terça-feira, 1 de março de 2011

Cada surto que só acontece com o Zé - parte 2

A ética e o dilema

O Zé e as duas loiras monumentais conseguiram sair ilesos do bar de bêbados. No carro, a ucraniana ciumenta de cara fechada ao seu lado e a outra, simpática e aparentemente bem "facinha", atrás. Ele sugeriu pararem num lugar mais sossegado para beberem mais algumas e resolverem o drama, e ouviu da coisa emburrada um "me leva pra casa ou vou de táxi". Irritante até para monge budista. Circulou um pouco para espairecer.

Aí aconteceu a encruzilhada. Numa esquina em "T" o Zé se viu no seguinte dilema: se virasse à direita, levaria a linda e simpática primeiro pra casa e voltaria o resto do caminho com o estrupício; se virasse à esquerda levaria primeiro a ucraniana e o resto do caminho seria, no mínimo, agradável. Todo bom-senso e ética cavalheirística do mundo diziam que ele tinha que virar à direita, e ele parado no cruzamento mirando de canto de olho a cara de cu ao lado.

A vida é curta. O Zé virou à esquerda, óbvio. A ucraniana começou a berrar "para que vou descer ", e desceu do carro batendo porta, jogou a bolsa no chão, armou um barraco no meio da rua às onze e meia da noite, chamando a outra de piranha e o Zé de vagabundo.

Rapidinho, antes que começassem a voar pedras, o Zé deu a volta com a simpática no banco de trás mesmo. Quebrada a esquina crítica, parou para a moça passar ao banco da frente, e não a deixou em casa não. Esticou para um boteco no centro, tomaram umas "para acalmar" — ela nervosa, mas ainda simpática — e a situação continuava tensa: no boteco, cada um recebeu mais de cinco mensagens de celular da ucraniana (nada educadas).

Era tácito que não poderiam se agarrar ou ter um caso, e verbalizaram isso, fizeram um trato. Ele a levou para a casa dela e na hora da despedida rolou o maior amasso. Coisas combinadas só dão mais vontade.

:: 25.02.2011 ::

9 comentários:

Gustavo Martins disse...

Poderíamos dividir a noveleta em três partes, iniciando a 3ª no "A vida é curta". Mas aí seria judiar demais das leitoras (os amigos leitores em geral são menos ansiosos).

Alguém se arrisca a tentar uma terceira parte?

Ana Andreolli disse...

eu acho que deveria ter sim uma terceira parte! quem sabe uma quarta!

Anônimo disse...

eu me arrisco:
O Zé sentiu alguém cutucando o seu ombro direito, deu uma espiadela e viu a ucraniana parada ao lado deles, quando ele ía começar a explicar o que não tinha explicação, a loira amiga puxou a ucraniana pra perto e deu-lhe um beijão, o Zé ficou sem saber o que fazer e as duas começaram a acariciá-lo, não sei como saíram dali e foram parar na casa da loira...as duas maltrataram o Zé do jeitinho que ele gosta, afinal, a vida é curta!!! Beijo, V.

Mr. Casanova disse...

OOOoooo Zézão não é Fraco (como dizem por aqui no interior)!!!

Olha q a 3ª parte poderia ser até um pouco mais perversa, a amiga poderia depois de algumas bebidas a mais relatar a ele que estava sem calcinha, e estava muito afim de uma festa um pouco mais luxuriosa. (Em uma casa de swing ou algo do gênero alimentício [tanto para o corpo quanto para o desejo])... quem sabe disso é o escritor, sou apenas um "peru de fora" dando uma idéia perversa.

Agora os nobres colegas e leitores, tem que convir, essa amiguinha te tudo para ser daquelas amigas secretas coloridas, cheia das boas intenções! (Daquelas que adoramosss muito!)

Abraços...

Luciano disse...

O Zé chegou em casa, meio alto da bira, e até pensou em socar uma, mas pegou no sono antes disso. Teve sonhos louquíssimos.

Sr. Apêndice disse...

Eu arrisco uma terceira parte!


Cada surto que só acontece com o Zé - parte 3

Dos surtos e azares moralistas

No meio do amasso, a loira até murmurava entre resfôlegos e beijos acalorados um "não devemos, não é certo", mas eram balelas morais tão descaradas quanto seus gemidos de tesão. E o Zé, super excitado com a virada gloriosa de sua noite, só pensava: "a vida é curta, a saia dela mais ainda".

E foi justamente quando o sinal começou a avançar e a mão do Zé a desbravar as coxas da moça, que um surto de ética inesperado se apoderou dela. A loira interrompeu a ação, sorriu sem graça e esfriou a pegação dizendo "sério, não dá". O Zé desacreditado até tentou retomar a situação, mas a loira estava convicta: "não, não quero fazer isso com a minha amiga, espero que entendas, a gente se vê, boa noite e tchau". Desceu do carro, e deixou o Zé atônito e boquiaberto.

Quando retornou para casa, o porteiro o abordou com um sorriso matreiro de "e aí, pegaste aquela loira de novo?". Mas o Zé estava tão indignado que nem esboçou uma resposta. Ainda antes de dormir, totalmente inconformado com seu azar, recebeu mais duas mensagens da ucraniana o mandando a merda.


Hehehe... Abraço

Patrícia Garbuio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valéria disse...

Como estou hoje num dia meio “sensibilizado”, resolvi me solidarizar com a pobre ucraniana. Então, obviamente, o meu final para o Zé não seria dos mais jubilosos:

... pegando a deixa do Mr. Casanova falando em "peru de fora", a história do "sem calcinha" deixou o Zé realmente muito animado o que, aliás, não era muito difícil naquelas idas épocas. E, malho vai, malho vem, foram para a casa do Zé, que já nem olhava mais as mensagens mal-educadas que chegavam sem parar. As coisas esquentaram muito e, de repente, num movimento de mão meio descuidado (é claro!), Zé percebeu certo volume onde deveria encontrar apenas concavidade... Nunca antes nestes contos alguém (ou alguma parte de alguém) “descambou” de forma tão rápida. (Lembram-se do “PIU PIU DE MARAPENDI” ?? Pois é. Afinal, até Ronaldo passou por isso; esta experiência não poderia faltar ao Zé).
Narrar o desfecho faz-se desnecessário, pois sabemos das preferências e da categoria do nosso amigo. Despediu-se “da loira(o)” da forma mais bem educada que conseguiu àquela altura, - o que não queria era mais confusão. Bem que o Zé tinha desconfiado daquele tamanho todo. E só depois de passado o susto (de muitos centímetros) é que se lembrou de olhar de novo as mensagens da ucraniana, que comeu a tal da vingança quentinha (alguém comeu alguma coisa nessa história). Leia-se sua última mensagem da noite: “Melhor uma periquita na mão que um, dois ou dez perus voando sozinhos por aí, né?!”

Gustavo Martins disse...

Obrigado pelas terceiras partes deliciosamente cometidas aqui mesmo.

Ana - curtiu as terceiras partes dos outros leitores?

Anônimo V / Patrícia - gostamos do jeito de vocês pensarem

Mr. Casanova - o radar intuitivo d amigo anda funcionando muito bem ,viu? pelo que nos contou o Zé...

Luciano - o radar intuitivo d amigo anda funcionando muito bem [2]

Sr.Apêndice - o Sr. é muito cruel; imagina a dor no saco do rapaz!

mas é a versão mais verossímil!

Valéria - sua versão foi decididamente a mais cruel; será que o Zé merece um fim de noite aterrorizante desses?