segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tem coisa que escoteiro não deve fazer num ônibus (parte 3)

A morenaça levantou do banco e se esfregou toda em mim quando foi para o corredor. Faltavam mais três pontos para eu descer. Quando passou a tremedeira automaticamente levantei e parei atrás dela. Na freada dei aquela encoxada. Impassível, a morena desceu. Desci junto, mas para minha surpresa ela começou a andar sem olhar para trás. Fiz um "ssssss", depois um "ei", mas nada dela parar. Se eu estivesse com o apito de escoteiro dava aqueles três silvos seguidos (pri-pri-pri! quem foi escoteiro sabe o que significa). De alguma forma minha intuição já sabia que eu não devia ir atrás. Mesmo que eu não conhecesse o conceito, desde aquela época eu tinha pavor de ser taxado de stalker (a palavra "perseguidor" em português não é tão exata como em inglês).

Talvez eu tenha perdido ali a oportunidade de deixar de ser cabaço mais cedo, mas revendo a situação, foi melhor como aconteceu. Pior seria ela parar e eu não saber o que fazer. O fato é que andei dois quilômetros a mais para chegar em casa, tirei o uniforme de escoteiro e toquei uma bem caprichada no banho.

:: 05.09.2008 :: Publicado originalmente e numa pegada só n'O Coletivo, que expirou (pô, Jean!!!). Aqui foi atualizado e devidamente editado para o formato noveleta

19 comentários:

Confissões de Lolita disse...

Prender a atenção dos leitores aqui pra um desfecho desse é genial.
Um requinte de crueldade com o pobre escoteiro. Achar que vai se dar bem [aaaaaaaah muleque!]e ficar de pau na mão é digno de adolescentes com os hormônios á flor da pele. Foda!

Adoro

bjo grande, boa semana á todos.

[Gustavo, safados somos nós, combinado? rsrsrsrsrs]

Vampira Dea disse...

Poxa, tadinho... mas foi melhor assim. Existe uma classe de mulheres que vivem de atentar os desavisados e inocentes, era bem capaz ela sair brigando ou dando uma escorraçada no bichinho.

Gustavo Martins disse...

Pela nota mencionando O Coletivo aqueles leitores mais assíduos entenderam por que tinham lido a história em algum lugar, certo?

Lolita - combinado (usaremos como pretextro, ok?)

Vampiradea - são as mais cruéis criaturas predasdoras terrenas: matam mas não comem

Carol disse...

Oh, que desperdício de energia. Até porque acho que ele saberia o que fazer.
Tá vendo? Depois o menino cresce pervertido, obcecado por um rabo de saia e com o coração envenenado e ninguém entende o coitado...
A partir deste dia, ele jurou nunca mais ir atrás de mulher nenhuma. No futuro, seria o inverso: elas tentando alcançá-lo, sem sucesso.

Altavolt disse...

O final não foi dos melhores para o coitado do escoteiro. Ainda bem que que essas nabadas ficaram relegadas apenas àqueles tempos de moleque. Pior os Rollinbunds, que se dão mal pela vida afora! Abraço!

Vampira Dea disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK...cruéis.

maria disse...

"Pela nota mencionando O Coletivo aqueles leitores mais assíduos entenderam por que tinham lido a história em algum lugar, certo?"

Certo. Primeiro eu fui no livro, não estava lá. Depois fiquei tentando lembrar se alguma vez eu fiz operações investigativas nos seus arquivos pessoais. Também não. Coletivo, foi isso. Ufa, ainda bem que não sou paranormal.

louise disse...

gustavo, não seria stalker?

(putamerda, mulher chata que eu sou)

Gustavo Martins disse...

uia, lou
pior é que é mesmo
só conhecíamos a palavra "de ouvido"
vamos lá arrumar
thanks, sista!

Gustavo Martins disse...

Ah, sim, da mesma forma que existe uma palavra em inglês sem correspondente em português pra pessoas que perseguem alguém de forma ostensiva (stalker), existe uma para essas moças: TEASER

Tem horas que precisamos tirar o chapéu pro inglês

(obrigado à Lou pela revisão)

nin@ disse...

Caramba... q desfecho, até parece com a piadnha do garotinho q dá carona pra sua linda garotinha na sua bicicletinha... ou da´ou desce... rsss
Bj Gu

Sweet Toxicant disse...

Aaaahhh agora entendi!!!

Coitadinho do escoteirinho... ficou na mão... rsrsrs.

Ainda bem que restou um pingo de bom senso pra ele né? Tem mulher que é bem sacana, provoca quando sabe que está em vantagem... a partir do momento que o terreno se torna inseguro, ela se faz de desentendida e se for "atacada" ainda finge de inocente e culpa o cara que ela deixou tarado... hahahaha!!

Sujeito Oculto disse...

É, provavelmente a fantasia era dela. Mas não cai nesse papo de que foi melhor assim. Melhor seria ela te levar pra casa e te dar até de noite. Deve ter rendido umas boas punhetas, pelo menos.

Flavinha Mel disse...

Meio decepcionante para ele...para o ego dela, nem tanto.

Seria bem legal um MCP com o título "A vingança do escoteiro" -
Tenho certeza de que você tem várias histórias que podem se encaixar neste título (mesmo que não seja com a mesma mulher).

Gustavo Martins disse...

carol - você foi mais cruel que a morena do ônibus ao dizer isso

alta - moleque nessa idade tem mais é que se ferrar mesmo; esse tipo de sofrimento faz bem, constrói o caráter

vamdea - isso, cruéis

maria - como vc é astuta, deve ter percebido que tem outro conto com o final bem parecido com o desse; qual é? (não conta aqui, que é maldade contar o "final do filme"

aliás LEITORES, isso de realizar sessões de autoamor depois de encontros é uma constante no universo masculino; o que nos lembra de outra história bem engraçada, que transformaremos em conto

nin@ - o guri teve que descascar uma no final?

sweet tox - olha você aí encontrando brechas na lei maria da penha...

sujeito oculto - exato! o que nos lembrou de outra história que vai acabar virando conto; nossa memória pra besteira tá boa hoje

flavinha mel - muito mais interessante seria você contar essa historinha da vingança; aceita o desafio?

B.P. disse...

“... Não trocamos uma palavra...”
“... Fiz um "ssssss", depois um "ei", mas nada dela parar...”

Mistério desvendado: a morenaça gostosa era surda-muda.

Se o escoteirinho estivesse alerta (do lema: “Be prepared”) teria conseguido alcançá-la...

Flavinha Mel disse...

Ih Gustavo, sei que você ficará desapontado, mas infelizmente ainda não estou pronta (apesar de qualquer desafio ser algo extremamente convidativo!). Vou deixar essa para aqueles que tem o dom de escrever MCP's.

Gustavo Martins disse...

B.P. - De B.P. trago o espírito, sempre na mente, sempre na mente, sempre na mente... tá certo; o escoteirinho era pata-tenra

Flavinha - Desapontado, não; mas se o problema é a exposição, manda pra gente em PVT

Fernando Ramos disse...

Porra, excelente, meu querido! Acho que aqui o conto ficou mais dinâmico, mais curioso. Li rapidinho os três numa tacada só.

Os três silvos seguidos significavam o quê? "Quero" "Te" "Comer!"? kkkkk

Ah, e a coisa da adrenalina ficou engraçado demais! Mas ainda cho que pôr a mão na perna de uma morena no busão tem muito mais adrenalina do que escalar qualquer montanha. =)