terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Saquenagem

Este conto é contribuição de um amigo muito talentoso, que preferiu não se identificar. Deixamos aqui um recado pra ele: caso mude de ideia, é só avisar que corrigimos a injustiça.

— Assaí, não é fruta?
— A fruta é com cedilha. Então, fica no norte, perto de Londrina. Ano que vem, depois da facul, volto pra lá, meu noivo, a família do meu noivo, tem um sítio, nem cinco minutinhos da cidade.
— Tá, mas vai largar a publicidade pra ser dona de sítio?
— Não. Gueixa.
— Hã???
— É. "A kind of", viver para servir. Meu marido trabalha e sustenta, eu o divirto, o mantenho feliz, amanhã ele trabalha e sustenta, a perfeita roda da vida. É pra isso que servem, todos iguais, homens, todos iguais, tanto faz, melhor que seja alguém dócil, e feliz, que sei onde tá o dia todo.
— Cínica. Pra que estudar, então?
— A boa diversão requer inteligência, não? E enquanto ele trabalha, tenho que ter o que pensar né?
— Vais é morrer de tédio.
— Sempre vou poder dizer, larguei tudo, chantagenzinha básica, sabe? Londrina é logo ali, um pulo no shopping, torro o dinheiro dos tomates, ou sei lá do que.
— A gente não se vê mais então?
— Depois não. Por que, gostou?
— Vou te dizer, achei que a "coisa" era mesmo atravessada...
— Bobo.
— Se bem que quando você vira, contorce, aperta, parece mesmo que é.
— Bobo, bobo. Vai me esquecer logo.
— Ah, não, não esqueço, vou lembrar sempre... huum, sashimi... molho de ostra, ó...
— Não, bobo, pare... não... me dá... mais saquê... ai... ai, sim... sim, não pare...

20 comentários:

Flavinha Mel disse...

"- Vou te dizer, achei que a "coisa" era mesmo atravessada...
— Bobo.
— Se bem que quando você vira, contorce, aperta, parece mesmo que é."

Dependendo do ponto de vista, todas as "coisas" são...

Luciene de Morais disse...

E isso existe mesmo... e não depende de gênero não. Algumas pessoas tem um "fator de enganação" pessoal muiiito mais flexível do que seria conveniente aos outros seres humanos.
Muito criativo e realmente talentoso o conto.

Carol disse...

Ele até pode ser bobo. Mas, pelo jeito, parece que é muito bom também!
E ela que não vai esquecer, nem com o efeito da mais devastadora ressaca [seja de saquê ou outra qualquer outra 'espécie'].

Tenho um amigo que queria ser um michê [a kind of], mas apenas para 'servir' algumas mulheres mais bacanas e beeem selecionadas.

Vampira Dea disse...

A maioria das pessoas vivem de pequenas mentiras e chantagens, fingem ser felizes, fingem orgasmos, fingem fidelidade, esses aí do conto estão no padrão. Adorei, só agora me dei conta que nunca bebi saquê.

Anônimo disse...

Notas do Autor, rss:
Obrigado, meu caro.
Pra comemorar, vou tomar um saquê com uma amiga.
Mantenha anônimo, vale mais o mistério.

Altavolt disse...

Putz, Gustavão, este MCP anônimo é muito bom, mas o título é sensacional. Perfeito!

Sweet Toxicant disse...

É. Tem de tudo nessa vida.

Maria disse...

Juro que quando li no tuíter o "saquenagem" pensei num caixa eletrônico que debitou e prendeu o dinheiro... coisas que podem acontecer com o Zé.

É, saquê é bom... hum...

nin@ disse...

Tenho uma curiosidade terrível, mórbida até...saquê é assim tão devastador mesmo??? Ou, é digamos assim, lenda como a de todo o japonês ser "anjinho barroco", rsss
Bj

Anônimo disse...

Experimenta, nin@, experimenta...

Gustavo Martins disse...

Flavinha Mel - olha, tem umas que não apertam, viu?

Luciene / Vampiradea - interessante como vocês se apegaram ao aspecto psicossociológico; em certas culturas não tem como ir contra a maré, o esforço é muito grande; melhor usar do bom e velho pacto da hipocrisia

Carol - 1) de bobo ele não tinha nada; 2) não fala uma coisa dessa que tem leitora que vai te pedir o telefone do amigo

Anônimo Autor - esperamos que o saquê com a amiga tenha terminado em bons lençóis

Altavolt - não é a tôa que o cara é amigo da gente

Sweetox - e vc tem alguma dúvida disso?

Maria - que é isso de só pensar em dinheiro e birita?

nin@ - o anônimo respondeu por nós...

Sweet Toxicant disse...

Hahaha!
Nem um pouco. O que me espanta é que eu ainda me surpreendo... =P

Bjks!

QUERENDO SAIR DESSA FURADA DA SILVA disse...

