Só que em 2014 não escapei do amigo secreto de fim de ano. A dona da empresa marcou um churrasco no começo de dezembro porque ela, como é minha rotina, tiraria férias a partir de meados de dezembro. Cada um com seus motivos.
Peguei a própria no sorteio. É o que me faltava: além de comprar presente para a secretária do financeiro, casadinha e minha amante depravada, eu teria de perder mais tempo e comprar algo para a chefe, mulher difícil e que tem tudo. Pior, entregar na frente de toda a equipe. Tentei até subornar o estagiário para trocar o amigo secreto, mas ele nem por dinheiro ele quis minha sina.
Passei horas no shopping para resolver a fórmula e acabei comprando dois jogos de lingerie sensuais, tamanhos bem diferentes, a propósito.
No dia do amigo secreto comecei a me embriagar em casa, vodca-da-manhã, a santa bebida que não deixa gosto. Na firma, quando me chamaram para o churrasco, eu dormia sobre a mesa.
Eu sentia náuseas enquanto assistia ao joguinho insuportável de adivinhações, e quando me chamaram ganhei um par de meias pretas. Não uso meia preta nem de terno. Vontade de por uma no pinto e estragar a festa me exibindo para a mulherada. Então foi minha vez. Claro que confundi os pacotes e dei a lingerie tamanho grande para a chefe. Quando ela abriu foi um escarcéu. Depois de muitas risadas do galinheiro corporativo, disfarcei e fiz que fui pegar o presente "de verdade". E não é que acertei o tamanho da calcinha? Já o sutiã ficou aparentemente apertado. Duro foi, depois, negociar com a cavala do financeiro a entrega do presente desembrulhado.
Pensar que ainda faltavam dezoito dias para a minha tradição natalina: vontade irrefreável de suicídio.
:: 25.11.2015 :: miniconto de natal
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