quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A propriedade é um fetiche

Essa Maria é muito perversa. Sutil, elegante e PERVERSA. Sim, o conto é dela.

Aos cinco anos de idade a mãe me sentou ao seu colo e me disse meu anjo, você terá uma irmãzinha! É certo que minha cara se retorceu entre o já não bastasse eu perder meu lugar e o ainda por cima uma menina, mas a mãe acabou me convencendo de que eu era o mais velho, o mais importante, e que a menina seria um presente para mim -- um presente do qual eu deveria cuidar e proteger. Eu acreditei. Dezessete anos depois minha menina está sentada na beirada da cama, a pele arrepiada, coberta por pequenas gotas de água, enrolada na toalha. Percorro a língua por seu ombro e ela abaixa a cabeça ainda mais. Deito-a sobre a cama e abro a toalha que envolve seu corpo, ela vira o rosto, fecha os olhos. Toco-lhe as sardas e o bico do seio. Ela arde, imóvel. Abro suas pernas e me penetro nela. Enquanto eu repito você é minha, você é minha, minha menina goza despida de qualquer pudor.

[A frase do título é de Ricardo Lira, um dos maiores nomes de Direito Urbanístico no Brasil, e foi proferida em uma de suas maravilhosas palestras. Obviamente ele se referia à propriedade do solo, mas sua afirmação tomou asas em diversas direções.]

18 comentários:

Maria Eduarda disse...

Perverssíssima!
Mas devo confessar, histórias com incesto me atraem.Só nas histórias.

Anônimo disse...

Essa foi de arrepiar.

Confissões de Lolita disse...

Digno de Nelson Rodrigues.

Maria manda ver.

Adoro!

bete disse...

uia! Nelson Rodrigues deve ter adorado esta, mas nunca imaginei na vida ver Direito Urbanístico justo aqui! rs

autor disse...

...arrepiou.
Perfeito.

[não sei porque talvez seja por ser tarde e eu estar cansada mas... me fez lembrar uma boneca que eu tinha, linda e morena, só minha, que eu amava e dormia sempre comigo...
se chamava maria.]

Vampira Dea disse...

Rapaz deu até medo viu, e a culpa disso tudo é a tragédia grega.

tenório disse...

Que texto sensacional. Que narrativa própria, revela a maturidade e o pleno domínio do seu autor.

Vou agora clicar no link e fazer meu pedido do livro.

Outra coisa: estou eu mesmo na batalha e acabo de por na net meu folhetim virtual. será um prazer receber sua visita por lá.

Abraço

Tenório

garciavaimorrer.wordpress.com

JAIRCLOPES disse...

Descobri esse blog por acaso, mas, vejo que tirei a sorte grande. Você, por ser da terra do Dalton Trevisan, deve ter pego o mesmo virus dele, o de contista instantâneo. Parabéns!

Gustavo Martins disse...

mari - o "só nas histórias" ficou perfeitinho, bela

sra. mirian / vampiradea - sabe quando você faz uma coisa, e quando termina olha pra trás e diz "uia, olha o que eu fiz!"; é mais ou menos isso... esse texto "instiga", e depois que instigou a gente AQUELA culpa

lolita - nosso falecido tio

iaiá - tentamos sempre surpreender

cassiana - dormia abraçadinha ou era uma coisa meio... almodovar?

tenório - as portas desta casinha vagabunda estarão sempre abertas! o mérito do domínio, no caso deste conto, é da maria (temos a sorte danada de ela não querer ver certas perversidades no blog dela...)

agora, esse garcia é SENSACIONAL!

jair lopes - dalton trevisan é um cara cercado de mistérios por aqui; por acaso era meio que vizinho de nossa casa de infâncias, mas fomos saber disso só no tempo da faculdade

o fato é que a neurastenia de curitiba inspira, viu?

maria, a autora, ainda com certa inveja da geisy disse...

Iaia, é o seguinte: não tenho vestidinho pink, querida... preciso estudar de verdade pra ser alguém na vida ;)

Flavinha Mel disse...

Esse conto é uma coisa, viu?!
Muito instigante...fica difícil saber se a gente sente repulsa ou se adora!!!

Fico com a seguinte: mexe com qualquer um.

PARABÉNS!

Tenório disse...

Mas meu caro amigo, inveja branca de quê? Se quer saber, eu que estou com inveja negra de ti! Risos. Cada conto que vou conhecendo aqui (preciso botar o atraso em dia) fico mais admirado do seu domínio e da sua assinatura. A prosa a que vc se refere, não é minha, é do Garcia. Juro que não é papo de escritor. Preciso matar um leão por minuto para encontrar aquela linguagem. Mas não é orgânico como percebo na sua narrativa. Muito bom. Enfim, seu link já está lá no Garcia, virei mais vezes!

Grande abraço

Tenório

Tenório disse...

Ah, sim, entendi que esse conto é da Maria. Mas me refiro a outros que venho lendo, entendeu? O do Zé e o abacate por exemplo. Muito bom!

Vampira Dea disse...

Pois é, vivemos em sociedade, instintos foram freados há milênios,para não virar caos, mais imagine no tempos das cavernas?
No entanto se volta a esse tempo depois de um porre, afinal é verdade que cú de bebo não tem dono.

bete disse...

MARIA
acho que vc de vestido rosa bem curtinho ia ficar show!

Fernando Ramos disse...

Caralho, que perverso! Lembrei de uma conversa incestuosa, no Misto-Quente do Bukowski. Vou postar a passagem aqui, ó:

- Você conhece Lilly Fischman? – Pete perguntou enquanto andávamos.
- Oh, sim, sim.
- Bem, ela não é virgem.
- Como você sabe?
- Ela me disse.
- Quem a comeu?
- O pai.
- Hummm.. Bem não se pode culpá-lo.
(Lilly Fischman era a garota mais gostosa da sala.)

Enfim. Matou a pau, Maria. Gsoto da tua escrita, embora visite-a pouco. Não precisasse trabalhar tanto e investisse, talvez já tivesse publicado. embora não sei se lhe apeteceria.

Bom, parabéns. O conto foi perverso. E sutil. Se o que falo não é incoerente.

Beijocas.

Altavolt disse...

A Maria EMECEPEOU de vez! Está mais perversa que o próprio Gustavão! rsrs De qualquer forma, isso não inviabiliza a sugestão da Iaiá sobre o vestididnho rosa! Beijo, Maria! Abraço, Gus!

fab disse...

Muito bom.