Estava com 2 dias de casado, passava lua de mel num paraíso afrodisíaco no maranhão que pertencia a minha sogra, no terceiro dia chega na fazenda uma cunhada que eu nem conhecia, trazendo uma amiga a tiracolo, e que amiga, uma morena espetacular, todos os presentes quase ejaculam via globo ocular em cima da visita, inclusive as mulheres, que "ejaculam inveja" uma das outras, também se puseram a deliciar a linda ninfa que adentrava o sobrado, e eu, cínico como qualquer conquistador barato que se prezes tem que ser, a desdenhei e sussurrei no ouvido da minha esposa: - Feia!, aquela simples palavra já me absolvia das perseguições enciumadas que os demais hóspedes casados sofreram, em dois dias de convivência eu e a morena trocamos apenas um olá e um olhar, pronto era o suficiente, agora esperar e armar. Numa manhâ,
fomos todos a uma cachoeira exuberante e todo mundo muito alegre e enchendo a cara, menos eu e a morena, nosso plano mudo começava a ganhar traços, minha esposa bebeu tanto que a cada palavra dela eu ficava bêbado por 2 minutos, na volta, todos bêbados menos eu a morena, o destino é realmente irônico e nesse dia pude perceber a veracidade desse ditado, na casa havia 8 quartos, o da morena era o único que não tinha fechadura, o porque eu não sei, minha mulher caiu na cama para praticamente em coma alcólico, só que induzido, pois eu empurrei cachaça na loca, por volta das 21 horas falta energia na região e todos um a um foram se dirigindo a seus quartos, eu deitado do lado da minha mulher apenas contava o barulho das trancas das portas, quando ouvi o sexto clinc clanc, me levantei pelado e de pau duro pois já pensava na morena a algumas horas, fui pé de pano nu pelo corredor até o quarto da morena, tomei- a em meus braços e ela só teve tempo de dizer um: - vc é louco! e eu disse somente: - xiu! com a mão na sua boca, rasguei a calcinha dela e ela tratou de tirar o sutiâ, foram os 5 minutos de maior adrenalina da minha vida, depois de gozar voltei pelo corredor, e as seis da manhâ do como não consiguira durmir apenas escutei do meu quarto o sorriso dela a conversar com minha cunhada se despedindo e dizendo que foi maravilhoso o passeio que a noite ela escutou um pássaro de um canto muito lindo, safada, e foi embora eu nunca mais a vi.

Gustavo Martins disse...

Sweet tox - Então leia o comentário abaixo do seu e se espante mais ainda

Querendo Sair Dessa Furada da Silva - seu relato me lembrou (deliciosamente) aqueles que a gente lia no Fórum da Ela&Ela; lembra da revista?

então, mas o que chamou a atenção foram os 5 minutos [Boston Medical Group Mode On ==> não deu pra segurar a piada]

claro, tinha o proibido, o medo de ser pego coisa e tal mas... bem que dava pra saborear um pouco mais a frutinha né?

de qualquer modo, OBRIGADO pela contribuição; ficaremos muito felizes se mandar mais

Anônimo disse...

deu um tilt aki e só deu pra postar cokmo anônimo,

então zé

sou o querendosairdessafuradadasilva

concordo plenamente com sua piada, é pq eu num quis "encompridar" mais ainda o texto, mas o que aconteceu foi que eu realmente tava com medo mais muito medo mesmo que alguém se levantasse e fosse até o quarto principalmente minha cunhada, ou a minha sogra, que fossem lá ver se a menina não precisava de alguma coisa, tipo cobertor sei lá, muito medo cara, medo mesmo, mas o tesão falou mais alto,
agora vem a parte ruim
onde novamente eu pude comprovar a veracidade de outro ditado
HA SE ARREPENDIMENTO MATASSE

depois dos 5 minutos na guria, quando eu voltei pro quarto, parecia que tava todo mundo morto, por mais de 3 horas foi assim, não se ouvia nem um cantar de grilo, ai eu me arrependi de não ter ficado, ainda pensava em voltar , mas ai não queria mais arriscar.

valeu, pode ter certeza que continuarei a escrever

ADOREI O BLOG
parabéns
faz tempo procurava algo assim e enfim encontrei

Não sou a cunhada disse...

querendosairdessafuradadasilva,
saia não! logo agora que essa furada ia ficar boa?

me surpreendeu o Zé conhecer este tal de Boston Medical Group. porque bem informado ele não é. a não ser que precise.

Conto de fadas moderno disse...

Walter conhecia este pacto e o defendia:

"O nosso falso amor é tão sincero
Isso me faz bem feliz
Ela faz tudo que eu quero
Eu faço tudo que ela diz
Aqueles que amam de verdade
Invejam a nossa felicidade

O nosso amor é tão bonito
Ela finje que me ama
E eu finjo que acredito"

Gustavo Martins disse...

Querendo Sair Dessa Furada da Silva - amigão, então era o stress mesmo... falando nisso, camisinha nem pensar, né? isto nos remete ao conto "moidinho no suco", que o amigo devia ler. tá no livro. RECOMENDAMOS

de qualquer forma, se a cunhada chegasse, era só convidá-la pra festinha, oras; e como diria nosso amigo zé, "dependendo da sogra..."

ah, sim, e se tivesse tomado metade do que o povo tomou, pode ter certeza que transformaria os 5 minutos pelo menos nuns 45...

não sou a cunhada - EPA! é bom deixar bem claro que não é o zé que responde aqui, mas o autor do blog, o gustavão; que conhece o Boston Medical Group das propagandas que passam todo dia no "bom dia brasil", e pelo que consta no histórico escolar, ainda não precisa

conto de "fOdas" moderno - então, pesquisamos o tal walter (alfaiate); é samba, certo? vamos escutar com carinho

mas o que dá pra adiantar é que TEM MUITO amor assim por aí; aliás, sempre teve, só que antes as pessoas aguentavam mais a infelicidade decorrente do pacto da hipocrisia; o tal "paixonada eu não tô, mas ele é TÃO BOM pra mim..."

Gustavo Martins disse...

em tempo: isso tá nos parecendo uma boa e saudável CONVERSA DE BOTECO

QUERENDO SAIR DESSA FURADA DA SILVA disse...

concordo, dá uma dose desse 12 anos ae