Conforme fartamente anunciado nas mídias socias de massa, iniciamos hoje, feriado nacional, a III SEMANA DA CONTRIBUIÇÃO MCP. O conto de partida é do nosso amigo, editor e mentor Zeca Martins. Apreciem e comentem sem moderação, que amanhã (feriado em Curitiba, vejam nosso esforço hercúleo para entreter vocês, leitoras) tem mais.
Ele comia ela, a Ritinha, havia muito tempo. Só ela. Mas enjoou, como acontece com todos os homens que comem muito a mesma mulher. E começou a comer outras, porque assim é que a vida segue seu rumo natural. E, tropeçando em sua própria ingenuidade, só então também descobriu que variar de parceira lhe fazia espantosamente bem. Algumas, é bem verdade, o decepcionaram (tipo a mulher-cadáver, aquela que deita, abre as pernas e fica olhando pro teto) ou o assustaram (tipo a mulher-buscapé, que solta fogo pelo rabo e fica pulando pra todo lado, fazendo as maiores loucuras). Mas, na média, a variedade lhe fez muito bem. Bem o suficiente pra dispensar a Ritinha de vez, com um solene tchau, amore. Sem qualquer aperto no coração.
Claro que a Ritinha, como faz toda mulher que é comida por muito tempo e depois abandonada, indignou-se. Veementemente. Deu porrada na cara dele, teve chilique no meio da rua, confidenciou para toda vizinhança que ele broxava, e todas essas coisas de mulher rejeitada.
Puto, ele até pensou em matar a Ritinha, mas “puta, meu, ficou maluco? Tira essa merda da cabeça, rapaz!” Que nada, nada disso de violência, decidiu.
Mas urgia se ver livre dela. Pensou, pensou, pensou... batata! O Renatão é chegadão na Ritinha, já deu bandeira que morre de tesão por ela. E agora tá trabalhando de crooner na banda que se apresenta num transatlântico.
“Alô, Ritinha? Serei objetivo: quero me reconciliar com você. Não fala nada agora. Fala tudo o que você tem para dizer lá no navio, que a gente vai viajar. É, comprei passagens para um cruzeiro romântico. Topas? Beleza!”
No dia da viagem, levou-a de mãos dadas até lá dentro do navio. Encontraram o Renatão. Pediu-lhe que levasse a Ritinha para conhecer o navio, ver o mar lá da proa, igual à cena do Titanic, que ele só ia resolver uma coisinha e já os encontrava.
Não encontrou. De pé, no cais do porto, ficou olhando para o navio que se afastava, com a Ritinha lá dentro. Próxima parada, Singapura. “Boa sorte, Renatão!”
Voltou pra casa feliz, com cara de Gene Kelly em Cantando na Chuva, e postou uma frase filosófica em seu blog: Melhor se livrar bonito da mala do que carregá-la sem alças.
8 comentários:
Perfeita descrição dos sentimentos masculinos e deduções do feminino, acho eu. Ótima história!
Parabéns pela contribuição.
ps: quando vai rolar um vídeo-conto? Pode usar um lá do Fosforilador.
http://fosforilador.blogspot.com/
Incompetência dele, falta de jeito, de manha. Em qualquer jogo em que abre-se mão das cartas no tempo errado, ferra-se no final. Se teve trabalho dobrado para despachar a Ritinha foi porque não soube fazer a coisa direito.
Muito bom o texto, gostei.
ℓυηα
se se importou tanto em dar um "fim" nela ou pra ela, é porque o mal resolvido o incomodava... seria por compaixão ou por remoroso e não ter coragem de ser somente dela.
enfim. prudente. rs
bjsssssssssssssss
Tá, quer dizer que a Ritinha se livrou do mala e ainda ganhou um cruzeiro? Mas não era para ela sair perdendo?
Edu - vamos roteirizar um pra você e vamos ver no que vai dar, aguarde-nos
e... sim, uma frase como esta "E começou a comer outras, porque assim é que a vida segue seu rumo natural." descreve perfeitamente os sentimentos masculinos
Luna - nossa, você foi taxativa hein? tadinho do protagonista
Menina Fê - é... um "tchau, amore" é lacônico demais
mas olha, em geral uma conversa mais longa só adia os chiliques viu?
Toninho - aparentemente não
A Ritinha se deu super bem!
Adorei - imagino a cara dela no navio quando se deu conta da situação!!
preciso repensar meus chiliques...
"Tadinho"?!
Não tenho pena de homem burro, não. E dos inteligentes, como não merecem isso, também não tenho.
Logo...
ℓυηα
Lia - isso, repense MUITO BEM seus chiliques; e APAREÇA
Luna - Não canso de repetir: VOCÊ É CRUEL
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