As bordas vermelhas denunciaram ao dermatologista que realmente se tratava de um "maligno". Ele requisitou uma biópsia há quatro meses, mas me abstive de fazer. Não faz diferença saber, não há motivo para extirpar Dagmar. Isso me abre grandes perspectivas, principalmente a de não ter mais medo e a de deixar de lado minha avareza. Traduzindo, Dagmar será meu grande companheiro na nova aventura de fazer tudo que der na telha e aproveitar em grande estilo até meu último centavo.
Tem muita lógica nisso. Tenho vários amigos, mas eles todos andam tão pacatos e inertes ("Estão amadurecendo, coisa que você devia fazer", já me disseram), numa linha de conforto absurda que os afunda justamente na tendência natural do ser humano ao descanso eterno. Ou seja, o corpo pede e eles aceitam se acomodar em direção ao "leito de morte". Aí entra Dagmar como companhia fiel. Porque deixar o melanoma se espalhar e passar tardes ensolaradas de sábado na frente de uma televisão são atitudes muito parecidas, mais do que você possa pressupor.
:: 27.01.2010 ::
12 comentários:
Enquanto "a musa" não traz uma solução plausível para o perrengue Maçarico x Maçaneta, e para não deixar as amadas leitoras e os caros leitores na mão...
vc resolveu criar um/a companheiro/a para passar o tempo...
não?!?!
é
me parece que por 2012 ou pelo melanoma..
o negócio agora é comer e se não gostou cospe
[mas tá, beeem mais legal se o motivo tem um nome. bem mais legal]
Companheira fiel essa.
Medo
Desculpa para fazer tudo que der na telha e com uma companhia perfeita, essa vai até a morte com ele.
jils - nós? não... o personagem/narrador do conto é que fez; e... sim, um daqueles companheirinhos com quem a gente fica conversando que só a gente vê quando está sozinho
cassiana / vampiradea - autodestruição é pouco, babes
noh - TENHA
só pra constar, "a musa" passou por aqui e nos presenteou com o desenlace da trama maçarico x maçaneta; sensacional; mas agora este já está no ar, portanto, amadas leitoras e abjetos leitores, MORRAM DE ANSIEDADE
Um dos melhores contos que já li. Gosto da mistura e da intensidade.
Quase triste o personagem/narrador 'precisar' da [o] Dagmar para fazer o que der na telha, para abrir perspectivas e perder o medo.
Quase porque, triste mesmo, é perceber que algumas pessoas optam pelo descanso eterno, em vida. Isso sim, dá medo.
Quanto à lógica, nem se discute. Concordo em todos e com todos os meus sentidos.
Formas e formas de morrer, só escolher.
Gostei, moço.
ℓυηα
a principal diferença é que a tv pode ser desligada a qualquer momento.
Parece mesmo que vivemos no universo dos descartáveis.
Interessante!
carol - NA VIDA? poxa, assim a gente não "se aguenta em si"; isso de perder o medo é uma arte, bela; para poucos
Luna - que bom, bela; ainda mais que desta vez sua inocência não se chocou!
Maria - a tv pode ser desligada; o crack pode ser deixado de lado; e os cigarros, bem, é só parar
almoço hoje?
Eraldo - inclusive a vida, querido; compra-se na gôndola do supermercado e a embalagem, assim que sacada, dá pra jogar logo ali (mas de preferência separando os mkateriais para reciclagem)
Só vc mesmo, não cansooo nunca!!!
rsrs de t lerrr....lerrrr
bjinhus lindo
Lelli
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