No segundo grau eu morava sozinha e, à noite, não sei porque, batia aquela vontade louca de dar. Pensei até em pegar um desconhecido na rua, ou dar para o guardinha do Banestado que sempre encontrava no ponto de ônibus. Então vinha toda burocracia feminina: "e se fico gravida?", "vai que o cara começa a me perseguir", "ai de mim se eu pego uma doença". Resolvia com muita imaginação e dedos molhados, e dormia em paz.
Um dia, no caminho do cursinho, deliberadamente fui pela rua em que um quarentão, na porta de um hotel, repetia que me lamberia todinha. Não deixei. Comecei a estudar na biblioteca pública depois das aulas, e logo no terceiro dia um coroa pediu para eu cuidar das coisas dele. Era desculpa. Depois de repetidos e simpáticos encontros entre as prateleiras me convidou para jantar em sua casa. Imaginei como seria na cama, sua mão me tocaria de leve, me penetraria pela frente e por trás. Mas tinha a burocracia...
E nunca vou esquecer dos dias em que eu saía sem calcinha e de minissaia, me abaixava para mostrar a bunda para os velhinhos jogando damas no Passeio Público. Tem muita menina querendo dar, o problema é que os caras não percebem quando estão taradinhas, quando é só tentar que elas cedem.
(14.08.2003)
3 comentários:
ai, essa burocracia...
Bah "e pensamos que são os homens os safados" rsrs...
Essa burocracia nunca serviu pra nada mesmo, em todo lugar em que é utilizada...
Postar um comentário