quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como nas cavernas

Nepotismo no MCP. Esse conto é do meu primo Júnior, de Getulina - SP, também conhecido pela alcunha Bun, ops, Dabun. Perguntem para ele porquê. Ele é o autor do blog homônimo, e é um figuraça. Um dia vimos gnomos juntos à beira da praia. Mas isso é outra história. O continho dele aparenta um forte toque autobiográfico, mas deixem que ele se manifeste.

Parece que foi ontem. No início dos anos 90 eu possuía uma vasta cabeleira, encontrava-me entre dezessete e dezoito anos, tudo era fácil, o rosto sempre bronzeado, o corpo que não era hercúleo, mas pelas constantes partidas de futebol, estava sempre em forma, as ideias férteis borbulhando em minha cabeça ativa.

Foi em uma excursão para Sampa que eu a conheci, dentro do ônibus, na ida. Ela não parava de me encarar e eu retribuía em galanteio. Chegando à capital, em um shopping, ela passeava de mãos dadas com um moçoilo, trocando beijos e abraços.

Passeio feito, voltamos ao ônibus e antes de sair da metrópole os olhares voltaram. Como eu não tinha nada a perder, pedi a um colega que me apresentasse a garota. Após trocarmos algumas palavras lembrei que não tinha muito tempo, pois a viagem seguiria em frente. Usei de toda minha criatividade e sutileza:
- Quem era o garoto que estava contigo no shopping?
- Meu namorado, ele mora aqui – ela respondeu.
- Quem, o corno? – eu complementei.

E ela olhando assustada disse:
- Mas eu nunca o traí.
- Mas sempre tem a primeira vez, arrisquei.

Então ela me olhou com um sorriso sem vergonha e disse:
- É, sempre tem.

Voltamos no mesmo banco, trocando mais do que conversas. Ela era bonita, um pouco acima do peso, confesso, mas com um bom papo, inteligente, diria que muito interessante. Pena que depois daquele dia, não nos falamos mais, morávamos em cidades diferentes.

Infelizmente o tempo passou e nunca mais utilizei desse subterfúgio para conquistar outra garota. Conquanto o que mais me entristece em tempos de "fico" é que a rapaziada de hoje não conhece os prazeres da conquista.

10 comentários:

Toninho Moura disse...

Na vida de todo mundo rola um shortbus.

Gustavo Martins disse...

É a mais pura verdade, amigo Toninho

Leandro Fonseca disse...

JURO que, na primeira vez que olhei para o título, eu li "CORNO DAS CAVERNAS". Mas, depois, refleti sobre isso e cheguei à conclusão que não devia haver cornos na época das cavernas, já que cada um pegava a sua mulher pelos cabelos e destroçava a coitada, não dando nem tempo para ela trair ninguém. Sei lá. Devia ser assim naquela época.

Leandro Fonseca disse...

Aliás, "corno das cavernas" é munição para um miniconto, ou não? Não um miniconto perverso, mas um miniconto nonsense.

autor disse...

hahahahahaha
alguns amigos me falaram que se a mulher dá um sorriso depois de uma cantada então é pq 'tá fácil' não sei se concordo mas enfim..
essa do corno é muito boa e muito engraçada!!! deve render bem mais que sorrisos

Luna Sanchez disse...

Péssima técnica, devo dizer. Se a garota já não estivesse a fim (situação na qual qualquer ou nenhuma palavra faria o mesmo efeito), não resultaria.

Acho que merece aí uns 6,5 pela cara de pau.

Rs

ℓυηα

Anônimo disse...

Muito o bom o blog cara, parabéns!

Ragas disse...

Tenho uma história tosca de ônibus, numa viagem daqui de SP para a eterna Blumenau durante o October... O problema é que em determinado momento da viagem não aguentava mais a mina, que era daquelas babacas com vozes insuportáveis... O que fiz para ela não querer mais ficar comigo naquele trajeto e me deixar dormir em paz, certamente é algo dgno de um conto... Quem sabe um dia?

Anônimo disse...

E ai Gustavão, valeu pelo espaço, legal saber que o pessoal está sempre comentando os contos, o que já não ocorre corriqueiramente na Dabun's Page. Pra falar a verdade tenho muitas saudades daquela época, mas a vida de hoje tabém daria altos contos, infelizmente nada perverso, mas da Carochinha.
Abraços!
Pô, os gnomos estão sempre por aqui...

Anônimo disse...

Isso só aconteceu comigo em excursões da escola. Hoje em dia, afasto com minha cara de fresca [cu], rá.

Beijos ú&e =***