terça-feira, 29 de março de 2011

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Abri os olhos ao amanhecer e cheguei à firme conclusão de que estou vivendo no lucro. Também pensei nisso quando passei pelos 33, achei que me crucificariam. (...)

Foi bom enquanto durou. Para ler o restante, clique aqui

sexta-feira, 25 de março de 2011

No Sul, festa boa começa e termina em carne

Almoço de sábado numa churrascaria meio fuleira e o Zé estava, digamos, acompanhado. Eis que quando se abastecia no buffet passa por ele e dá uma bela encarada uma mocinha cheia de bons atributos, principalmente na área lombar. Não tinha como desperdiçar a oportunidade, então na hora de pagar a conta deu uma perdida na acompanhante e deixou um cartão de visitas com a moça do caixa, explicando em detalhes para quem deveria ser entregue.

E não é que a gostosa ligou? Era novinha e, por acaso, amasiada de um funcionário da churrascaria (na qual o Zé nunca mais botou o pé, por motivos óbvios), obstáculo que ela aparentemente driblou com eficiência.

No final de semana seguinte saíram já meio que subentendido o que ia rolar, então o Zé foi com a moça ao bar do parque tomar umas cervejas (amaciar a carne), e quando percebeu a sintonia levou-a pra casa — a dele, óbvio. Do amasso no sofá foram para a cama, mas ela embaçou, se esquivou, se fez de difícil. Ele percebeu o motivo: falta de experiência e insegurança (mal passada).

Então o Zé teve a grande sacada. Na cama mesmo, na frente dela, pegou o celular, ligou para o amigo Daniel e chamou para vir para o churrasco, conforme combinado, que era pra trazer a cerveja pois a carne ele já tinha comprado. A mocinha se apressou e deu rapidinho. Meio sem jeito, mas deu. O Zé ainda conseguiu levá-la pra casa e voltar antes que o Daniel chegasse com as biritas.

:: 25.03.2011 ::

segunda-feira, 21 de março de 2011

Longevidade

Recepção de consultório de urologista sempre carrega uma tremenda carga de constrangimento. Quando mais jovem, a pessoa chega ali invariavelmente para tratar vazamento de óleo. Passou da meia idade, é isso mais a possibilidade de levar dedada.

Então estava eu ali me divertindo tentando adivinhar as dificuldades dos companheiros de espera, quando o velhinho saiu possesso do consultório do médico, xingou e bateu a porta. Não aguentei e no fim da consulta perguntei ao urologista o motivo. Tudo bem, tem o sigilo médico, mas o profissional deu lugar ao prosa, e esclareceu num riso contido.

O velhinho de 94 anos, quarto casamento, viúvo três vezes, estava furioso porque não avisaram que a cirurgia de retirada da próstata alterada causaria impotência. "Não tiveram consideração! Acabaram com minha vida!", gritava entre impropérios.

:: 21.03.2011 ::

terça-feira, 15 de março de 2011

Porta de cadeia

Eu e uns amigos treinávamos karatê na adolescência. Fazia bem pro corpo e era relativamente divertido. Invariavelmente a gente apanhava dos marmanjos, mas fazia parte do processo de deixar de ser molengão.

Nesse contexto chamava a atenção o Guiomar. O nome é uma aberração sim, e isso pode explicar um pouco o caso. Ele era gordo, mas gordo mesmo, e isso não impedia que o cara fosse muito firme nos katas e kumitês. O Guiomar era dedicado e um dos melhores da academia em equilíbrio, força e velocidade. Nunca vou esquecer suas esquivas rápidas. O pouco que sabíamos da sua vida é que estudava no Estadual e vivia com o pai viúvo — em conversas de vestiário vazavam indícios da convivência conturbada entre os dois.

Quando se preparava pro exame de faixa-preta foi convocado para o exército e não teve escapatória. Perdemos contato, até que um dia ele apareceu na capa da Tribuna (jornal sangrento de Curitiba): Guiomar constava num inquérito como mandante do assassinato do pai.

