terça-feira, 26 de julho de 2011

Deixe de ser intransigente, com você ou com os outros, mas tenha estilo

Tenho um problema com gente indefinida. Talvez seja uma projeção do medo que eu sentia de ser assim. Vou explicar. Gente indefinida gosta de tudo, usa roupa da moda ou qualquer roupa, se diverte com coisa qualquer. E se me livrei dessa maldição foi por causa de um conflito entre o Marco e a Eliana.

O Marco era a cultura dominante, do jazz-MPB, de se vestir certinho e do esforço para o sucesso. A Eliana era a contracultura, do rock (de verdade), do escracho e da individualidade — principalmente do "vivo do jeito que eu quero". Eu nasci no meio desse conflito, e ele me moldou.

Para ter uma noção de como isso é forte em mim, eu simplesmente não saberia o que calçar se não fossem minhas botas. Não seria eu mesmo sem elas. Sapatos comuns, sapatênis e allstars fariam com que me sentisse descalço.

Sobre gente indefinida, me dá um desânimo quando converso com alguém com discernimento e a pessoa solta um "admiro a Rihanna/Ivete" ou "gosto do lado romântico do sertanejo/axé" ou "não sabe o que perde por não ir no tush-tush/pagodão". E não é por ignorância que se fica assim, mas por não se ter oportunidade de definir um estilo.

A salvação é que a qualquer momento pode aparecer um amigo, turma, namorado ou ídolo que ofereça a perspectiva do estilo. Portanto, abra as portas da percepção, faça uma constante autocrítica, veja se ultimamente você não tem passado por "ninguém". E antes de culpar sua formação ou a sociedade, analise se não é você mesmo que vestiu a tapadeira. E tenha sempre em mente que não é proibido mudar.

Antes que você se consuma em curiosidade ou divagação, Marco e Eliana são meus irmãos. Eu fui um caçula disputado e isso também diz bastante sobre mim.

:: 26.07.2011 ::

8 comentários:

Paulo Francisco disse...

Muito bom!!!!
Mas depois de um tempo de vida passamos a nos definir.
Um abraço

Anônimo disse...

Ensaio sobre o umbigo

Maria disse...

eu geralmente gosto de coisa que não existe. ou que existe mas que pouca gente vê. é grave?

Carol Rodrigues disse...

Nada pior do que gente sem tempero. Pra doce falta açucar, pra salgado falta sal.

Valéria disse...

É isso aí, irmão. Nada como ser e se deixar ver como se é de fato. Sem medo.

Vampira Dea disse...

KKKK me acabei de rir com esse texto-desabafo-conselho-tome-tendência-viu. A principio pensei que os dois eram seus pais.Mas irmãos também valem. Concordo com tudo que está escrito no texto, eu já fui o contrário lá em casa, como mais velha de cinco eu que fazia a influência, mas confesso que muitas vezes no ciclo quando mudo de pele podem acontecer mudanças radicais, pois como geminiana enjoo fácil de algumas coisas mas até então nada que tenha me assustado rsrsr.

Mr. Casanova disse...

Tão boa a vida assim, tão cheia de cores, sabores, desejos, costumes, leis.. (ãh.. que leis?) Oq seria da vida se não tivesse as diferenças, essas mudanças, esses entraves... aquilo que faz a diferença talvez nem existisse.. ou mesmo ninguém gostasse..

Como filho único, depois de 15 anos com minha irmã, a influência e deteminação, bem como o modismo e os gostos dela jamais desaparecerão de minha vida... nem com mudanças ou com problemas... como uma semente, depois de germinada, e a sua raiz envolta no solo não tem como ser moldada ou modificada.

Gabriela Pecantet. disse...

Adorei! IEOUAEIO Esses dias mesmo alguém me pergunta: que estilo de música tu gosta? Eu respondo ''de todos, menos axé, pagode, a maioria dos sertanejos e de rock'n roll mto pesado''... Tempos atrás eu responderia apenas ''de todos''. Acho que nada como tempo pra definir nossos gostos, e assim nos definir tb!