quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Samba

A proposta do pessoal do Uma história várias mãos é escrever contos todos juntos pelo MSN. Isso mesmo. O mundo digital é uma grande sala sem paredes. Este que dá continuidade à V Semana da Contribuição MCP foi escrito por Caio Lima, Eduardo Passos, Grazielle Aleixo, Milena Soares e Stella Santos. O que poderia dar um samba do criolo doido resultou num continho bem interessante e coeso. Apreciem!

A roda de samba teve fim. Dois paradoxos. O primeiro porque imaginamos que tudo que é redondo não termina. O segundo foi o próprio término do sambão. O churrasco do Aldemar tinha cerveja de sobra. A festa rolou ao som de muita música e carne, às vezes bem, às vezes mal passadas. Nem todo mundo foi embora sabendo o que fez o samba morrer. Ciúmes.

Aldemar amava Rosa, que por fim também amava Aldemar. Mas vinha sentindo uma mudança. Não sabia se o clima, se o vento invertera a direção ou se a música tocava diferente ultimamente. Só se sabia estranha. Algo em seu corpo parecia o rejeitar subitamente, o que só amenizava com algumas cervejas. Ah, como vinha bebendo ultimamente! Naquele dia, ali, no samba, ela percebeu-se olhando para um dos músicos.

Era um moreno alto, esbelto, de olhos verdes e penetrantes. Tão penetrantes que pareciam invadir a alma de Rosa num simples golpe de vista. De certa forma, aquele olhar reunia nela um misto de vergonha, de medo e de tesão, sensações que há muito não sentia nos olhos frios e autoritários de Aldemar. Aliás, de Aldemar, nos últimos tempos, só tem recebido olhares de indiferença.

Rosa já tinha bebido um pouco a mais e, mesmo sabendo que Aldemar estava por lá, resolveu se engraçar com aquele moreno que lhe provocava arrepios. Chegou no meio da roda e sambou como nunca mais tinha sambado pro Aldemar. Logo ela recebeu olhares do Jair, que já cantava com mais sensualidade. Jair largou o microfone, levantou e os dois pareciam estar completamente sozinhos na roda, se sentindo.

Aldemar estava feliz. Seu corpo pulsava ao ritmo do samba. Ele sorria olhando os amigos e aquela linda morena a quem amava, a seu jeito. Rosa estava especial aquele dia. A morena dançava como nunca, rodopiante e sensual. Excitava-o tê-la ao lado. Seu corpo, sorriso, suor, seu olhar. De repente percebeu que Rosa também sorria. Um sorriso apontado noutra direção. Na outra ponta do olhar da Rosa, Aldemar viu um Jair e um cavaquinho.

8 comentários:

Anônimo disse...

♪ Enquanto ela samba
As outras ficam do lado de fora
E quando ela pára
O samba se acaba na mesma hora ♫

http://letras.ms/1mFA

bjs meus

M.M. disse...

Edu, ficou muito bacana! Espero que um dia consigamos nos encontrar no msn, gostei da proposta e quero participar sim! =)

Caio, Edu, Grazielle, Milena e Stella, parabéns!

***

Parece que, para alguns, o samba e a roda continuaram mesmo depois do fim. ;)

"Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã" Chico

MeninaMisteriosa

"

Sumida do Cafundó disse...

"O mundo digital é uma grande sala sem paredes" - a pedra no sapato do autor do blog, ultimamente.

Conto legal. Parabéns aos autores.

Panul disse...

Adorei a idéia de escrever à várias mãos, show!!!

http://odiariosecretodeumamariposa.blogspot.com

Sr. Apêndice disse...

Para uns, o amor é um tango. Para nosso Aldemar, como já previa a vida, um samba. Mas que descompassada hein? Hehehe...

Duas coisas:

1) Quero um livro do MCP! Como faço para adquiri-lo?

2) Também quero contribuir com um MCP!

Abraços

Francisco Hélio Sena Brito disse...

Maravilha!

Eduardo Passos disse...

Menina Misteriosa, vamos fazer um conto sim, mas estou esperando passar um tempo porque estou ainda sobre o impacto do Cisne Negro.

Pra quem gostou do Samba, passem lá no Uma História, Várias Mãos. Tem mais história feita no msn sem fio lá.

Beijos e abraços, uma questão de preferência.

Eduardo Passos disse...

Dita, se quiser entrar pra equipe do Uma História..., me procura no twitter (@edu_passos).