quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Opala vermelho (parte 1)

A gente parecia inatingível quando rodava pela cidade no meu opalão vermelho. Era antigo, eu sei, a pintura estava opaca, mas ele dava uma sensação maravilhosa de poder. Eu e minha namorada. A gente roubava um extintor de algum prédio e saía pela cidade para descarregar numa pessoa qualquer. "Ei, moço! O senhor pode dizer onde é que fica a rua Francisco Torres?" No momento que o velho se abaixava para dar a informação, toooooooff nele! Ficava inteiro branco sem saber o que fazer. E eu arrancava meu opalão vermelho cantando pneu. A gente se matando de dar risada.

Eu e minha namorada, no opalão, éramos loucas de dar nó. Lembro que a gente pegava uma caixa de ovos na casa da mãe dela — a coroa me odiava! — e passava pela praça do Atlético tacando os ovos nas cabeças dos travestis. Eles corriam quadras atrás da gente. Eu, de propósito, andava mais devagar, só para eles acharem que podiam alcançar. Então eu arrancava com tudo. Ficavam com mais ódio ainda. Todo travesti odiava meu opala. Eu e minha namorada, nós o amávamos.

E nos amávamos dentro dele. Assim, na rua mesmo, tarde da noite. Sem medo de sermos pegas de surpresa. Conversávamos até o vidro embaçar inteiro, depois pulávamos para o banco de trás — no banco de trás era mais gostoso — ficávamos semi-nuas e fazíamos de tudo. Ali era o nosso cantinho, onde ninguém nos incomodava. Nada de ir a lugares muito retirados como os parques. Nestes a polícia ficava à espreita dos casais imprudentes. Eu parava perto do centro, em ruas mais calmas. Ah, como era bom ela correndo o indicador pela alça do meu sutiã, descendo, enfiando o dedo entre o tecido e a pele, tocando no bico do meu seio.

(continua)

9 comentários:

Maria disse...

o melhor disso tá o "conversávamos até o vidro embaçar inteiro", porque mulher, né?, mulher FALA!

Chandall disse...

é...mulher FALA muito mesmo...rsss

Mr. Casanova disse...

Este opala deve ter cada história.. de ficar imaginando aqui!!

E quantos opalas, fuscas, veraneio, gols entre outros, que por muitos usados como motéis ambulantes, que nos deram e dão tantas alegrias.

Adoro um sex-in-car, acho que por ser um tanto quanto diferente, dá um ar todo especial.

Gustavo Martins disse...

Meninas - isso mesmo; ainda bem que opala não tem ouvidos

Mr. Casanova - só tem que tirar da lista fusca e essas camionetinhas tipo saveiro

Em tempo, aos incautos leitores mais apressadinhos: reparem no discreto "loucas de dar nó"

Vampira Dea disse...

Imaginei a proteção total do embaçamento já que nós mulheres em geral não temos freio na língua.
Agora as duas eram más viu. Isso me lembrou a história de um homofóbico que conheci que disse que com seu carrinho e turminha pegavam os travestis e deixavam com a bunda colada de super bonder.
Quanto aos carrões antigos amo de paixão.

Codeína disse...

Opala, sonho que ainda não realizei,mas "travessuras" nas madrugadas já fiz aos montes...

Flavinha Mel disse...

Ah...eu tenho uma saveirinho...

;)

Panul disse...

MHP delicioso como sempre!

M.M. disse...

"Nesses dias calmos
É bom sair de carro
Prá se distrair
Quando menos espero
Eu me desespero
Prá me divertir"

Reparei no "louca de dar nó" e pensei em algumas possibilidades. Pela diferença atribuída ao regionalismo (ui!), explica vai... é mais seguro!

p.s.: saveiros rendem boas histórias também! ô!