quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A longa jornada (de aprendizado) para o Rock In Rio

Beirando os quinze anos fui seduzido pela promessa de woodstock pós-moderno do Rock In Rio. A família sabia que não adiantava proibir, então o jeito foi dizer que não havia fundos para patrocinar. Apelei para o padrinho lá no interior de São Paulo, que sintonizado com o processo de construção de caráter em andamento lá em casa (sinceramente, não surtiu efeito) propôs que eu trabalhasse no mercado que ele gerenciava.

Mal acabaram as aulas peguei o ônibus Curitiba - Marília com baldeamento Marília - Lins num catajeca daqueles com sacos de hortifrutigranjeiros e galinha viva dentro. Fiquei instalado no conforto da casa do padrinho, mas trabalhando todo dia das nove às seis fazendo de tudo um pouco, principalmente de pacoteiro na frente do caixa, bem naquela época boa que antecede o natal.

A diversão dos colegas era provocar o "bicho de goiaba" (eu era branquela e comprido) a executar tarefas menos básicas, como erguer saco de 30 kg de café. Existe um jeito pra que seja fácil (ou possível), mas eles só ensinavam depois de rir bastante das minhas trapalhadas. Esses momentos foram grandes motivadores dos anos de estudo sério que se seguiram.

Como era passatempo pra mim, eu geralmente ficava por ali todo solícito. Uma senhora bem velhinha e caipira me chamou e disse "Filho, ocê pode me dar uma fuinha?" Eu não entendi e ela repetiu: "Pode me dar uma fuinha?"

Enquanto eu continuava tentando associar que produto remetia àquele mamífero de pequeno porte de cara pontiaguda, um dos colegas mais experientes suspirou fundo, deu uma corridinha, pegou alguma coisa e jogou sobre o balcão. Era um calendário. A velhinha agradeceu com um sorriso sincero e banguela. Eu demorei uns cinco minutos para entender e quase me mijei de rir quando caiu a ficha.

:: 06.08.2008 ::

17 comentários:

Gustavo Martins disse...

Deu pra perceber que demos um jeito de publicar daqui, né? Pois é. Eles proibem e a gente burla. Duro é que é mais demorado.

Mas não conseguimos publicar fotos ainda. Logo chegamos lá.

E pra f... um pouco mais a internet de casa tá com problema.

Gustavo disse...

ahhh adorei seus textos
vou linkar, pode? :D
weuwheuiwehuiwehwuiew
e eu queria uma aventura asim também *--* e eu não entendi de one a velhinha tiro aquele nome, de outra ligua? :o
wuiehwuiehwuieweuiwew

Anônimo disse...

Fuinha... tadinha! Devia ser difícil sair o "folhinha" com poucos dentes.

Agora, bicho de goiaba... :))))

Beijinhos!

Índia Jurema Preta, Bicho véio, Filosofo Fabriciano disse...

Aquele Rock in Rio foi "o bixo da goiaba", agora virou viadagem e nem no Rio é!

Se continuar fazendo incursões assim os MCPs começas a virar "Primeiras Estórias" (Guimarães Rosa).

Um abraço,

Vitinho

Flávia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camilla disse...

Fuinha hauahuahua

Adorei!!

E sério que eles proibiram?? Que gente chata...

Beijos

iaiá disse...

oi bicho de goiaba!
a fuinha foi oootemo!
num me liberaram pro rock in rio nem a pau! restou ver na tv....
bj

Anônimo disse...

Mimij* 1- Catajeca???
Mimij* 2- Bicho de Goiaba??
Mimij* 3- FUINHA!!! hahahahahaha

Agora, du-vi-do que vc tenha vendido fumo de corda.
Eu já vendi, hahahahaha

Beijo

Anônimo disse...

(gargalhadas convulsivas)
(no trabalho, também burlando regras de segurança)
Baita texto, Gustavão: "fuinha" pra calendário, realmente necessita de um certo tempo de aclimatação para entender...
Imagino se alguém daqui destas bandas do Extremo Sul chegasse a ti e pedisse uns "cinco cacetinhos". Tua mente perversa faria associações bisonhas, aposto.

A propósito: podes me passar um e-mail para contato? É que tenho uma proposta (muito decente, que eu sou um rapaz de família!) para te fazer.
Aguardo.

Anônimo disse...

A propósito PARTE II: Mas e aí? Pelo menos você conseguiu ir ao Rock In Rio, né?
Quisera eu já ter nascido nesta época...

Anônimo disse...

Uma moça que trabalhou aqui em casa quando eu era criança gostava de ouvir uma "musguinha" e comer um "pêsgo". Mas a melhor que já ouvi foi de um pediatra que, perguntando à mãe da criança desde quando esta se encontrava doente, respondeu: "ai, dotô, deusde teuça!"

Até hoje nós falamos o "deusde teuça".

Anônimo disse...

Jean chamou Gustavão de "véio", hahahahhaaa
(brincadeirinha)

Gustavo Martins disse...

Pessoal:

Bom registrar que se trata de uma série. Em três partes.

gustavo - leia o comentário d'a senhora logo abaixo do seu, que você entende melhor

mi - nem era pelos dentes. ela falava fuinha mesmo

victor - lembra do adesivo EU V@U? (pra identificar onde ficava a marca do rock in rio coloquei o "@") tem que ver uns adesivos que o pessoal de portugal fez para essa nova versão aviadada (olha o naipe das apresentações de madrid: Carlinhos Brown, Ivete Sangalo, Shakira... só faltou Sandy & Junior):
NÃ@ VOU
NÃ@ FUI
T@U-ME A CAGAR

flavinha - ficamos com o "sistema nelvoso" de ouvir essas coisas

camila - aguarde cenas dos próximos capítulos

iara - quer dizer que é por isso que você é rebelde né?

louise - claro que vendemos, embrulhados no jornal; parecem uns cocozões gigantes e fedem quase a mesma coisa

sobre o véio, amiga, somos como os bons vinhos: melhoramos com o tempo

jean - sabemos que o amigo aí é de família; e dos cacetinhos a gente já sabia; duro é o pão d'água daqui, que parecia uma bundinha; hoje é difícil de encontrar

maria - estamos à cata de uma lista grande dessas barbaridades; publicaremos em breve aqui nos comentários

Anônimo disse...

Bão, não precisamos entender como "chamar de véio"... isto está mais para o fato de eu ter recém saído dos cueiros...

hehehe

iaiá disse...

claro !
sou rebelde assisti tuuudo na tv! fazer oque? pai mineirão i alá me deixar com 14 aninhos ir pro rock in rio?? ma é nunca!

Gustavo Martins disse...

jean - "esses moços, pobres moços, se soubecem o que eu sei"

iara - era ir e ir pra fita quatro anos antes do ocorrido; seu pai foi sábio

Anônimo disse...

Noossa, esse rock in Rio deixou lembranças para todos! Meus primos e eu fechamos a rua na lateral do estádio do coxa, e como não fomos liberados para ir ao rock in rio ( o mais velho tinha 13 anos, eu 11), improvisamos uma festa "cover", onde curtimos á beça aqui em Curitiba mesmo!