Intrigante é como a investigação concluiu o caso. Nosso ex-colega de academia passou dias interpelando supostos marginais na Praça Tiradentes até encontrar um que topasse empacotar o pai pelos trocados que ele levava no bolso. Quando apareceu na tv e jornais chorando a perda num suposto latrocínio, choveu neguinho na homicídios denunciando o Guiomar.

:: 17.03.2011 ::

quinta-feira, 10 de março de 2011

Noivinho de látex

O noivo era de longe e a relação caminhava para o casório, o que amenizava o desconforto da distância. Numa loucurinha dessas que só casal apaixonado faz, algum tempo depois da webcam ele a presenteou com um consolo fabricado com esmero anatômico, nuances de textura e vilosidades. Obviamente comparou para garantir que não ultrapassasse suas próprias medidas, evitando causar curiosidades lascivas na noiva.

Os encontros virtuais pegaram fogo, óbvio. Ao ponto de causar estranhamento à família dela, com quem ainda compartilhava moradia — "essa menina não sai do quarto"; "ela está tossindo?". Já os encontros carnais, estes nunca deixaram de ser excelentes.

Estava tudo ótimo, até o dia que, ao perder um parente, ela teve uma iluminação. Vai que sofre um peripaque ou acidente, fica algum tempo no hospital e alguém da família, por necessidade, remexe suas coisas e encontra o "noivinho"? Pior, vai que morre e na hora de desmanchar suas posses alguém encontra o ditocujo. Macularia para sempre sua memória.

Não teve dúvidas e mandou o consolo pro lixo cuidadosamente embalado para não levantar suspeitas. No meio da noite, na lixeira da vizinha três casas acima.

:: 10.03.2011 ::

terça-feira, 1 de março de 2011

Cada surto que só acontece com o Zé - parte 2

A ética e o dilema

O Zé e as duas loiras monumentais conseguiram sair ilesos do bar de bêbados. No carro, a ucraniana ciumenta de cara fechada ao seu lado e a outra, simpática e aparentemente bem "facinha", atrás. Ele sugeriu pararem num lugar mais sossegado para beberem mais algumas e resolverem o drama, e ouviu da coisa emburrada um "me leva pra casa ou vou de táxi". Irritante até para monge budista. Circulou um pouco para espairecer.

Aí aconteceu a encruzilhada. Numa esquina em "T" o Zé se viu no seguinte dilema: se virasse à direita, levaria a linda e simpática primeiro pra casa e voltaria o resto do caminho com o estrupício; se virasse à esquerda levaria primeiro a ucraniana e o resto do caminho seria, no mínimo, agradável. Todo bom-senso e ética cavalheirística do mundo diziam que ele tinha que virar à direita, e ele parado no cruzamento mirando de canto de olho a cara de cu ao lado.

A vida é curta. O Zé virou à esquerda, óbvio. A ucraniana começou a berrar "para que vou descer ", e desceu do carro batendo porta, jogou a bolsa no chão, armou um barraco no meio da rua às onze e meia da noite, chamando a outra de piranha e o Zé de vagabundo.

Rapidinho, antes que começassem a voar pedras, o Zé deu a volta com a simpática no banco de trás mesmo. Quebrada a esquina crítica, parou para a moça passar ao banco da frente, e não a deixou em casa não. Esticou para um boteco no centro, tomaram umas "para acalmar" — ela nervosa, mas ainda simpática — e a situação continuava tensa: no boteco, cada um recebeu mais de cinco mensagens de celular da ucraniana (nada educadas).

Era tácito que não poderiam se agarrar ou ter um caso, e verbalizaram isso, fizeram um trato. Ele a levou para a casa dela e na hora da despedida rolou o maior amasso. Coisas combinadas só dão mais vontade.

:: 25.02.2011 ::