando pro teto) ou o assustaram (tipo a mulher-buscapé, que solta fogo pelo rabo e fica pulando pra todo lado, fazendo as maiores loucuras). Mas, na média, a variedade lhe fez muito bem. Bem o suficiente pra dispensar a Ritinha de vez, com um solene tchau, amore. Sem qualquer aperto no coração.

Claro que a Ritinha, como faz toda mulher que é comida por muito tempo e depois abandonada, indignou-se. Veementemente. Deu porrada na cara dele, teve chilique no meio da rua, confidenciou para toda vizinhança que ele broxava, e todas essas coisas de mulher rejeitada.

Puto, ele até pensou em matar a Ritinha, mas “puta, meu, ficou maluco? Tira essa merda da cabeça, rapaz!” Que nada, nada disso de violência, decidiu.

Mas urgia se ver livre dela. Pensou, pensou, pensou... batata! O Renatão é chegadão na Ritinha, já deu bandeira que morre de tesão por ela. E agora tá trabalhando de crooner na banda que se apresenta num transatlântico.

“Alô, Ritinha? Serei objetivo: quero me reconciliar com você. Não fala nada agora. Fala tudo o que você tem para dizer lá no navio, que a gente vai viajar. É, comprei passagens para um cruzeiro romântico. Topas? Beleza!”

No dia da viagem, levou-a de mãos dadas até lá dentro do navio. Encontraram o Renatão. Pediu-lhe que levasse a Ritinha para conhecer o navio, ver o mar lá da proa, igual à cena do Titanic, que ele só ia resolver uma coisinha e já os encontrava.

Não encontrou. De pé, no cais do porto, ficou olhando para o navio que se afastava, com a Ritinha lá dentro. Próxima parada, Singapura. “Boa sorte, Renatão!”

Voltou pra casa feliz, com cara de Gene Kelly em Cantando na Chuva, e postou uma frase filosófica em seu blog: Melhor se livrar bonito da mala do que carregá-la sem alças.