quarta-feira, 16 de junho de 2010

Negão Doce

O segundo representante da Semana das Contribuições é o Edu Passos. O mote desse conto do saiu  de uma brincadeira no Twitter. O autor tem um senso descritivo muito interessante, impresso no blog dele, O Significado é... e, agora, aqu no MCP.

Sem vergonha alguma, até porque não era motivo de provocação ou brincadeira, seu carro é conhecido como Negão Doce. A conotação sexual é inevitável. E é justamente essa maneira de chocar todo mundo que deixa a Bárbara toda orgulhosa.

Falar de uma saga freudiana, que começou com Barbies e Kens na infância, é muito simplista e mentiroso. Afinal, ela jamais gostou de brincadeiras prontas, de plástico, compradas na rua. Bárbara criava jogos, contava histórias e nomes.

Por isso, não interessava se a boneca se chamava Susy, Barbie ou Bebê Pipi. O negócio dela era criar nomes para as coisas. Também não é certo imaginar que essas características faziam com que Bárbara fosse uma personagem da Clarice. Não havia ironia, nem maldade, nem recompensas pela sua mania de nomear as coisas. Ela não era nem a dona do livro, muito menos a magrinha sofredora.

Por falar em sofrimento, já adolescente, Bárbara perdeu alguns namorados porque não resistia ao impulso de impor um apelido mais escandaloso a cada um deles. Às vezes os apelidos ligavam as características de ex e atual. Lá vai o Esse Também não Faz Nada. Nome e sobrenome.

Então, com esse mesmo viés safado é que surgiu o Negão Doce, seu pejozão, como era conhecido pelos amigos. Na verdade, foi uma aposta, uma resposta a um desafio de um grupo de amigos após uma noitada. Duvidaram que ela tivesse coragem de pedir para o frentista limpar bem o Negão Doce.

Dois reais na mão do José e começou o mito. Agora, todos os finais de semana, ela desce até a garagem, liga o som, abre as portas do Negão Doce e pensa na vida. Enquanto a água ensaboada desce pelo ralo, um vizinho imagina na varanda o que Bárbara faz da vida.

3 comentários:

M.M. disse...

Algo me diz que o Zé adoraria dar uma volta no/com o Negão Doce. Ah... e, claro, ganhar um apelido 'carinhoso' da Bárbara! ;)

Por falar nisso, qual seria o apelido do Zé?!

Anônimo disse...

Sucuri

Gustavo Martins disse...

Menina mistérios - docinho, esses anônimos não prestam mesmo, né?