
O Cine Avenida ficava na Boca Maldita, ponto máximo de afluência da famosíssima Rua das Flores em Curitiba, num prédio histórico. Local movimentadíssimo num sábado à tarde, e como naquela época eles não tinham adquirido o traquejo da cara-de-pau, foram morrendo de vergonha de serem "flagrados". Para piorar tinha a maior fila na entrada, formada em sua maioria por adolescentes espinhentos — impressionante como as notícias corriam no boca-a-boca aquela época!
Sentaram ansiosos esperando o começo. Para esculhambar o Zé caso tivesse que ir ao banheiro, o pessoal o isolou no meio da fileira. Pelo outro lado veio chegando outra turminha, e não é que uma bonitinha senta bem do lado dele? Foi aquela tensão.
O filme começou, a historinha era engraçada, e entre os rárárá e hehehe o Zé e a mocinha começaram a roçar braços e pernas, mão pra cá e pra lá, tudo muito de leve e acidentado (lembre, éramos grandes cabaços), mas nenhuma palavra ou beijo trocados até o final do filme.
Quando entraram os letreiros e o pessoal começou a levantar na maior decepção (estão até hoje esperando as cenas pornôs) o Zé, num ímpeto, pediu o telefone da bonitinha. Em meio aos "AAAAAAAA" dos amigos ela falou o número.
No dia seguinte, na hora de ligar (atenção, naquele tempo eram só telefones fixos) caiu a ficha de que faltou uma coisinha importante chamada NOME. Como iniciar a conversa sem saber se era ela ou não? Dizer algo do tipo "oi, era você que eu estava bolinando no cinema?" Foram umas dez tentativas dias a fio, com a indefectível desligada na cara atendesse quem atendesse. Um affair que começou e terminou no cinema.
:: 29.09.2008 ::