quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Indenização trabalhista

Nas reuniões não aceitava quem tivesse opinião diferente, mas não explicitava. Checava todas opções antes de emitir juízo, começava apoiando a opinião contrária e, de alguma maneira, ao final, tinha convencido todos da sua posição. Sempre apoiou e elogiou meu trabalho, mas eu não precisava ser persuadida. Eu obedeceria a todas as suas ordens, realizaria todos os seus desejos.

A marca registrada era o perfume suave, que hipnotizava. E eu sabia que exalava cheiro de mulher quando, frente-a-frente, percebia que admirava meu decote e minhas pernas. Eu não conseguia fingir indiferença. Depois da reunião entrou na minha sala, me empurrou sobre a mesa. Sem ouvir uma palavra, eu cedi, sussurrando obscenidades que nem prostitutas ousariam. Me devorou e, antes de sair, me deu a conta. Aqueles minutos sobre a mesa foram a melhor indenização que eu poderia receber.


:: 14.05.2003 :: Foto gentilmente cedida pela amiga Van Van Drozdz

11 comentários:

Gustavo Martins disse...

O exercício nesse continho foi fazer um "chefe andrógino". Não há referência se é homem ou mulher. Pode reler.

Claro que isso vem muito da leitura de cada um. Como geralmente somos machistas, é quase certeza que você tenha imaginado um chefe homem.

Por isso não nos contivemos e deixamos este comentário. Nem sempre a intenção do autor fica clara...

Anônimo disse...

Uauuu... gostei desse conto..
Até fiquei imaginando a cena, e tambem imagino com um chefe homem sim, mas que nesse jogo os dois acabaram em empate... hummm será que eu não preciso mandar ninguem embora??? rss...

Beijos Gus adorei

Tata disse...

Realmente não há referência de gênero no conto, mas como você mesmo diz a sociedade machista sempre cria seus personagens... inclusive eu...

Anônimo disse...

depois de ter lido o primeiro parágrafo três vezes,sim, confesso, fui machista...
mas logo em seguida eu pensei no teste do dna que faria nove meses depois... rsrssss

Anônimo disse...

nao creio q eu tenha imaginado um chefe homem por ser machista. Mas sendo a narradora uma mulher (como o texto deixa claro ) o mais "natural" seria o chefe ser um homem. Além do mais se a chefe fosse mulher , acho q seria mais sutil e mais suave.

E tenho dito


obs: nunca tive esse tipo de fantasia..deve ser pq na minha area a "macharada" seja feia e desinteressante . Se eu trabalhasse com publicidade e propaganda e tivesse um chefe delicia q nem o Gus, ai, quem sabe, minha fantasias não fossem diferentes???

Anônimo disse...

perverti, pensei numa chefA.
beijo

Gustavo Martins disse...

Bom, hoje não tem post porque vamos esperar mais manifestações sobre o tema.

Sim, sofismamos um pouco no desafio. Geralmente quando se pensa na sedução de uma mulher, imagina-se um homem o fazendo (independentemente de ser chefe ou não).

Mas o bacana é isso. O fato de poder ser uma mulher: "me devorou" no lugar de "me comeu". Sutil?

Leticia disse...

A ambiguidade do texto esta interessante...instiga.

BABI SOLER disse...

Muito criativo!
Confesso que quando li fui machista.

Lilly disse...

aaaah, fascinante.
ainda mais porque, no caso, eu sou estagiária em um escritório trabalhista e me senti dentro dessa história.
:]

beijinhos.

Unknown disse...

Nem tive dúvidas em imaginar a chefe mulher!!! E achei uma delícia isso...